Mais da metade da população brasileira está em isolamento em razão da crise do coronavírus.
É o que mostra um levantamento da startup brasileira In Loco com base em uma tecnologia que analisa dados de mais de 60 milhões de dispositivos móveis em todo o Brasil.
A empresa de geolocalização criou o Índice de Isolamento Social, que permite mapear a movimentação de pessoas dentro de regiões específicas e medir quais apresentam maior distanciamento social.
A pedido da Revista EXAME, a In Loco aplicou a tecnologia do Índice de Isolamento Social às capitais brasileiras, onde vivem cerca de 50 milhões de pessoas.
O último dado disponível, no dia 30 de março, mostra que Florianópolis é a capital que mais aderiu ao isolamento social, com 63% da população reclusa em casa. Na sequência estão Porto Alegre, Brasília e Recife, as três na faixa dos 60%.
Palmas ficou em penúltimo lugar no índice com 50,9% mesmo com apelo insistente pelo isolamento e com o fechamento do comércio.
Já o Tocantins tem índice de isolamento de 48%, o menor do país, segundo os dados publicados. O comitê de crise já orientou também pela manutenção do isolamento social.
O Tocantins já teve até o momento 12 casos confirmados de coronavírus.
Boa parte das capitais brasileira está no patamar de 50%. Veja o ranking abaixo:
Desenvolvida há menos de dez dias, a ferramenta é gratuita para os governos acessarem. Até agora, 20 estados já fecharam parceria com a empresa e estão começando a receber relatórios que trazem dados cartográficos e estatísticos, dos quais é possível inferir o percentual de pessoas que não se deslocaram do bairro onde moram.
“A ideia foi aplicar nossa tecnologia de geolocalização para ajudar a orientar as autoridades e os governos a ter iniciativas mais assertivas na crise”, diz André Ferraz, sócio-fundador e presidente da In Loco.
A cidade de Recife, onde fica a sede da In Loco, foi a primeira a usar a ferramenta para agir na contenção da propagação da covid-19.
Com as informações do fluxo de pessoas nas ruas, a prefeitura tem enviado carros de som e de bombeiros aos bairros onde são identificadas baixa adesão ao isolamento social para conscientizar a população do risco de disseminação do coronavírus.
Com base nos dados da startup, é possível notar que a adesão ao isolamento se intensificou a partir do dia 21 de março. Na data, o Brasil havia registrado mais de 1.000 casos de infectados. No mesmo dia, governadores passaram a divulgar medidas de restrição, como o fechamento do comércio e de atividades não essenciais.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, 55% da população estava isolada no sábado 21 de março, data em que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou quarentena por 15 dias no estado como medida de combate à pandemia.
No dia anterior, 20 de março, o percentual da população em isolamento era de 35%. Nos últimos dez dias, o índice da capital paulista não ficou abaixo de 50% em nenhum dia.
Os dados da In Loco mostram também que o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro no dia 24 de março, pedindo o fim do “confinamento em massa” e o retorno ao trabalho, não surtiu efeito.
Gazeta do cerrado.