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Golpe de 2016 é o maior retrocesso da democracia no Brasil desde 1964

No derradeiro dia de agosto, o Senado acaba de depor a presidente constitucional Dilma Rousseff.

A conspiração comandada por suspeitos e acusados dos crimes mais cabeludos derrubou uma mulher inocente, contra quem inexiste indício de ter se apropriado de bens públicos.

O capo do conluio no parlamento, o correntista Eduardo Cunha, permanece protegido por seu mandato na Câmara.

O julgamento farsesco evidenciou que a presidente não cometeu crime de responsabilidade. É possível que o depoimento mais esclarecedor tenha sido o do professor Luiz Gonzaga Belluzzo.

Impeachment sem crime de responsabilidade constitui golpe de Estado, com ou sem blindados e tropas nas ruas.

Governo ruim não configura crime de responsabilidade. Deve ser derrotado pelos cidadãos, em eleições diretas.

Um colégio de 81 senadores violentou a soberania do voto popular. Em 2014, 54.501.118 brasileiros sufragaram Dilma.

Assume de vez o Planalto quem não se elegeu presidente, e sim vice.

O missivista Michel Temer encabeça um governo de enrolados na Operação Lava Jato, sem ministra, sem ministro negro, com venda de patrimônio nacional e intenção de fulminar conquistas dos pobres.

O governo Temer nasce irrevogavelmente ilegítimo.

O golpe vagabundíssimo de 2016 é mais um na história do país.

A República, em 1889, foi proclamada num golpe.

Idem o governo imposto pelo golpe de 1930.

Seu chefe, Getulio Vargas, sapecou mais um golpe, em 1937, introduzindo a ditadura do Estado Novo.

Foi destituído por outro, em 1945.

Depois de Getulio regressar ao Catete bafejado pelas urnas, liquidaram-no numa madrugada de agosto de 1954 com uma dita licença do cargo. O golpe foi revertido pela bala no peito.

Em 1964, o golpe adiado por uma década depôs o presidente João Goulart e pariu a ditadura de 21 anos que barbarizou com golpes dentro do golpe.

O golpe de 2016 é o maior retrocesso da democracia brasileira nos últimos 52 anos.

Frustrou-se a esperança de que prevaleceria a vontade expressa nas urnas.

No lugar das diretas, indireta.

Na democracia, presidente se escolhe com o voto dos cidadãos.

Nessa tarde trágica, em tempos tormentosos, Renato Russo ecoa de novo: ”Hoje a tristeza não é passageira. (…) E quando chegar a noite cada estrela parecerá uma lágrima”.(fonte:blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol)

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