Pais denunciaram Bruna Brusda pela fraude. Depois, suspeita enviou um áudio à mãe do menino para ameaçá-la.
O motoboy Anselmo Dourado disse à Polícia Civil, nesta segunda-feira (30), que já viu, várias vezes, Bruna de Fátima Brusda usar foto de uma criança para pedir ajuda em semáforos de Goiânia. A mulher é suspeita de apresentar imagens de bebês que já morreram para arrecadar dinheiro.
“Eu a vi na calçada. Peguei e fiz uma doação. Você ajuda a pessoa, e ela faz tudo isso só para extorquir a população e ganhar dinheiro”, disse o motoboy.
O G1 não conseguiu contato com a defesa de Bruna até a publicação desta reportagem. Na sexta-feira (27), ela prestou depoimento no 16º Distrito Policial de Goiânia. De acordo com o delegado Jacó Machado das Chagas, a mulher apresentou cartazes para provar que pedia ajuda, na verdade, para outra criança. No entanto, o investigador disse que bebê da foto apresentada pela suspeita é um menino que nasceu com uma doença rara na Inglaterra e também já morreu.
O delegado busca identificar outras pessoas que já ajudaram Bruna acreditando que colaborariam contra o tratamento das crianças. Segundo o investigador, elas também são vítimas da mulher, pois foram enganadas por ela. Bruna deve ser indiciada por estelionato.
Bryan e Alfie
O caso chegou à Polícia Civil depois que Jennifer Marques Freitas Goulart procurou a delegacia para denunciar que a foto do filho dela, Bryan Felipe, que nasceu com hidrocefalia e morreu em fevereiro, estava sendo usada por um casal de desconhecidos para sensibilizar motoristas e pedir dinheiro nos semáforos de Goiânia.
Jennifer conta que o bebê foi o segundo filho que perdeu por problemas de saúde. Para tentar engravidar e evitar que o novo filho também tenha problemas, é necessário uma fertilização artificial. Por isto, ela fez uma campanha na internet para arrecadar dinheiro. Jennifer acredita que foi por meio desta ação que o casal conseguiu a foto de Bryan.
No dia 21 de julho, o padrinho da criança estava passando pelo Jardim Nova Esperança de carro quando viu um casal com a foto da criança na mão pedir dinheiro. “Era um cartaz enorme pedindo ajuda como se ele estivesse vivo e como se fosse parente. Falava que já tinham arrecadado uma quantia em dinheiro, só que ainda não era o suficiente”, disse.
Após tomar conhecimento, identificar e ouvir a suspeita, o delegado identificou outro delito: para se justificar, Bruna apresentou a foto de outro bebê, afirmando que ele também se chamava Bryan e era para ele que ela pedia ajuda.
No entanto, segundo o delegado, trata-se de Alfie Evans, um bebê que sofria de uma rara doença neurológica e morreu em abril deste ano, na Inglaterra. Depois de quase um ano e meio de tratamento, os médicos consideravam que não havia mais esperanças para a criança se recuperar. Com o aval da Justiça britânica, o Hospital Alder Hey, de Liverpool, desconectou o suporte vital do menino. O caso mobilizou até o Papa Francisco.
Questionada sobre o fato de ter apresentado a foto de outra criança que já havia morrido, Bruna se defendeu. “Mesmo se eu estivesse dando um golpe, não é o filho da menina. Eu trabalho de locução, eu ajudo várias crianças aqui em Goiânia, não é a primeira campanha que eu ajudo”, disse.
Ameaça
Após o registro do caso, Jennifer afirma que foi ameaçada por Bruna por meio de uma mensagem de celular. No áudio, a suspeita diz que vai denunciar a mãe do menino, que estava “revoltada” e que o problema era dela por ter perdido o filho.
“Você vai engolir tudo isso que você falou. Engolir, entendeu? Eu vou te processar de tudo quanto é forma. Vou abrir boletim de ocorrência contra você. Se você soubesse o quanto eu estou revoltada com você. Você está me entendendo? Problema é seu se você perdeu seu filho”, disse Bruna no áudio.
Segundo o relato de Jennifer à TV Anhanguera, ela suspeita que Bruna, por meio das redes sociais, conseguiu o telefone ela e, a partir de então, começou a enviar os áudios em tom de ameaça. Depois de receber as mensagens, ela voltou ao 16º DP para registar uma nova ocorrência.
“Eu vim fazer uma ocorrência porque ela me ameaçava falando que eu estava fazendo coisa errada ia pagar por isso. Eu não a conheço e ela pegou, de má fé, fotos do meu filho da época em que fiz um pedido de ajuda para poder tentar salvar a vida dele”, contou.
Em relação ao áudio com a ameaça, o delegado ainda vai apurar a denúncia.
G1 Tocantins.