Em situações de perigo ocorrem reações químicas e fisiológicas importantes.
A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) veio acompanhada de uma série de recomendações para toda a população, mas que nem sempre são tão simples para muitas pessoas: atenção redobrada com os hábitos de higiene e isolamento social. Em um País em que saudações e cumprimentos são feitos no corpo a corpo, manter um afastamento involuntário pode ser também fonte de muita preocupação e estresse.
“O contato físico em nossa cultura é abundante, principalmente com abraços, apertos de mão, beijos, o que serve para demonstrar carinho, respeito e que também passam segurança emocional”, comenta a professora do curso de Psicologia da Universidade de Gurupi – UnirG e doutoranda em Psicologia, Larissa Azevedo.
A presença restrita de familiares, amigos e colegas de trabalho altera a lógica cotidiana e exige uma adaptação repentina, o que requer o aprendizado de novas condutas, ainda que temporárias. “O ajuste dessa nova rotina pode sim afetar significativamente nossas emoções, pois é necessário um esforço psicológico para essa adaptação. Há pessoas que associam o isolamento ao tédio, ao ócio, o que pode contribuir com os comportamentos ansiosos, como comer em excesso, irritabilidade, sono excessivo, entre outros”, explica Larissa.
O medo e a insegurança também são sentimentos frequentes nesses momentos. “Uma pandemia gera incertezas sobre as condições reais de perigo e sobre como as coisas ficarão no futuro. A Organização Mundial de Saúde indica que em situações de crise é comum que as pessoas sintam maior estresse, confusão ou tristeza e isso nos deixa mais vulneráveis”, disse.
Em situações de perigo ocorrem reações químicas e fisiológicas importantes, que nos deixam em estado de alerta, prontos para fugir ou lutar. “Percebemos a presença de estresse quando há aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada, contração muscular, aumento da pressão arterial, entre outras. Essas reações são importantes, pois nos deixam preparados para enfrentar o perigo, seja ele qual for”.
Quando em excesso, essas reações podem resultar em dores de cabeça, dores musculares, dores crônicas, falta de energia, improdutividade, insônia, alterações na libido, alterações no apetite, quedas de cabelo, por exemplo.
Mas o estresse também desempenha papel positivo em situações de crise. “O lado positivo aparece justamente na capacidade do indivíduo em se precaver, de tomar medidas preventivas e protetivas quanto ao vírus”.
O que fazer?
A especialista explica que durante o isolamento social, tentar manter o estilo de vida mais saudável é fundamental. Confira algumas orientações
– Cuidados com a saúde: procure manter uma boa alimentação, dormir bem, fazer atividades físicas, manter os contatos sociais, ainda que seja pela internet ou por telefone.
– Em momentos de estresse e ansiedade procure manter a respiração controlada, fazer relaxamento muscular, e mudar o foco dos pensamentos. Isso pode ser feito com a ajuda de atividades prazerosas, que possibilitem a distração e diversão: ver filmes, ler livros, vídeos, e conversar sobre assuntos aleatórios.
-Evite a sobrecarga de informações, limitando o tempo de acesso a notícias sobre a crise. Evite ainda ler ou assistir conteúdo sensacionalista sobre a pandemia. Priorize canais ou fontes de informações confiáveis sobre o tema.
Larissa ressalta ainda que, quando as queixas e os sintomas são muito intensos, “é hora de buscar ajuda de um profissional da área de saúde mental”.
AF notícias.