O cirurgião pediátrico Zacharias Calil, especialista em casos de siameses, acompanhou o caso das gêmeas desde o início. Ele diz que soube da morte das meninas pela mãe, Nayara Soares dos Santos, que ligou para ele na segunda-feira. Antes disso, ela já havia telefonado para falar sobre a piora no estado de saúde das filhas.
“Ela me ligou no sábado dizendo que elas estavam com febre alta e cansadas. Eu pedi para que viessem para Goiânia, porque casos assim se olha aqui”, contou o médico. Apesar disso, as meninas não tiveram tempo suficiente para fazer a viagem.
Conforme o cirurgião, Nayara relatou que, ainda no domingo, procurou o Hospital Municipal de Campos Belos e que, mesmo com febre alta, elas foram liberadas após receberem a receita de alguns medicamentos. Pouco tempo depois, porém, elas faleceram em casa.
Calil afirma que a família já tinha viagem marcada para Goiânia para esta terça-feira (28). “Os cirurgiões plásticos iriam colocar os expansores. Depois de uns dois meses faríamos a cirurgia”, lamenta.
O médico revelou ter se abalado com a morte das garotas. “Foi uma surpresa muito desagradável. Elas eram meninas viáveis, tinham muita condição de fazer a cirurgia”, declara.
Calil acompanhava o caso delas desde o nascimento, em 5 de outubro do ano passado. Unidas pelo abdômen e compartilhando apenas o fígado, elas nasceram prematuras, de 33 semanas, no Hospital Materno Infantil (HMI). Elas permaneceram internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital até o dia 26 daquele mês.
O especialista, por não ter acompanhado os últimos momentos de vida de Sara e de Sofia, prefere não opinar sobre o que pode ter provocado a morte delas. No entanto, ele ressalta que gêmeos siameses não são pacientes comuns e demandam cuidados específicos. “Elas poderiam ter alguma má-formação que não foi detectada nos exames. Em alguns casos, nós temos surpresas desse tipo até durante as operações”, ressalta.
Ainda assim, ele também prefere não julgar a conduta dos médicos do Hospital de Campos Belos, que liberaram as meninas com febre alta e condição delicada de saúde. “É difícil falar sobre isso sem estar lá. Eu teria que saber quais eram exatamente as condições”, salienta.
O Mais Goiás telefonou diversas vezes para o Hospital Municipal de Campos Belos pelo número fornecido pela Secretaria de Saúde do Município, mas as ligações não foram atendidas. A reportagem também tentou contato com o secretário Guilherme Davi da Silva, mas foi informada de que ele não poderia atender pois estava em reunião.