Cutrale foi acusada de manter 23 trabalhadores em condições degradantes em uma fazenda da companhia em Minas Gerais.
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou em outubro uma lista com o nome de 131 pessoas físicas e jurídicas acusadas de empregar pessoas com condições análogas à escravidão. Da chamada “lista suja”, quatro empresas doaram R$ 7,7 milhões nas eleições de 2014, segundo levantamento do Correio Braziliense, ajudando a eleger ao menos três deputados estaduais, oito deputados federais, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a senadora tocantinense Kátia Abreu (PMDB).
De acordo com com o veículo da Capital Federal, do total doado por estas empresas, R$ 5,1 milhões ajudaram a eleger políticos, enquanto outros R$ 2,6 milhões foram para candidatos que não alcançaram votos suficientes para conquistar uma vaga. Duas companhias são responsáveis por investir 98,5% dos R$ 7,7 milhões investidos nas eleições de 2014: a JBS Aves, braço do grupo J&F, e a Cutrale, gigante do ramo de suco de laranjas.
A Cutrale doou R$ 500 mil para a campanha da senadora Kátia Abreu em 2014, depositados em duas vezes de R$ 250 mil. Dilma Rousseff também contou com o apoio de R$ 3 milhões da indústria de bebidas.
Denúncia
Em 2013 foram resgatados 23 pessoas em condições degradantes em uma fazenda da Cutrale em Comendador Gomes (MG). De acordo com o site Repórter Brasil, antes de receberem os primeiros salários, os trabalhadores já tinham que comprar itens de higiene pessoal e alimentos – ficando endividados. Situação que era mantida devido aos baixos salários. O relatório do MTE também apontou que estes funcionários resgatados não tinham descanso semanal remunerado e eram alojados em uma estrutura com lona, que tinha uma tampa de privada que simulava um banheiro.
Nos períodos de safra, a fazenda da Cutrale em Comendador Gomes chega a ter 18 mil colaboradores. O dono da companhia, José Luís Cutrale, está na lista dos mil homens mais ricos do mundo, segundo a revista Forbes.
O site acionou a senadora Kátia Abreu para comentar a doação da empresa, mas não recebeu retorno. Ao Correio Braziliense, a Cutrale ressaltou que trabalha com mais de 21 mil colaboradores, “todos devidamente registrados, recebendo, além dos direitos trabalhistas, benefícios firmados em acordos coletivos de trabalho”.
Clebertoledo