Cega, ela chegou a ter a sua perna amputada, mas acabou morrendo
Fonte: Diario do Norte
Doze dias internada após delicada cirurgia para amputação do pé direito abaixo do joelho – necrosado em função de uma trombose – a idosa Francisca Santiago – conhecida como “França”, de 82 anos – morreu no final da manhã de terça-feira (15) num leito do Hospital de Urgências de Anápolis (Huana).
A mulher havia sido resgatada na manhã da segunda-feira (29/02) por agentes de investigação da Polícia Civil e pelo Corpo de Bombeiros de Niquelândia na casa onde vivia na Rua Nossa Senhora da Conceição, região central do município. Francisca ficou três dias internada no Hospital Municipal de Niquelândia até ser removida para o HUAna, onde não resistiu às complicações do procedimento. Na ocasião, mediante denúncia anônima, policiais e bombeiros encontraram a idosa deitada na cama de uma casa simples, onde foi possível notar que seu pé tinha a pele bastante escurecida e com várias lesões cutâneas em carne viva, embora sem exalar mau-cheiro.
Naquele dia, não havia familiar próximo no momento da operação de resgate da idosa, mas apenas uma jovem, com uma criança de colo, que relatou ter sido contratada para atuar no local como “cuidadora de idosos” por um sobrinho de Francisca, de prenome Ênio, que foi localizado pela polícia e viajou até Anápolis com a tia para a delicada cirurgia que, embora bem sucedida, não foi suficiente para salvar a vida da idosa.
Quando da ação policial na casa, havia poucos alimentos na geladeira, alguns já deteriorados. Na área de serviço, havia uma máquina de lavar nova, mas a jovem disse que o sobrinho da idosa teria proibido a funcionária de lavar as roupas da aposentada “para não contaminar” o eletrodoméstico.
Ainda na tarde desta terça-feira, uma parente de Francisca – que concordou em falar com o DN sob condição de total anonimato – disse que a situação de abandono material da idosa seria, em tese, motivada pela vontade de apropriar-se de bens e propriedades que a mulher possuía. “Esse ‘pessoal’ mais próximo dela era muito esquisito, muito estranho. Dava para a gente perceber que eles queriam realmente era isso o que aconteceu (a morte da idosa), que Deus levasse ela logo.
Desde que ela foi internada lá em Anápolis, o Ênio – que estava com ela – ligava para a fazenda dela em Niquelândia pedindo que contassem as cabeças de gado, porque ela estava bem ruim mesmo. Eu nunca tinha visto uma coisa assim”, afirmou com exclusividade, ao DN, a familiar da idosa que morreu. No âmbito da Polícia Civil, o delegado Cássio Arantes do Nascimento disse que soube da morte através do DN e que iria aguardar ter em mãos a certidão de óbito de Francisca para comentar se haverá – ou não – mudanças nos rumos da investigação aberta por ele na terça-feira (01/03) para apurar eventuais responsabilidades criminais no abandono e no desfecho trágico do caso.