Parentes acreditam que restos encontrados sejam de homem desaparecido.
Com medo, banhistas evitam entrar no rio Araguaia, em Araguacema.
O Instituto Médico Legal em Palmas inicia nesta segunda-feira (25) os exames para verificar se o material encontrado na barriga de um jacaré, em Araguacema, é de Rogério Marques de Oliveira, de 41 anos. O homem desapareceu no último domingo (17), no rio Araguaia. O corpo dele não foi localizado. Na última sexta-feira (22), o jacaré foi encontrado morto na região. Na barriga do réptil, tinham restos mortais.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Tocantins, caso se confirme tratar-se de material humano, as amostras serão encaminhadas para exames de DNA.
Clima de tensão
O suposto ataque do jacaré mexeu com os moradores da cidade de cerca de sete mil habitantes. O rio, que antes era ponto de encontro de banhistas, ficou vazio neste fim de semana, apesar da temperatura beirando os 40º. “Depois que aconteceu isso, ninguém banha mais. Estamos com muito medo”, pontuou o estudante Anaílson Dias.
O clima de apreensão também tem prejudicado o comércio, segundo o empresário Vilmar Parreira. “Atrapalhou um pouco. Nós que temos um comércio aqui, notamos que as pessoas pararam de descer para cá. No rio não tem ninguém banhando”.
Apesar de o Corpo de Bombeiros não ter confirmado o ataque do jacaré, banhistas afirmam terem visto Rogério sendo puxado para o fundo do rio.
“Eu olhei em direção a ele e vi o jacaré já saindo da água, pegando ele pelas pernas e puxando para dentro. Ele ainda teve tempo de olhar para trás, mas não teve tempo de pedir socorro. Ele ainda se debateu com as mãos, mas sumiu na água”, contou a autônoma Maria Moreira de Lima.
O superintendente ambiental do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Fábio Gamba, diz que nunca ouviu relatos de ataques de jacaré no Tocantins. “Já tem dez anos que eu estou no estado e nunca ouvi falar sobre ataques de jacaré a seres humanos”.
Entenda
O jacaré foi encontrado morto na sexta-feira (22). Um morador disse que o animal estava amarrado e com marca de tiro na cabeça, mas a PM não confirmou essa informação. A polícia também não soube informar quem matou o réptil.
O superintendente ambiental do Naturatins diz que a caça de animais é considerada crime ambiental. “Embora tenha acontecido uma fatalidade e a gente entende a situação, mas toda a caça, tanto de jacaré quanto de qualquer outro animal silvestre, é considerada crime ambiental.”
Na barriga do réptil foram encontrados restos mortais. Parentes acreditam que o material seja parte do corpo de Rogério Marques de Oliveira. O homem estava desaparecido desde domingo (17), quando foi ao rio Araguaia tomar banho com os amigos.
Ao G1, o médico Maurício Pereira da Silva confirmou que esteve no local e que os restos encontrados no ventre do jacaré correspondem a tecidos de órgãos humanos, mas que apenas uma perícia detalhada poderá identificar exatamente.
“Encontrei cabelo e pele. Pode se dizer que correspondem ao tecido de ser humano. Também tinham ossos sugestivos, parecidos com costelas, mas estavam muito quebrados. Como não tinha como confirmar, pedimos a ida do IML para realizar os exames necessários”, afirmou.