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Força e superação: conheça a história de uma das mulheres pioneiras de Palmeirópolis

Dona Itelvina: a trajetória de uma mulher forte, guerreira e corajosa.

A construção do município de Palmeirópolis tem uma face feminina que poucos conhecem.

Em meio à terra avermelhada e as dificuldades enfrentadas, mulheres de contextos culturais muito distintos, participaram da criação.

Eram mães, esposas, professoras, donas de casas, trabalhadoras rurais, perfis daquelas que tinham a coragem como ponto em comum.

Porém, pouco se fala sobre a história das mulheres na construção da cidade e do município de Palmeirópolis, mesmo que elas estejam presentes há séculos, na área.

Por isso, já passou da hora de dar destaque, às diversas contribuições femininas, que impactaram no desenvolvimento dessa terrinha, favorecendo o crescimento.

É por isso, que neste post, vamos contar um pouco, a história da dona Josina Medeiros Santos, conhecida como Itelvina.

Uma pioneira do munícipio, que chegou, quando existia apenas alguns ranchos de palha na cidade, enfrentando barreiras com força e determinação.

Dona Itelvina e seu marido Saturnino Tavares, construíram sua linda e grandiosa família no município de Palmeirópolis, e é um exemplo de história viva na região.

Suas conquistas e trajetórias de vida, servem de inspiração e exemplo, para as gerações seguintes.

Ao lado do primeiro filho, neto, bisneta e primeiro tataraneto/arquivo de família.

Em maio de 1954, dona Itelvina com apenas 20 anos de idade, acompanhou seu sogro, Antônio Tavares, juntamente com seu esposo Saturnino Tavares e o cunhado, apelidado de (Raimundão), até Palmeirópolis. Ela grávida de seu primeiro filho – Osvaldo Tavares dos Santos.

Para chegar em Palmeirópolis, tudo era difícil. Se hoje dispomos de estradas e meios de transportes, não era assim no passado.

Não tinha rodovias, apenas “trieiros”, (pequena estrada feita para só uma pessoa ou animal passar). Andavam a pé, a cavalo, outras vezes, puxando o animal, pois tinha morro e pedregulhos.

Ela contou emocionada, que a ‘viagem foi sofrida e chorou durante dias, ao chegar no destino’.

Quando a família Tavares de dona Etelvina, chegou ao município, só tinha a residência do senhor Anísio Baiano, (fundador de Palmeirópolis).

Entenda

 “Quando chegamos ao município chorei demais. Era solitário e triste, às margens do rio Mucambinho, (região do Morro Solto). Nós tínhamos uma barraquinha, e meu falecido esposo Saturnino, trouxe um gadinho (vacas), junto com a mudança. Já estava grávida e tudo era campo aberto (terra), não tinha pasto fechado, para o rebanho. Com isso, o gado sumiu no ‘morro solto’, e Saturnino bateu quarenta dias no campo, procurando as vacas, eu ficava sozinha esperando sem notícias”, falou emocionada.

Relatou ainda, que os macacos chegavam e ela chorava de tanto medo.

Fato inusitado.

“Um dia, nós estávamos na barraca, eu chorava de tanto medo, peguei uma criança para me fazer companhia, (sobrinho da comadre Silvera), pois não conseguia comer sozinha. O nosso cachorro latia muito e ninguém entendia o porquê. De repente, um jacaré atravessou minhas pernas, saímos correndo. Quando o compadre Raimundo chegou, o Jacaré já tinha ido embora pra água”, contou.

Em Palmeirópolis foi parteira, e se orgulha de jamais ter deixado uma criança, ou a mãe morrerem.

Realizou cerca de 80 partos no município, sempre afirmando que o Altíssimo a ensinou nessa missão. “Eu tenho Deus comigo, sou muito feliz por ter ajudado muitas vidas”, argumentou.

Saturnino Tavares, tinha um engenho de bois, sempre trabalhando na lavoura e agricultura. Depois comprou um engenho de ferro, uma máquina de arroz, que carregava trinta latas na hora de limpar. Comprou também um tacho de cobre, onde seu filho até hoje cuida e faz doces.

Ela explicou ainda, que não vendeu nada quando o esposo faleceu, “está tudo lá e meus filhos cuidando”.

Era difícil chegar mantimentos e outras produtos em Palmeirópolis. Para adquirir roupas, o seu marido tinha que viajar até Ceres, uma vez ao ano, afim de comprar tecidos, que ela mesmo costurava a mão. Fazia até roupa de noiva. “Deus me deu sabedoria, passávamos anos, com dois ou três vestidos”, contou.

Explicou sorrindo que, de ano em ano, seu Saturnino ia buscar os tecidos e trazia o mesmo pano, não mudava nada. “Era um pouco sem noção, não sabia escolher panos diferentes, sempre trazia os mesmos”, (risos).

Essa mulher guerreira, se orgulha em terminar a entrevista com o seguinte argumento:

“Estou esperando por Deus, alegre e satisfeita, porque até aqui, não perdi nenhum filho. Não vi nenhum morrer, ser preso, ou roubando. Todos simples, mas com uma boa conduta e reputação. Quero que o Criador me leve antes que eu veja um filho morto”.

Natural de Itapaci Goiás, Josina Medeiros Santos, conhecida como Etelvina, filha de Manoel Sebastião Medeiros de Souza e Maria Bernardes de Oliveira.

Aos 88 anos, nasceu em 09 de agosto de 1934. Em janeiro de 1954, se casou com Saturnino Tavares dos Santos e desce amor, deu vida, a 11 filhos biológicos e 6 de criação.

Viúva do seu Saturnino Tavares dos Santos/foto: arquivo de família.

Atualmente ela tem 35 netos, 65 bisnetos e 4 tataranetos. Saturnino Tavares, faleceu dia 31 de julho de 1992.

Entrevista: Aurora Amorim

Adaptação/Rozineide Goncalves

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