Marivan da Silva Souza foi atingido com três tiros disparados por policiais militares no sábado.
A Turma de Oficiais do Quadro Combatente divulgou nota em defesa dos militares suspeitos de envolvimento na ocorrência em que o delegado regional de Polícia Civil de Colméia, Marivan da Silva Souza, 39 anos, foi atingido com três tiros disparados por integrantes do Batalhão de Choque (BPCHOQUE). Conforme a nota, o delegado “arrancou” com o veículo “desobedecendo ordem de parada”. O documento diz ainda que repudia as notas publicadas por entidades policiais civis e narra os fatos, segundo os oficiais, “omitidos” até agora sobre a ocorrência na cidade de Guaraí.
De acordo com a nota, os policiais estavam em diligência na região de Guaraí em virtude do roubo a um carro forte em Presidente Kennedy, na tarde de sexta-feira, 27. As equipes trabalhavam com suspeitas do roubo ter sido cometido por uma quadrilha abordada em Itaporã em janeiro.
A nota dos oficiais ressalta ainda que na manhã de sábado, um chacareiro informou aos policiais militares que na tarde de sexta-feira, data do roubo ao carro forte, indivíduos em uma SW4 branca de vidros escuros e rodas pretas se deslocava sentido Itaporã, tentaram abordar seu filho que que estava em uma caminhonete Ford Ranger, porém ele fugiu com medo de serem os assaltantes;
Ainda conforme a nota, os militares saíram em diligência para Itaporã para averiguar o local onde a quadrilha de roubo a banco havia sido abordada em janeiro, sendo que cerca de 20 quilômetros de Guaraí o veículo SW4, placa PSM 3000, cruzou com os militares em altíssima velocidade indo em sentido à BR-153, momento em que a equipe iniciou a tentativa de alcançá-lo, porém só obteve êxito dentro da cidade de Guaraí;
A equipe então, “convicta de serem os assaltantes”, conforme a nota, deu ordem de parada para o motorista, que arrancou com o veículo desobedecendo, momento em que foram efetuados disparos, de acordo com os oficiais, “com o único intuito de cessar a fuga”. O documento diz que o motorista só parou cerca de 60 metros após os últimos disparos, quando desceu do veículo, gritando: “Sou delegado, o carro não é meu, ele está na minha cautela”.
A nota diz que “em momento algum havia sido informado à Polícia Militar de Guaraí que o veículo abordado com assaltantes a banco havia sido disponibilizado para uso do delegado”.
Sindepol
Embora a nota informe que o delegado dirigia em alta velocidade, nesse domingo, 29, o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Tocantins (Sindepol/TO) afirmou, por meio de nota que Souza estava “em baixa velocidade, desarmado e sozinho, conduzindo uma viatura descaracterizada”. O Sindepol diz que, de acordo com as investigações, “os militares efetuaram os disparos de dentro do veículo que conduziam sem antes se identificarem como militares e sem ao menos averiguar quem se encontrava no automóvel à frente (conduzido pelo delegado)”.
“Ação como essa é o reflexo de atos ilegais que são praticados de forma costumeira pela Polícia Militar do Estado do Tocantins, contrariando Recomendação do Ministério Público do Estadual. Isso demonstra ainda o perigo para a sociedade da atuação de um órgão armado extrapolando suas funções constitucionais”, afirma na nota a presidente do Sindepol, Cinthia Paula de Lima.
Prisão preventiva
O juiz plantonista em Guaraí, que não teve o nome divulgado, decretou no sábado a prisão preventiva dos militares Frederico Ribeiro dos Santos, João Luiz Andrade da Silva, Tiago Marinho Duarte Peres e Cleiber Levy Gonçalves Brasilino. O mandado foi expedido e cumprido ainda na noite de sábado e os policiais foram encaminhados para o Quartel da PM em Guaraí.
Entenda o caso
O delegado regional de Polícia Civil de Colméia, Marivan da Silva Souza, 39 anos foi atingingido com três tiros dado por policiais militares. Um dos tiros atingiu de raspão a cabeça, um segundo, na mão, e outro arrancou parte da orelha.
Souza recebeu os primeiros socorros no Hospital Regional de Guaraí e foi transferido para uma unidade de saúde particular em Palmas.
Leia a íntegrada da nota dos oficiais:
“Nota pública sobre a ocorrência envolvendo a PMTO e um delegado em Guaraí
A Turma de Oficiais do Quadro Combatente (Aspirantes 2007), vem a público REPUDIAR as notas publicadas por entidades policiais civis, e ESCLARECER os fatos omitidos até agora sobre a ocorrência na cidade de Guaraí-TO, onde por fatalidade um Delegado da Polícia Civil foi ferido em uma abordagem feita por policias do Batalhão de Choque.
