Quantidade de ocorrências diminuiu nos últimos anos no Tocantins.
Porém, órgãos de defesa dizem que a maioria dos casos não é registrada.
O Tocantins teve uma queda no número de registros de homicídios, tentativas de homicídio e estupro contra mulheres nos últimos cinco anos. A redução, porém, não significa que a cultura da violência está perdendo força. Para a coordenadora do Núcleo da Mulher da Defensoria Pública, Vanda Sueli Machado, os números não refletem a realidade. Isso porque quantidade de denúncias tem crescido cada vez mais, porém muitos casos não chegam a ser registrados pela polícia
Os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostram uma curva decrescente no número de assassinatos desde 2012, quando foram 47 vítimas. Mesmo assim, em 2016, 34 mulheres ainda foram vítimas de homicídio doloso, quando há intenção de matar. Em todos os anos, a maioria das mulheres tem entre 35 e 64 anos.
O número de tentativas de homicídio registradas também caiu: em 2012 foram 90 casos, contra 63 no ano passado. Por outro lado, as ocorrências de lesão corporal dolosa se mantêm em um patamar alto com 1.435 registros em 2016.
Muitas vezes a ameaça não é física, mas psicológica como no caso das ameaças. No ano passado foram 3.118 casos que chegaram até polícia. O maior número registrado nos últimos cinco anos foi em 2013, 4.185 casos.
Em relação aos crimes contra liberdade sexual, a maioria das vítimas de estupro têm entre 0 e 17 anos. Foram 297 mulheres com essa faixa etária em 2016. Ao todo, foram 369 casos registrados durante o ano. Há cinco anos, esse número era ainda maior com 416 estupros no total, sendo 327 crianças e adolescentes.
Conforme Vanda Sueli, os dados contabilizam apenas os casos que chegam até a polícia. “Não estão catalogados os casos que vão na Defensoria, os registros da Polícia Militar ou do sistema de saúde. As ocorrências podem até dizer estatisticamente que reduziu, mas a gente vê que não reduziu. Entre 2015 e 2016, por exemplo, triplicou a busca por atendimentos em razão da violência. Agente atendia cerca de dois, agora são mais de dez por dia”, afirmou.
O medo ainda é o principal fator que desestimula as vítimas registrar casos de violência nas delegacias. Mas para a defensora pública, a falta de estrutura ainda é o grande gargalo para as vítimas de violência.
“A falta de delegacias da mulher 24 horas é um dos grandes problemas, pois a maioria dos crimes acontece aos finais de semana. Quando a mulher procura a delegacia comum é revimizada, ouve que foi só uma briga de marido e mulher, entre outras coisas, e acaba se desestimulando a registrar a ocorrência”, comentou Vanda Sueli.
De acordo com a diretora de Política para Mulheres da Secretaria de Cidadania e Justiça, Ana Maria Guedes, as mulheres que vivem no interior sofrem ainda mais com a violência. Isso porque têm mais dificuldade de acesso à informação e sofrem violências sem conseguir enxergar outro meio de viver, com medo de passar fome e não ter como criar os filhos por falta de dinheiro.
“O estado ainda não tem um banco de dados para coletar essas informações. As vezes chega no serviço de saúde, mas não chega na delegacia. Os dados da saúde são enormes, mas a pessoa não sente confiança e confortável para denunciar”, diz a defensora.
Fonte G1