Depois de quase 1 mil escolas serem tomadas em todo o País, o movimento estudantil agora se concentra em universidades e institutos de ensino superior contra a PEC do Teto e a reforma do ensino médio, propostas pelo governo Michel Temer. Segundo a União Nacional dos Estudantes (UNE), já são 194 universidades invadidas, enquanto o número de escolas – que no fim de outubro ultrapassou 920 – agora é de 391. As lideranças estudantis afirmam que os secundaristas continuam mobilizados em protestos de rua.
De acordo com os líderes estudantis, o esvaziamento das ações em escolas se deve ao fato de a maioria ser menor de idade, da forte pressão para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e pela atuação mais forte das polícias para a desocupação de colégios em comparação com os câmpus universitários, que têm mais autonomia.
Em São Paulo, por exemplo, os câmpus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) de Guarulhos e Santos estão invadidos há duas semanas. Quando houve tentativas em escolas no Estado, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) atuou em menos de 24 horas para que a Polícia Militar retirasse os estudantes, sob o argumento de que um parecer da Procuradoria-Geral do Estado garante a autotutela dos prédios – o que dispensa, nessa versão, o mandado de reintegração.
Carina Vitral, presidente da UNE, disse que as ações em universidades têm potencial maior para se manter. “A autonomia universitária determina que a polícia só pode entrar no câmpus com autorização do diretor ou reitor.”
Segundo ela, a mudança de atuação do movimento estudantil foi importante para que continuasse forte. “A desocupação de escolas começou a ocorrer após a pressão do ministério para a realização do Enem e já havia um desgaste próprio dos secundaristas, que são menores de idade e estavam dormindo fora de casa havia mais de um mês. A mudança para as ocupações de universidade foi um reforço importante”, disse.
Para Camila Lanes, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a intervenção em escolas cumpriu o seu papel por despertar a mobilização dos universitários. “Os secundaristas mostraram que essa é uma pauta nacional, que afeta a todos: universitários, estudantes de escolas públicas e particulares.”
Balanço.
Das 194 universidades tomadas, duas – PUC Minas e PUC-RS – são particulares. Minas Gerais é o Estado com o maior número de invasões atualmente: 163. O Paraná, que chegou a ter simultaneamente mais de 854 escolas invadidas, já não tem mais nenhuma. Apenas a Universidade Federal do Paraná (UFPR) continua tomada por estudantes.(fonte istoé)