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Risco de ruptura do silicone durante a mamografia é baixo, mas existe

O risco da ruptura existe, mas é raro e restrito ao implante encapsulado, velho e desgastado, de acordo com especialistas ouvidas pela Folha. Hoje em dia, a prótese não tem prazo de validade e é trocada se necessário.

ATRÍCIA PASQUINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O medo de estourar a prótese de silicone durante a mamografia é comum entre as mulheres com a prótese.

O risco da ruptura existe, mas é raro e restrito ao implante encapsulado, velho e desgastado, de acordo com especialistas ouvidas pela Folha. Hoje em dia, a prótese não tem prazo de validade e é trocada se necessário.

“Nós recomendamos às mulheres com prótese de mama que façam um check-up normal. O ideal é um exame de imagem uma vez ao ano para ver as características e a integridade da prótese. O mesmo exame vai olhar se há lesões na mama”, afirma Patricia Marques, cirurgiã plástica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

A médica reforça que a preocupação com a prótese não deve ser prioridade, mas sim a detecção do câncer de mama.

“É fundamental ir ao ginecologista e realizar os exames que ele pedir. Precisamos fazer rastreamento do câncer de mama, porque ele é muito comum nas mulheres e agressivo”, aponta a cirurgiã plástica.

Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto na Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa essa posição.

No país, excluindo os tumores de pele não-melanoma, a doença é a mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas no Sul e Sudeste. Para o ano de 2022, foram estimados 66.280 novos casos.

A mamografia em quem possui prótese de silicone pode ser realizada normalmente. O procedimento não interfere na qualidade ou segurança do resultado.

Quando não há o implante, são feitas quatro incidências, duas de cada lado. Nas pacientes siliconadas é feita o dobro de radiografias -as básicas e outras quatro com uma manobra denominada Eklund.

“Nessa manobra, a técnica de radiografia traciona o tecido mamário para a frente, dá uma empurradinha na prótese para trás e tenta colocar no mamógrafo somente o tecido, sem a prótese. Essas incidências adicionais servem para conseguirmos enxergar melhor o tecido mamário tirando o silicone do campo”, diz Flora Finguerman, médica radiologista com especialidade em diagnóstico de mama, do Alta Diagnósticos, da rede Dasa.

Se o implante for recente, a orientação é aguardar seis meses para a realização do procedimento. Em substituição, o médico pode pedir um ultrassom de mama – mas somente neste caso.

Lilian Fiorelli, ginecologista especialista em sexualidade feminina e uroginecologia pela USP (Universidade de São Paulo), reforça que a mamografia é o exame mais importante para a detecção do câncer de mama.

“A ultrassonografia não substitui a mamografia, mas vem para complementar, porque consegue auxiliar na detecção de alguns nódulos. Às vezes, na mamografia aparecem algumas imagens que causam dúvidas se é nódulo ou cisto, e o ultrassom consegue identificar porque vê cores diferentes entre eles. A ressonância também ajuda, mas não detecta algumas lesões. Ela pode ver coisas que a paciente não procura”, afirma Fiorelli.

Caso a mulher tenha algum nódulo palpável ou alguma queixa, a mamografia é feita mesmo caso a colocação da prótese seja recente. É imprescindível que a técnica em radiologia saiba da existência do implante.

“Tem duas perguntas que as mulheres fazem com frequência: a presença do silicone aumenta o risco de ter câncer de mama? A resposta é não. E a outra é se o silicone pode prejudicar a mamografia. Normalmente não, justamente porque fazemos mais incidências”, aponta Finguerman.

“Cada mulher é diferente. Às vezes, ela tem pouco tecido e coloca um silicone que ocupa toda a área da mama. Fica até difícil fazer a manobra. Nesses casos, quando não conseguimos enxergar bem o tecido na mamografia, sugerimos complementar com ultrassom de mamas, por exemplo”, finaliza a radiologista.

Em relação ao autoexame, as especialistas disseram que o silicone não impede a eficácia do procedimento, pelo contrário contrário. A prótese facilita a apalpação, pois empurra a glândula mamária para a frente e ajuda a evidenciar a presença de nódulos ou alterações.

“Orientamos a paciente o autoconhecimento. Ela precisa saber como é a sua mama. A partir do momento que você colocou prótese e apalpa a mama, conheça como é a região. Isso facilita identificar alguma alteração”, orienta Fiorelli.

SILICONE E DOENÇAS MAMÁRIAS
Patrícia Marques afirma que a prótese pode ser um fator desencadeante de doenças, como a do silicone ou Asia (Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvantes), e o linfoma anaplásico de células gigantes.

Autoimune e inflamatória, a Asia tem como sintomas dor articular e no corpo, cansaço, distúrbios no sono e perda de cabelo, entre outros. As manifestações aparecem após colocar o silicone.

O linfoma anaplásico de células gigantes forma um acúmulo de líquido inflamatório ao redor do implante. É uma doença rara com índices de cura superiores a 90%, mas ela depende, porém, do explante da prótese.

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