Márcia Zaccarelli alegou que a filha recém-nascida morreu nos braços dela, enquanto ela a segurava contra o peito para que o companheiro não a tomasse. Cabe recurso da decisão.
A professora Márcia Zaccarelli Bersaneti, de 37 anos, foi condenada a 18 anos e 8 meses de prisão pela morte da filha recém-nascida e foi absolvida da acusação de esconder o corpo da bebê no escaninho do prédio durante cinco anos. A sentença foi dada após júri popular nesta quarta-feira (1º), em Goiânia. A defesa informou que vai recorrer da decisão.
A professora foi presa no dia 9 de agosto de 2016, quando o ex-marido encontrou o corpo do bebê no escaninho do prédio em que a mulher morava. Após ser detida, confessou em um vídeo que a matou e escondeu o cadáver no local. Segundo a defesa, ela foi solta 51 dias depois e responde ao processo em liberdade.
Na sentença, o juiz Jesseir Coelho de Alcantara afirmou que o crime “exigiu frieza desta [condenada], uma vez que ela, de forma cruel, tampou o nariz da própria filha recém-nascida causando-lhe a morte”.
O advogado da condenada, Paulo Roberto Borges da Silva, disse que vai recorrer da decisão porque a principal testemunha dele, o ex-marido de Márcia, Glaudson de Souza Costa, não compareceu e não foi intimado. Segundo o advogado, ele pedirá a anulação do julgamento.
“Ele não compareceu e juiz indeferiu pedido da defesa para mudar data do júri. Era uma testemunha era de suma importância. Vamos recorrer baseado nisso e porque foi aplicada uma pena monstruosa”, disse.
Depoimento
A ré deu à luz uma menina no dia 15 de março de 2011. A filha foi fruto de um relacionamento extra-conjugal com um colega de trabalho. O marido de Márcia não podia ter filhos por já ter feito vasectomia. Quando ela começou a sentir contrações, ela ligou para um amigo que a levou para o hospital. Esse amigo ainda deu R$ 3 mil para que a professora fizesse o parto cesárea.
Durante o julgamento, Márcia disse que a bebê era fruto de uma relação extraconjugal que ela havia tido. Ela afirmou que tanto o marido, quanto o amante, sabiam da gravidez, mas nenhum deles queria assumir a filha e haviam pedido para ela praticar aborto. A professora se recusou a fazer o aborto.
Segundo Márcia, quando ela entrou em trabalho de parto, o marido disse para ela “sumir e dar um jeito” na criança. A mulher contou que era mal tratada pelo ex-companheiro e que o homem só denunciou o caso à polícia para que, no processo de separação, ela não tivesse acesso aos bens do casal.
“Eu não queria matar minha filha. A ideia de colocar no escaninho foi dele, que não queria se desfazer da prova, porque era uma forma dele me manter com ele”, disse a mulher.
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Um vídeo feito pela Polícia Civil mostra o depoimento da professora após a prisão. Na gravação, ela deu detalhes de como cometeu o crime e diz que não queria fazer mal à criança. No entanto, descreveu como asfixiou o bebê.
“Na rua, andando, eu não sabia mais o que fazer. Ela começou a chorar. Estava começando a chover. Eu olhava para ela, depois ela dormiu de novo [respira fundo]. Apertei o narizinho dela”, disse na ocasião.
No registro, a mulher chora por diversas vezes. Quando deixou a maternidade com a filha nos braços, a mulher contou que pegou um táxi e parou em uma praça “sem saber o que fazer”.
Nesse momento, alegou que não tinha intenção de matar a filha, mas diz que ficou com “medo”.
Logo em seguida, a mulher afirmou que tem consciência do que fez, mas que é uma boa pessoa. “Eu sei que feri alguém, mas o senhor pode me perguntar, sou uma excelente mãe e sempre fui”, comentou.
G1 Tocantins.