Local se mantém com doações e assistência de voluntários; veja como ajudar.
Entidade atende 530 pessoas entre pacientes soropositivos e suas famílias.
Motivada pela morte de um amigo vítima de Aids, uma freira irlandesa decidiu criar um local de apoio às pessoas que possuem a doença, em Goiânia. Há 21 anos, Margaret Hosty – ou apenas Irmã Margareth – abriu o Grupo Aids: Apoio, Vida, Esperança (Aave), que atualmente funciona em uma casa do Setor Cidade Jardim. Todas as despesas são pagas através de parcerias e doações feitas por voluntários. Todo tipo de ajuda é bem vinda à Organização Não Governamental (ONG), que acolhe 530 pessoas, entre soropositivos e suas famílias.
O G1 Goiás publica este mês uma série de reportagens sobre como ajudar instituições de caridade de Goiás.
Com uma programação variada de cursos e serviços, o foco do grupo, segundo a freira, é conceder uma oportunidade aos pacientes, vítimas de preconceito por conta da doença. “Nosso objetivo é empoderar, fortalecer as pessoas para que elas possam cuidar de si mesmo”, explica, com o sotaque irlandês carregado, a Irmã Margareth, que atualmente coordena o Aave.
Os integrantes do grupo têm acesso a atividades diárias como cursos de culinária, artesanato e informática, além de terem à disposição terapeutas, psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e advogados para auxílio em questões jurídicas. Há ainda palestras na área de direitos humanos e auxílio espiritual.
De acordo com a presidente do grupo Maria Suely de Sousa Marinho, a principal dificuldade é financeira. “Precisamos de alimentos não perecíveis, pois damos lanches aos pacientes, e produtos de limpeza em geral, mas, principalmente, ajuda financeira para arcar com as despesas da casa, que somam cerca de R$ 35 mil mensais”, explica.
Da Irlanda para Goiânia
Margaret fazia parte do grupo de Congregação Irmãs de São Luiz, originário na França. Ela afirmou que sempre teve vontade de trabalhar na América Latina e, há cerca de 30 anos, chegou ao Brasil. Foi para o Tocantins, depois Brasília e, enfim, Goiânia.
A idéia de lançar a Aave surgiu em 1995. Na ocasião, ela havia perdido um amigo vítima da doença. “Ele trabalhava comigo quando contraiu o vírus. Eu o acompanhei no hospital, mas ele não resistiu. Então pensei que tinha que fazer alguma coisa, porque eu mesmo sabia muito pouco sobre Aids. Me interei e, menos de seis meses depois, abrimos a casa”, conta Margaret.
Ela presidiu a entidade até 2015, quando passou o comando para a amiga Suely. Formada em assistência social, ela se divide entre os cuidados com o grupo e com a família – é casada, tem uma filha de 3 anos e está grávida de sete meses.
Suely ressalta a importância do trabalho realizado. “Muitas famílias não sabem que essas pessoas têm o vírus. O preconceito é muito grande pela doença, pelo fato de alguns serem homossexuais e também de classes sociais mais baixas. É uma forma de acolher para fazê-los se sentirem melhor”, destaca.
Segunda família
Várias das pessoas que frequentam a casa encontraram nas atividades e, principalmente, nas pessoas uma força a mais para enfrentar a doença. Uma dona de casa de 48 anos, que prefere não se identificar, revelou que mudou seu estado de espírito depois que começou a participar do grupo.
“Aqui é muito bom, agradeço a todos eles, são minha segunda família. O que os meus pais não puderam me dar, eu recebo aqui. Vou embora sempre feliz e tranquila”, elogia ela, que está, inclusive, aprendendo a ler no local.
Mas nem sempre foi assim. A mulher soube do diagnóstico há 5 meses e revela que desmaiou quando foi informada durante exames de rotina para o tratamento de diabete, pressão alta e problemas renais. Mãe de três filhos e vivendo há 11 anos com o atual companheiro, ela diz que se surpreendeu com a atitude da família.
“Cheguei em casa naquele desespero, achando que todos iam me abandonar. Mas foi exatamente o contrário. Todos me deram muito apoio. Não escondo de ninguém que tenho a doença. Se querem ficar perto de mim, ótimo”, destaca.
Outra dona de casa, de 41, anos, sente o mesmo prazer em estar na Aave. Também sem revelar a identidade, ela lembra que descobriu a doença em julho de 2001, fruto de, como ela mesma classifica, uma “vida degenerada”. “Venho para cá e saio melhor, me sinto bem. É um lugar para renovar as forças. Levo outra energia para casa”, comemora.
Grupo Aids: Apoio, Vida, Esperança (Aave)
O que doar: alimentos, produtos de limpeza e dinheiro.
Onde doar: Rua Iporá, qd 19, lt 15, nº 170, Bairro Nossa Senhora de Fátima, Cidade Jardim.
Informações: Telefone (62) 3271-4510 / 1993; email – aave@grupoaave.org; site – grupoaave.org
Fonte:g1/go