Segundo superintendente, valor arrecadado por mês era de R$ 2,5 milhões; montante total chega a R$ 30 milhões. Operação Hicsios II cumpre mandados em Goiás, no DF e em mais 4 estados.
Polícia Federal revelou que o grupo especializado investigado pelo roubo de cargas em Goiás, no Distrito Federal e em mais quatro estados, cometia cerca de 25 crimes por mês. Desta forma, o valor subtraído a cada 30 dias girava em torno de R$ 2,5 milhões.
O esquema foi desmantelado nesta quinta-feira (10), durante a Operação Hicsos II, na qual atuou uma força-tarefa composta, além da PF, das polícias Rodoviária Federal, Militar e o Ministério Público do Estado de Goiás. Ao todo, 91 mandados judiciais são cumpridos em Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e no Distrito Federal.
O valor total do prejuízo estimado pela força-tarefa é de R$ 30 milhões. De acordo com o superintendente regional da PF em Goiás, Umberto Ramos, as investigações começaram em agosto de 2016. Ele explicou como funcionava o esquema.
“Havia um líder, que é daqui de Goiás e comandava duas células. Uma ligada aos autores dos roubos e outra aos receptadores, que adquiriram o produto dos crimes”, disse Ramos.
Nesta segunda fase da operação, até o meio dia desta quinta, já tinham sido cumpridos 30 dos 40 mandados de prisão, sendo 28 em Goiás, um no Paraná e um no Distrito Federal. Todos os detidos serão trazidos para Goiânia. Um dos envolvidos está foragido na Inglaterra. Por isso, será solicitado auxílio das autoridades britânicas e da Interpol para encontrá-lo.
A ação ocorre nas seguintes cidades: Goiânia, Anápolis, Guapó, Luziânia, Piracanjuba, Trindade (GO); Brasília (DF); Ponte do Araguaia (MT); Araguari (MG); Mandaguari (PR); Itajaí (SC).
Alvos
A primeira fase da operação, batizada de Hicsos, ocorreu em fevereiro deste ano, quando 37 pessoas foram presas. Naquela ocasião, os alvos eram os autores dos roubos, aqueles que de fato praticavam os crimes.
Desta vez, o foco foi outro. “Agora nós atacamos os receptadores, em geral comerciantes e empresários que aceitavam a proposta para comprar os produtos roubados”, explicou o superintendente da PF.
Um dos presos é o dono de um supermercado no Conjunto Riviera, em Goiânia. A operação apontou que ele era receptador de cargas roubadas, as quais eram revendidas em seu estabelecimento. Na residência dele foram encontrados quatro veículos de luxo.
Outra detida é uma suplente de vereadora de Buritis (MG). Conforme as investigações, ela usava documentos de identidade falsos com o intuito de lavar dinheiro para o grupo criminoso. Apesar de não declarar nenhum bem, segundo a polícia, ela tinha uma vida de luxo.
Ramos explicou que, nas duas fases da operação, foram emitidos 77 mandados de prisão. Porém, o número total de presos durante a investigação é de 104, pois ocorreram algumas detenções em flagrante neste período.
Os envolvidos responderão pelos crimes de roubo qualificado, cárcere privado, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e receptação.
Um dos crimes atribuído ao grupo criminoso ocorreu no último dia 9 de junho. Um vídeo mostra o momento em que um caminhão passa pela BR-060, em Anápolis, a 55 km de Goiânia. De repente, após parar no quebra-molas em frente a um posto da PRF, o motorista, de 45 anos, pulou do veículo para denunciar que estava sendo vítima de um assalto.
Três policiais da corporação faziam outra abordagem no momento e conseguiram render o assaltante, que foi preso e levado para a Central de Flagrantes de Anápolis.
Nas imagens de câmeras de segurança é possível ver quando o caminhoneiro passa pelo quebra-molas em velocidade reduzida. Antes que o veículo parasse totalmente, ele abriu a porta, pulou para fora e saiu correndo, apontando para o caminhão. Em seguida, os policiais rendem o jovem, de 22 anos, que saiu pela janela e entregou o revólver de calibre 38 que usava no assalto.
Segundo a PRF, a vítima relatou que foi rendida pelo assaltante enquanto passava por Abadiânia, que fica a 36 km de Anápolis. Conforme o relato, o jovem e um comparsa pararam o veículo, e o suspeito seguiu com o caminhoneiro enquanto o outro fugiu em um carro.
G1/GO