Placas solares mantêm equipamento de captação da água do rio Tocantins, que irriga uma lavoura. Milho, feijão, abóbora e outras verduras sustentam famílias Xerente.
Messe período do ano, a produção da maioria das lavouras do estado faz uma pausa. A seca dificulta o plantio, mas o cenário é diferente numa aldeia indígena em Tocantínia, na região central do estado. É que um projeto de irrigação movida a energia solar tem levado água do rio Tocantins às plantações. O resultado é uma roça verde mesmo na estiagem e alimentos que dão sustento aos indígenas Xerente.
Debaixo do sol forte, os indígenas colhem feijão, milho, abóbora e outras verduras. “Roça bonita. Está cheirosa a flor do milho. Cheira longe”, comemorou um dos moradores da aldeia. Para eles, o projeto leva alimentação para a mesa.
A cidade de Tocantínia foi impactada com a construção de uma usina hidrelétrica há 15 anos. A reserva fica ao lado do rio Tocantins. As águas abastecem as aldeias e a agricultura. Durante a cheia, as margens ficam cobertas pela água e quando o rio baixa, a terra que estava no fundo passa a ser fértil. O problema é que na região, o ciclo das águas não é mais o mesmo.
O jeito foi aproveitar o sol, que é forte o ano inteiro. Com a ajuda de uma ONG e de pesquisadores do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), quatro placas solares passaram a gerar eletricidade. São 1.025 watts de energia que ajudam a levar água para as plantações.
A energia de graça mantém o equipamento de captação de água do rio, que irriga uma lavoura do tamanho de um campo de futebol.
O sistema de irrigação é por gotejamento. “Fazia algum tempo que eles não tinham mais a prática de plantar, de ter o seu cultivo na sua roça. Isso vem somar melhorando a dignidade, a qualidade de vida, explicou Hertz Ward, representante do Instituto Ekos de Pesquisa Ambiental.
“Tinha que ser uma alternativa que não colocasse, impusesse esse custo mensal. A placa de energia solar é que soluciona essa atribuição”, complementou a bióloga do IFTO, Sylvia Setubal.
A comida tem feito a diferença para cerca de 10 famílias da aldeia. “Eu posso plantar e colher e ter minha sustentabilidade no próprio lugar em que eu vivo”, celebrou o indígena Antonio Claudio Xerente.