Jovem de 18 anos é ex de uma das agressoras; ato foi registrado em vídeo.
Ele alegou que não tem nenhum envolvimento com as agressões.
O jovem de 18 anos que, segundo a Polícia Civil, seria o pivô da tortura de uma garota, de 14, prestou depoimento na quinta-feira (6), em Trindade, Região Metropolitana de Goiânia. De acordo com as investigações, ele é ex-namorado de uma das quatro menores, com idades entre 13 e 16 anos, que agrediram a vítima e filmaram o ato, que teria sido cometido por ciúmes. Todas estão apreendidas. A delegada Renata Vieira, responsável pelo caso, afirmou que ele está espantado com a situação.
“A principio, ele demonstrou indignação. Disse que não tem nada a ver com a situação e que para ele foi uma surpresa muito grande o nome dele ter sido vinculado a uma situação dessa. Disse que não tem condições nem de ver os vídeos porque não teve coragem”, destacou.
Ainda de acordo com Renata, o rapaz confirmou que manteve um relacionamento curto com uma das agressoras. Relatou também que estava ajudando a vítima a organizar sua festa de 15 anos, mas nunca teve nenhum envolvimento com ela a não ser de amizade.
O jovem revelou que está sendo ameaçado. “As pessoas estão relacionando o nome dele ao fato delituoso. Ele está indignado com isso. Não sabia nem que estavam o envolvendo porque fazia tempo que ele não falava com as agressoras. Não existe nenhuma relação [dele com o crime]”, afirmou a delegada.
Outros depoimentos
Além do jovem, a polícia também ouviu as mães das agressoras. Elas também afirmaram que estão sendo ameaçadas e, por medo, resolveram se mudar da cidade. Uma delas afirmou que não tem culpa pelas atitudes da filha.
“Eu, mãe, não tenho culpa do que minha filha fez. Sei que ela está errada, mas ela está pagando pelo erro dela”, pontuou.
Uma das menores chegou a lamentar porque o grupo não matou a rival. “Todo mundo aqui estava com raiva dela. Porque ela não gosta da gente por causa desse negócio de namoradinho. No nosso pensamento, íamos bater nela, ela ia morrer e nós íamos enterrar ela. Só que aí não deu certo porque nós somos frouxas, sabe. Nós não damos conta de começar o serviço e terminar”, disse.
Já a mãe da vítima disse que não perdoa as agressoras. “Elas vão sair pior do que entraram. Aí elas vão matar não só a minha filha como qualquer outra que olhar para elas de cara feia. Não tem perdão uma coisa dessas porque isso aí é desumano”, desabafou a mulher, que prefere não se identificar.
A polícia recuperou na residência onde a tortura aconteceu a pá usada para cavar a cova onde a menina seria enterrada, além de alguns fios de cabelo da vítima que foram arrancados durante a sessão.
Agressões de pau e facão
A menina foi atraída para a casa de uma das suspeitas na última quinta-feira (29) sob o pretexto de que haveria uma festa no local. Ao chegar, ela foi esfaqueada e agredida com pedaço de pau e um facão em uma sessão de tortura que durou quase 4 horas. As quatro menores foram apreendidas e encaminhadas para centros de internação em Goiânia e Formosa, no Entorno do DF.
A menina foi auxiliada por uma mulher, que assistia a um programa de televisão quando foi surpreendida pelos gritos da vítima. Ela olhou pelo muro e viu a menor machucada.
“Minha filha ajudou ela a pular o muro. Coloquei ela para dentro e tranquei as portas porque não sabia se tinha alguém atrás. A minha intenção foi ajudar. Mandei minha menina chamar a mãe dela na casa dela”, declarou a mulher, que prefere não ser identificada. Em seguida, a adolescente foi levada de carro para um hospital.
A testemunha conta que se assustou com a agressão. “Nossa, a gente fica num susto tremendo. Isso não é coisa que se faça com ninguém. O que tem na cabeça de uma pessoa dessas?”, questiona.
Fonte:g1/go