Inquérito da operação Reis do Gado foi concluído pela Polícia Federal. Governador Marcelo Miranda não foi indiciado, mas ainda está sendo investigado em outro inquérito da PF.
O inquérito da Operação Reis do Gado foi concluído pela Polícia Federal e está nas mãos do vice-procurador geral da república em Brasília (DF).
A investigação apurou fatos dos dois primeiros mandatos do governador Marcelo Miranda (PMDB). A PF indiciou 17 pessoas, entre elas o pai do governador, Brito Miranda, o irmão, José Edmar Brito, e a irmã Maria da Gloria. Além da cunhada Marcia Pires Lobo e o empreiteiro Luiz Pires.
A Polícia Federal quer que eles sejam condenados por lavagem de dinheiro e corrupção. Isso porque teriam recebido propinas de empresários que tinham contratos com o governo.
O governador não foi indiciado, mas ainda é investigado em outro inquérito da Policia Federal que uniu as operações Reis do Gado e Ápia. Brito Miranda negou as acusações no dia em que foi levado para depor.
No relatório final da operação, a Policia Federal aponta que a casa do governador e da irmã dele teriam sido construídas pela Feci Engenharia ltda, em troca de contratos com estado.
A empresa é dos sócios Alex Peixoto dos Santos e José Miguel Santos Peixoto. Eles foram presos e liberados depois de pagar fiança.
A polícia também citou o presente do empreiteiro Rossine Aires Guimarães, um cheque de R$ 40 mil, para bancar despesas da festa de 15 anos da filha de Marcelo Miranda. A doação foi em 2010, após ele ter o mandato cassado.
Mesmo assim, os investigadores acreditam que o governador vinha recebendo benefícios há mais tempo.
O inquérito investigou também um contrato de prestação de serviços entre o governo e uma empresa de transporte aéreo.
Os valores eram tão altos que se fossem dimensionadas em horas de voo, obrigariam os pilotos a abastecerem as aeronaves no ar para poder suprir o valor integral do contrato.
A polícia calculou que cerca de R$ 200 milhões foram movimentados de forma ilegal. Segundo as investigações, a ocultação do dinheiro desviado era feita por meio de contratos de gaveta e manobras fiscais ilegais, como a compra de fazendas e de grandes quantidades de gado.
Além disso, peritos da PF concluíram que em um desses contratos a quantidade bois comprados não caberia sequer dentro da fazenda onde o rebanho seria destinado. Os policiais chamaram isso: “gados de papel”.
Outro lado
A advogado de Brito Miranda, José Edmar Brito, Maria da Glória e Márcia Pires Lobo afirmou que eles sempre agiram dentro da lei. Até agora a defesa de Alex Peixoto dos Santos e José Miguel Santos Peixoto não respondeu nossos questionamentos. Não conseguimos contato com Rossini Ayres e Luiz Pires.
Entenda
A Operação Reis do Gado investigou fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram expedidos oito mandados de prisão temporária, 24 de condução coercitiva e 76 de busca e apreensão.
O suposto esquema de fraudes em licitações públicas envolvia empresas de familiares e pessoas de confiança do governador e aconteceu entre 2005 e 2012, segundo a PF. Foram identificados pelo menos R$ 200 milhões efetivamente lavados.
Segundo a PF, a ocultação do dinheiro desviado seria feita por meio de transações imobiliárias fraudulentas, contratos de gaveta e manobras fiscais ilegais, como a compra de fazenda e de gado.
A polícia informou ainda que parte do valor foi destinado a formação de caixa dois para campanhas realizadas no estado.
G1/Tocantins