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Goiânia já tem 30 postos com falta de combustível por causa do protesto contra alta nos preços

Grupo bloqueia as entradas das distribuidoras desde a madrugada de segunda-feira (13). Com isso, produtos não estão sendo reabastecidos.

O protesto contra o aumento no preço dos combustíveis continua a bloquear a entrada de distribuidoras da Grande Goiânia na manhã desta terça-feira (14). De acordo com informações do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), a manifestação já faz com que pelo menos 30 postos trabalhem com falta de algum tipo de combustível para atender os clientes.

O ato começou na madrugada de segunda-feira (13) e bloqueou a porta de distribuidoras localizadas em sete polos em Goiânia e Senador Canedo, na Região Metropolitana da capital. Elas são responsáveis pelo fornecimento para todo o estado.

De acordo com Antônio Carlos de Lima, representante do Sindiposto, a situação do desabastecimento deve piorar ao longo do dia. “Até as 9h desta terça-feira eram pelo menos 30 postos que já trabalhavam na Grande Goiânia sem algum tipo de combustível, então, se a situação não for resolvida hoje, há um risco de desabastecimento, pois essas distribuidoras não funcionam no fim de semana. Sem contar que ainda tem o feriado nesta quarta-feira”, destacou.

Segundo o sindicato, cerca de 250 caminhões esperam nesta manhã nas portas das distribuidoras para carregar o combustível.”Estamos enfrentando dois problemas, que é o preço alto e o risco de desabastecimento. Com isso, muitos consumidores estão correndo aos postos para tentar abastecer e correm o risco de não ter o atendimento”, destacou.

Em Goiânia, o litro da gasolina comum pode chegar a R$ 4,49 e o do etanol a R$ 3,29. De acordo com o presidente da Cooperativa de Motoristas Particulares do Estado de Goiás (Coompago), Fabrício Nélio Feitoza, um dos líderes do movimento, enquanto esses valores não forem reduzidos, o protesto vai continuar.

“Não vamos sair daqui enquanto as autoridades não fizerem algo. Não há condições de manter os nossos orçamentos assim, então, os motoristas que estão aqui vão seguir firmes até o governo dialogue sobre a questão”, disse.

Transtornos

O site fez um giro pelos postos da capital e constatou que já há falta de alguns tipos de combustíveis. “Aqui acabou tudo. O etanol acabou na segunda feira e a gasolina agora de manhã. É só vai normalizar quando desbloquear as distribuidoras. Apesar do movimento baixo nos últimos dias, ontem e hoje o pessoal já procurou mais, com medo de que acabe em todo lugar e aí ficar sem combustível pra andar”, disse a auxiliar de um posto no Setor Vila Nova, Rafaela Matsuka.

O motorista de aplicativos de transporte Maycom Sander Magalhães tentou abastecer o carro com etanol, mas foi informado que não havia mais no posto. “Antes eu gastava R$ 50 por dia. Agora é entre R$ 75, R$ 80. Isso no fim do mês faz muita diferença. E não compensa abastecer com gasolina, é muito mais caro e não rende tanto. O jeito é procurar outro posto que tenha etanol”, afirmou.

O locatário de imóveis Sebastião Camilo Braga diz que a alta no preço dos combustíveis prejudica todos os setores. “Tudo precisa ser transportado de um lugar para o outro, então como depende do combustível, tudo fica mais caro, como a comida, remédios, tudo”, disse.

Em outro posto no Setor Pedro Ludovico, o gerente Rogério Gomes afirma que o estoque está baixo, mas ainda dá para trabalhar até o feriado da Proclamação da República. Apesar da queda no movimento, ele apoia o protesto dos motoristas.

“Tem realmente que se fazer algo para diminuir essas pressões. Não é só o motorista que sofre com esses aumentos, os postos também, porque o movimento cai bastante. O pessoal não abastece mais a mesma quantidade de antes”, disse.

Protesto

O protesto começou por volta das 5h de segunda-feira. O grupo é formado por motoristas, caminhoneiros, mototaxistas, taxistas e motoristas de aplicativos. Os manifestantes se reuniram em frente ao estacionamento do Estádio Serra Dourada e seguiram pela GO-020 até a porta das distribuidoras em Senador Canedo.

Os manifestantes reclamam do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é de 30% para a gasolina e de 25% para o etanol. Eles também protestam contra a prática de cartel entre os postos, padronizando os preços. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), Goiânia tem o valor médio do litro da gasolina mais caro do país.

Em nota divulgada na segunda-feira (13), a Secretaria da Fazenda negou que o aumento dos preços ocorreu por causa do ICMS cobrado dos postos. “Embora a alíquota do ICMS de combustível seja aparentemente elevada, ela está em linha com a tributação que diversos estados brasileiros praticam. Grande parte deles cobra entre 25% e 31%”. Ainda de acordo com a secretaria, a “última alteração da alíquota de gasolina fará dois anos em janeiro, que passou de 27% para 28%, mais os 2% de contribuição do Fundo Protege. De lá para cá, no entanto, vários aumentos de preços foram repassados ao consumidor. Além disso, existem diversos benefícios fiscais que diminuem a carga tributária do etanol (25%), diesel (16%) e etanol anidro (que é misturado à gasolina). No caso do etanol, a maioria das usinas também tem o benefício somado do Produzir, resultando em carga tributária real entre 9% e 11%.”

O representante do Sindiposto, Antônio Carlos de Lima, afirma que não existe essa prática criminosa no setor. “Para ter cartel, tem que ter combinação prévia, dolosa e com fim de manipular mercado. Até hoje nenhum dono de posto foi condenado por cartel no estado de Goiás. Na Justiça não se prova a combinação prévia, dolosa e com fim de manipular mercado”, justificou.

Ação contra os postos

Por causa do preço do etanol, a Superintendência Estadual de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon-GO) propôs uma ação contra 60 postos de combustíveis suspeitos de aumento abusivo no valor do combustível. Segundo o órgão, alguns estabelecimentos tiveram lucro de até 120% em Goiânia. 

O reajuste também influencia no valor da gasolina.“A elevação do etanol sem justa causa está mantendo o preço da gasolina do jeito que está, elevado desta forma por falta de opção do consumidor de buscar o outro combustível”, afirma a superintende do Procon-GO, Darlene Araújo.

A superintendência informou que pesquisou o preço do etanol em 160 estabelecimentos entre o fim do mês de outubro e início de novembro. Conforme o levantamento, o lucro bruto dos postos de combustíveis saltou de R$ 0,24 para R$ 0,53 por litro de etanol vendido, sem justificativa, nestas 60 unidades. O Procon-GO divulgou a lista dos postos acionados no site do órgão.

O advogado do Sindiposto defendeu que a atitude dos estabelecimentos acionados não é ilegal. A entidade, que representa grande parte dos postos da capital, informou ainda que a postura foi adotada pela minoria.

“Ter lucro no comercio não é proibido. Há 1.620 postos, destes, 60 estavam querendo ganhar um lucro maior que os outros. Que mal há nisso? Não é proibido ter lucro. Na visão do Sindiposto, é prática normal de comerciantes quererem ter lucro. Como tem até 40 centavos de diferença de preço, cabe o consumidor procurar onde está mais barato”, disse Antônio Carlos ao G1.

A Polícia Civil está investigando a formação de cartel entre postos de combustíveis de Goiânia. Segundo a corporação, o processo está em andamento na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor. O Procon também acredita nessa prática.

Manifestantes bloqueiam distribuidora de combustíveis em Goiânia e Senador Canedo (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

 

G1/Goiás

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