Problema é causado pelo uso diário de fones de ouvido, o que pode gerar surdez precoce.
Novembro é o mês de lembrar os riscos do zumbido nos ouvidos, um mal que atormenta a vida de muita gente e que pode estar relacionado à perda de audição. E com o dia a dia cada vez mais barulhento, as dificuldades de audição não atingem mais apenas os idosos. Surdez também é um problema de gente jovem. E a comprovação disso está no aumento do índice de zumbido entre os adolescentes, um dos sintomas da perda auditiva. Foi o que constatou a pesquisa “Prevalência e causas de zumbido em adolescentes de classe média/alta”, realizada por pesquisadores da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
O zumbido vem atingindo os jovens principalmente em razão do hábito de usar diariamente fones de ouvido. Há uma relação direta entre eles escutarem música em volumes ensurdecedores e o zumbido. A fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas, ressalta que os males à audição causados pelo uso frequente dos fones podem variar, mas é preciso estar atento.
“A perda auditiva tem efeito cumulativo, vai se agravando ao longo do tempo. Dependendo da frequência, do tempo de exposição ao som elevado e da predisposição genética, o indivíduo pode sofrer danos auditivos cada vez mais severos, de forma contínua e elevada ao longo da vida”, explica a fonoaudióloga, que é especialista em audiologia.
Durante a pesquisa, foram feitos testes auditivos em 170 adolescentes na faixa de 11 a 17 anos. Entre os que participaram da análise, 95% relataram ouvir música com os fones. Desses, 77% assumiram que deixam o volume alto. E ao serem questionados se já tinham tido zumbido nos últimos 12 meses, 54,7% disseram que sim. Destes, 51% relataram que sentiram zumbido logo após usar fone de ouvido por muito tempo ou ao saírem de um ambiente muito barulhento.
Testes auditivos também revelaram que 28,8% desses adolescentes sentiram zumbido em níveis comparados aos de adultos. O mais alarmante é que esses jovens disseram não se incomodar com o ruído e, por conta disso, não relataram o problema a seus pais, nem procuraram ajuda médica.
“Quanto mais cedo for detectada a perda auditiva, melhor. Recomendo a todos que usam fones de ouvido que façam uma avaliação chamada audiometria. É o exame que revela se o paciente já tem perda auditiva e como deve proceder, a partir daí, para evitar o agravamento do problema”, aconselha a fonoaudióloga da Telex.
Existem hoje no mercado fones mais confortáveis, tipo conchas; e os que promovem maior isolamento dos sons externos por meio de almofadas extras confortáveis, que é o caso dos headphones. Investir nessa tecnologia é fundamental, uma vez que esses fones permitem maior isolamento do barulho ambiente, possibilitando que se escute a música em volume mais baixo, o que reduz os riscos de perda auditiva.
“O problema relacionado ao uso de fones de ouvidos está ligado ao volume e ao tempo diário em contato com o som . A exposição ao som intenso e frequente acima de 85 decibéis ppode provocar danos irreversíveis à audição com o passar do tempo”, enfatiza Isabela Carvalho.
A verdade é que se os adolescentes continuarem se expondo a níveis muito elevados de ruído, acima dos 85 decibéis, poderão começar a apresentar perda de audição muito cedo, entre 30 e 40 anos. Intensidades de 80 a 90 decibéis já aumentam o risco de uma lesão na cóclea – órgão dentro do ouvido responsável pela audição.
Porém, a boa notícia é que tanto o zumbido quanto as perdas auditivas leves à severas podem ser amenizadas com o uso de aparelhos auditivos. E o design moderno e confortável dos aparelhos estão ajudando a derrubar possíveis resistências e preconceitos.
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