Percentual de vacinação está abaixo da média nacional.
As forças de segurança e salvamento de 11 estados, incluindo o Tocantins, não conseguiram alcançar a média de aplicação da primeira dose equivalente à do restante da população.
Nesses estados, a quantidade de policiais civis, militares e bombeiros vacinados com a primeira dose contra a Covid-19 está abaixo de 81%, porcentagem atual da população geral acima de 12 anos que já recebeu ao menos uma aplicação de imunizante.
Segundo os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a estimativa é que existam 773.896 membros de forças de segurança e salvamento atualmente no Brasil. Contudo, 76.283 trabalhadores dessas áreas ainda não procuraram os postos de vacinação, segundo os registros até o dia 4 de outubro, o que representa 9,85% do total.
No Tocantins, por exemplo, a porcentagem de vacinados com 1ª dose é de 73,2%. Isso significa que 26,8% dos profissionais das forças de segurança não tomaram nenhuma dose contra a covid-19. Já o percentual de vacinados com 2ª dose está em 66,1%.
Um dos grandes problemas dessa situação é que esse contingente de não vacinados trabalhando nas ruas sem imunização coloca em maior risco de contágio os colegas de profissão e a população em geral. Foi para evitar essa ameaça à saúde dos próprios agentes e dos cidadãos que as forças de segurança e salvamento foram incluídas como prioridade na vacinação.
Na pior colocação do ranking, o Maranhão tem apenas 45% dos membros de segurança e salvamento vacinados. Segundo a Secretaria de Saúde do estado, somente 10.230 dos 22.723 integrantes buscaram a imunização contra a doença.
No Acre, na Paraíba e no Paraná, um pouco mais da metade dos empregados nas duas áreas procurou os postos de vacinação, com 51,7%, 53,2% e 53,1% de membros que tomaram ao menos uma dose, respectivamente.
Amapá (66,2%), Santa Catarina (68,9%), Piauí (79,7%), Rondônia (74,3%), Roraima (73,6%) e Rio de Janeiro (72,2%) também compõem a lista das unidades federativas que ficam abaixo da média nacional de vacinação.
O levantamento foi realizado pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles.
Para o doutor em administração pública e governo (EAESP/FGV) e associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública Alan Fernandes, os dados obtidos revelam a realidade dos quartéis brasileiros, em grande parte influenciados pelo negacionismo contra a vacina e ciência e aliados à ideologia do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
“As informações vindas do governo federal são muito consumidas por esse público. E temos o maior líder político do país com esse discurso. Então para eles não é fake news, isso é verdade”, explica o especialista.
Para Fernandes, entretanto, também faltaram medidas estaduais para conter a baixa adesão, como a obrigatoriedade imposta em alguns locais no país. “A questão pública de saúde é maior que a questão individual. E se você não consegue fazer uma gestão sobre essa população, que está no funcionalismo público, me preocupa esse cenário na população em geral”, diz Alan Fernandes.
AF Notícias.