Em Gurupi, duas pessoas morreram nos últimos dias. Em todo o Tocantins, 203 casos foram confirmados, entre janeiro e novembro deste ano.
Parentes de duas pessoas que morreram vítimas de leishmaniose visceral, conhecida no Tocantins como calazar, relataram a demora no diagnóstico da doença.
O morador de Gurupi Alessandro Souza relembrou o sofrimento da mãe, a dona de casa Valnice Maria Pereira de Sousa Mendes, de 54 anos, à procura de respostas para os sintomas. Ela morreu na última quinta-feira.
“Ela começou com falta de apetites, começou a emagrecer. Ela estava fazendo exames na cidade. Ela consultava e os médicos pediam um exame, outro, mas nunca pediam o de calazar. Ela, então, ficou internada durante 37 dias, e eles vieram a pedir o exame de calazar com 25 dias que ela estava internada. Acho que demorou muito”, argumenta Alessandro.
A dona de casa Iranilde Pereira perdeu o filho de 29 anos neste mês. Bonfim Pereira de Souza também morreu vítima da doença. Ela conta que os médicos demoraram a descobrir que ele estava com a doença. “Demorou muito ele conseguir ser atendido pelo tratamento. Ele já estava muito fraco”.Valnice Maria, de 54 anos, morreu vítima de leishmaniose viceral.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, este ano foram registrados em Gurupi 20 casos confirmados da doença. No ano passado foram cinco. Em todo o estado, 203 casos foram confirmados. No ano passado, foram 228.
Em Gurupi, a população está preocupada. Várias ações de combate e controle da doença estão sendo realizadas. “Tem que ter consciência, a população tem que estar cuidando dos seus quintais. Aí sim o problema vai ser resolvido. A parte de prevenção, o Centro de Zoonozes está fazendo”, explica o coordenador do CCZ de Gurupi, Henrique Alencar.
A Secretaria Estadual da Sáude não respondeu aos questionamentos sobre a demora no diagnóstico.
Outros casos
Em agosto, um bebê de 10 meses morreu com a doença após ser transferida para Palmas. A menina morava no bairro Jardim dos Buritis, onde pelo menos outras três crianças estavam fazendo tratamento contra a doença.
A doença é transmitida pelo mosquito-palha e também teve registros em outras regiões do Tocantins. Em Tocantinópolis, por exemplo, 50 casos suspeitos foram notificados até agosto, sendo que pelo menos 10 já foram confirmados.
A doença
O calazar é uma doença transmitida pelo mosquito-palha ou birigui. Ao picar, ele introduz na circulação do hospedeiro o protozoário Leishmania Chagasi. O número da doença aumenta, geralmente, por causa do grande número de cachorros infectados. Isso porque os animais são hospedeiros da doença.
G1/Tocantins