Fotos de Pedro fazem sucesso e ajudam outras mães a entender a síndrome
Keila Lima recebe mensagens diariamente: ‘algumas mães em desespero’
Com apenas um ano e dois meses, Pedro Lima Abrantes já tem “fãs” espalhados por todo o Brasil. Numa página criada em uma rede social, a mãe Keila Lima, 28 anos, faz questão de registrar o cotidiano do filho, que tem síndrome de Down. Com os relatos, ela ajuda outras mães a entender sobre a condição, as implicações e como o amor e a atenção são essenciais para o desenvolvimento da criança. A página “As aventuras do Pedro” tem mais de 17 mil curtidas.
Após o nascimento do filho, Keila, moradora de Palmas, entendeu que era o momento de falar sobre as experiências que teve desde a gravidez e contribuir com informações que, às vezes, são raras na internet.
“Quando recebi a notícia, busquei informações na internet e encontrei pouca coisa. Fui adquirindo conhecimento conforme relatos de outras famílias. Criei a página para repassar experiências e ajudar outras mães. Mostrar para as pessoas que não precisam ficar com dó. A criança vai fazer tudo o que os outros fazem”, comentou.
A ideia deu certo. Diariamente, Keila recebe mensagens de mães de vários estados. Algumas, angustiadas, procuram ajuda para compreender melhor a síndrome. “Todos os dias, eu recebo mensagens. Mãe, às vezes, desesperadas por causa da falta de informações. Muitas delas, dizem que o coração acalmou após ver os relatos e as fotos do meu filho”.
O nome da página diz muito sobre Pedro. Segundo a mãe, desde a gravidez, ela e o marido Sérgio Ricardo Abrantes Junior vivem intensas aventuras. “Primeiro ao descobrir que ele tinha síndrome, depois ele resolveu nascer prematuro. Nasceu colocando a família de cabeça para baixo. Ele também é muito inteligente”, relata, apaixonada.
A rotina do garoto é intensa. Ele acorda cedo e vai logo para a escola. Chega em casa ao final do dia e aproveita o tempo para brincar e receber o carinho dos pais. Durante a semana, Pedro é atendido por fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e fonoaudióloga. A maior parte dos atendimentos é feita na escola.
A mãe cuida de cada detalhe. A alimentação é controlada e algumas brincadeiras são feitas para estimular a criança. Mas na maioria das vezes, Keila deixa de lado as cobranças para dar apenas amor e carinho.
“Temos que nos policiar, sofremos muitas pressões, as pessoas nos cobram, perguntam quando ele vai andar, se já começou a falar. Em casa, temos que parar as cobranças e dar amor, parar de sermos profissionais e sermos mais pais e mães”.
Gravidez
Keila e o marido têm a mente aberta. Ela conta que não sofre preconceito justamente porque não tem vergonha. Aliás o que ela tem “é orgulho do filho”, principalmente quando lembra das dificuldades que enfrentou durante a gravidez.
Três meses depois de saber que iria ter um bebê, foi a um médico para uma consulta. A felicidade deu lugar ao desespero. “O médico disse que o feto estava inchado e que eu perderia meu filho em 15 dias. Depois, simplesmente parou de me atender”.
Keila não desisitu. Foi em outros profissionais e, novamente foi desencorajada a continuar com a gravidez. “Um médico chegou a me falar: ‘Não tiro, mas posso indicar quem tira'”. O que ela mais ouvia era que o bebê tinha uma síndrome incompatível com a vida. “Eu só chorava”.
Os pais, então, se consultaram com uma médica em Palmas. Ela acalmou o coração de Keila e do marido. A mãe foi orientada a fazer um exame e descobriu que o filho tinha síndrome de Down. “Foi um alívio. Eu olhei para o meu marido e falei: ‘Só isso? Graças a Deus'”.
Hoje, Keila tem prazer em cuidar do filho. Ela se divide entre o trabalho de aeroviária, o cuidado com Pedro e com a casa e a atenção dedicadas às mães que a procuram. A rotina é intensa, mas ela não quer parar. Aliás, já planeja outro bebê para o próximo ano.
Fonte:g1/to