Fabiano Gonzaga, 28, que atua em MG, está preso desde o último dia 4
Delegada conclui que menor, deficiente mental, foi abusado; pároco nega
A Polícia Civil indiciou o padre Fabiano Santos Gonzaga, de 28 anos, pelo crime de estupro de vulnerável. O sacerdote foi preso no último dia 4, em Caldas Novas, no sul de Goiás, após ser denunciado pela mãe da vítima, um adolescente de 15 anos, que tem problemas mentais. A defesa do pároco nega que ele tenha cometido o abuso.
A delegada Sabrina Leles, responsável pelo caso, disse ao G1 que os elementos colhidos durante as investigações indicam que o menor sofreu o abuso sexual dentro da sauna de um clube. O padre é acusado de ter impedido o adolescente a sair até que o ato terminasse.
“O que mais pesou foi a palavra da vítima, pois, apesar de ter um retardo mental moderado, que o impediu de reagir ao estupro, o adolescente é consciente e relatou os fatos com muita riqueza de detalhes para várias pessoas. Ele ficou transtornado, enojado com a situação, e está muito abalado”, destacou.
O sacerdote, que atua em uma igreja em Frutal(MG), estava em Caldas Novas com outros dois amigos. Já a vítima, que mora em Brasília, estava na cidade com a mãe e um grupo de amigas. A mulher apresentou exames que comprovam que o filho sofre de retardo mental e epilepsia.
O G1 tenta contato desde a manhã deste sábado (11) com a advogada do padre, Lorena Paixão Nascimento, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta reportagem. No entanto, no último dia 7, ela disse que o sacerdote apenas conversou com o garoto. “Meu cliente é inocente, sem sombra de dúvida”, afirmou.
Testemunhas
Segundo a delegada, a oitiva de testemunhas também foi determinante para o indiciamento do padre. “Um homem, que se apresentou espontaneamente na delegacia, nos disse que ficou constrangido no clube, quando percebeu que o padre estava olhando para as partes íntimas dele e para os dois filhos dele, que são crianças”, disse.
Sabrina destacou, ainda, que as fotos e conversas de teor pornográfico que foram encontradas no celular do pároco ajudaram a determinar a personalidade de Gonzaga.
“Apesar dessas imagens não terem ligação direta com o estupro que era investigado, ela nos ajudou a traçar o perfil dele. Ou seja, a maioria das fotos e conversas eram com outros homens, o que reforçou o desvio de conduta em relação à função de padre que ele exerce”, ressaltou.
Gonzaga permanece preso e vai responder ao crime de estupro de vulnerável, que tem pena prevista de até 15 anos de reclusão. “Remetemos o inquérito para o Poder Judiciário na sexta-feira (10), quando concluímos a investigação”, explicou a Sabrina.
Afastamento
O padre pertence ao clero da Arquidiocese de Uberaba, que o afastou do exercício do ministério presbiteral ou qualquer outro encargo eclesiástico por tempo indeterminado. Por meio de nota, divulgada no último dia 6, o padre Saulo Emílio Pinheiro Moraes, vigário geral, pediu perdão pelo constrangimento ou dor causados e disse que aguardava as investigações.
Nesta manhã, representantes da arquidiocese chegaram a Caldas Novas para conversar com Gonzaga. Eles ainda não se pronunciaram sobre o indiciamento.
Confira a nota que foi divulgada na íntegra:
“Diante do caso vinculado pelos meios de comunicação e que vem sendo apurado pelas autoridades legais, sobre o presbítero pertencente ao nosso clero, e o seu envolvimento em um caso de abuso sexual contra um adolescente, na cidade de Caldas Novas, no estado de Goiás, a Arquidiocese de Uberaba, vem a público para manifestar, que diante do exposto aguarda a apuração dos fatos, pelas autoridades competentes.
Como Igreja, repudiamos todo tipo de violência e abuso, nos mais diferentes níveis; e sentimos as dores daqueles que sofrem, principalmente quando envolve um dos nossos representantes. Informamos, também, que o referido padre foi privado do “uso de ordens”, pelo Senhor Arcebispo, Dom Paulo Mendes Peixoto, ou seja, não tem jurisprudência para presidir ou administrar qualquer sacramento. Sendo vedado o exercício do ministério presbiteral ou qualquer outro encargo eclesiástico, por tempo indeterminado para apuração dos fatos.
Pedimos perdão por qualquer constrangimento ou dor que pudemos causar com tal fato, e esperamos que tudo seja averiguado e resolvido o mais rápido possível, para que não haja maiores constrangimentos”.(fonte:g1/go)