Como ocorreram os fatos
1- O Batalhão de Polícia de Choque (BPCHOQUE) é uma unidade de elite da PMTO com jurisdição em todo o Estado, cujas funções são de preservação e restauração da ordem
pública, inclusive nos casos de roubo a Instituições financeiras no Estado;
2- A equipe do BPCHOQUE estava em diligência na região de Guaraí em virtude do roubo a um Carro Forte em Presidente Kennedy, na tarde do dia 27 (sexta-feira);
3- As equipes de serviço no local trabalhavam com suspeitas do roubo ter sido cometido por uma quadrilha de roubo a bancos abordada na cidade de Itaporã-TO no mês de janeiro, onde na abordagem foi localizado um veículo SW4, cor branca, placa PSM 3000;
4- Na manhã do dia 28, a equipe do BPCHOQUE foi informada por um chacareiro que no fim da tarde do dia anterior (data do roubo ao Carro Forte), indivíduos em uma SW4 branca de vidros escuros e rodas pretas a qual se deslocava sentido Itaporã, tentaram abordar seu filho
que estava em uma caminhonete Ford Ranger, porém o mesmo fugiu com medo de serem os assaltantes;
5 – Sabendo do ocorrido as equipes saíram em diligência para a cidade de Itaporã para averiguar o local onde a quadrilha de roubo a banco havia sido abordada em janeiro, sendo que aproximadamente a 20km de Guaraí o veículo SW4, placa PSM 3000, cruzou com a equipe do BPCHOQUE em altíssima velocidade indo em sentido à BR 153, momento em que a equipe iniciou a tentativa de alcançá-lo, porém só obteve êxito dentro da cidade de Guaraí;
6- A equipe então, a qual usava colete balístico com a descrição da PMTO de forma ostensiva, convicta de serem os assaltantes, deu ordem de parada para o motorista, o qual arrancou com o veículo desobedecendo a ordem legal, momento em que foram efetuados disparos com o único intuito de cessar a fuga;
7- O motorista só parou cerca de 60 metros após os últimos disparos, momento em que desceu do veículo, gritando: “sou delegado, o carro não é meu, ele está na minha cautela”;
8- Ressalta-se que em momento algum havia sido informado à Polícia Militar de Guaraí que o veículo abordado com assaltantes a Banco havia sido disponibilizado para uso do delegado;
9 – Após ser identificado, a equipe do BPCHOQUE de imediato iniciou o socorro ao delegado, inclusive sendo auxiliada por uma enfermeira que estava próxima ao local;
10- Ao chegar a Viatura da cidade, o delegado foi colocado pelos integrantes do BPCHOQUE em seu interior e deslocaram para o hospital em continuidade à prestação de socorro;
11- No hospital, a equipe do BPCHOQUE se encontrou com o Comandante do 7o BPM, e se apresentaram voluntariamente se colocando à disposição da justiça militar;
12- Ao sair do hospital a equipe do BPCHOQUE se deslocou novamente ao local da abordagem a fim de preservá-lo, onde verificaram que objetos do Delegado haviam sido retirados do veículo por um policial civil, o qual, devido a este fato, foi qualificado na ocorrência;
13- Em seguida, os Policiais Militares do BPCHOQUE se deslocaram para o quartel do 7o BPM, onde permaneceram até o término do procedimento judiciário militar, na presença da Corregedoria da Corporação, ocasião em que os militares prestaram depoimento e entregaram suas armas para perícia;
Sobre a prisão preventiva
Quanto à Prisão Preventiva decretada em desfavor dos Policias Militares, esta turma acredita que a mesma não preenche os requisitos legais conforme o ordenamento jurídico brasileiro razão pela qual merece ser revista, caso contrário ficará a sensação de que os militares estão presos pelo simples fato de serem POLICIAIS MILITARES, visto que o mesmo tratamento não foi dado em ocorrências ainda mais graves envolvendo outras forças policiais.
Da conduta e capacidade dos policiais militares envolvidos no fato
Os policiais militares lotados no Batalhão de Polícia de Choque possuem cursos especializados de altíssimo nível, tendo comportamento excepcional, e possuem uma rotina diária de treinamento, que os capacitam para atuarem nas ocorrências de maior complexidade de forma técnica e profissional.
O capitão PM Cleiber Levy é um oficial de conduta exemplar, respeitado e querido em todas Unidades nas quais já trabalhou, casado, com dois filhos, pastor evangélico, instrutor dos Cursos de Rotam, Giro, GOC, e Força Tática, tendo contribuído com a formação de mais de 1000 policiais militares da PMTO desde seu ingresso na corporação, sendo integrante desta Turma de Oficiais, e admirado por sempre atuar de forma técnica e profissional.
Por fim, lamentamos a fatalidade ocorrida, desejando uma excelente recuperação ao Delegado Marivan Silva Souza, ressaltando a confiança na condução sensata da situação pelo judiciário e pelos comandantes das Instituições envolvidas e acreditando na capacidade de haver uma relação harmoniosa entre a Polícia Militar e Polícia Civil, visto que o conflito entre estas forças em nada contribuem para o bem estar da sociedade tocantinense.
Palmas, 29 de outubro de 2017.”
Site:Clebertoledo