Vereador passou dois dias preso suspeito de participar de esquema criminoso. Ele recebeu apoio de vereadores e disse que a Polícia Civil invadiu a Câmara.
O vereador José do Lago Folha Filho (PSD) reassumiu na manhã desta quinta-feira (9) a presidência da Câmara de Vereadores de Palmas. Ele deixou a Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPP) na tarde desta quarta-feira (8), após passar dois dias preso. Folha foi um dos alvos da 2ª fase da operação Jogo Limpo, realizada pela Polícia Civil do Tocantins.
O parlamentar é suspeito de ser um dos mentores de um esquema criminoso que desviou R$ 7 milhões da Fundação Municipal de Esporte e Lazer (Fundesportes) e da Secretaria de Governo e Relações Institucionais da capital. Ele foi liberado a pedido da própria Polícia Civil e vai responder ao processo em liberdade.
“[…] fizeram da minha imagem, construíram para aqueles que não me conhecem, algo tão diferente. Eu pensava que era desnecessário tanta exposição da nossa imagem, mas observei que político que tem cheiro de povo não baixa a cabeça não se agacha”, disse o presidente durante a sessão.
Folha disse que teve a oportunidade de esclarecer todas as dúvidas da polícia. Porém, reclamou que a polícia “invadiu” o parlamento e causou danos na casa dele. “A polícia foi no meu apartamento, a minha esposa disse que eu estava viajando e foram lá e quebraram a minha casa toda. Tinha necessidade de quebrar as portas da minha casa, de quebrar o portão? Não tinha, mas eu tenho que respeitar o trabalho da polícia.”
O parlamentar recebeu apoio de diversos vereadores, que criticaram a ação da polícia em pedir mandados de prisão e expor a imagem do presidente da câmara. “Com o fim da condução coercitiva fomos surpreendidos aqui no Tocantins pela prisão preventiva para pegar vossa excelência como foi capturado […] fizeram questão de lhe colocar a roupa laranja e isso viralizou em todo lugar”, disse o vereador Thiago Andrino.
Outros dois vereadores são alvo das investigações: Rogério Freitas (MDB), prestou depoimento e foi liberado, e o Major Negreiros (PSB), que foi preso no Rio de Janeiro e chegou em Palmas nesta quinta-feira (9).
Investigações
A polícia apura o desvio de R$ 7 milhões da Fundação Municipal de Esporte e Lazer (Fundesportes) e da Secretaria de Governo e Relações Institucionais da capital. As investigações apontam que o dinheiro teria sido usado para financiar campanhas eleitorais em 2014. A verba seria destinada para projetos sociais e de incentivo ao esporte.
De acordo com a Polícia Civil, empresas fantasmas emitiam notas fiscais frias para justificar despesas e serviços na prestação de contas dos convênios. Esses serviços nunca chegaram a ser realizados, segundo a apuração. Os valores recebidos eram desviados para servidores públicos, presidentes de entidades, empresários e agentes políticos.
Outro lado
O presidente da Câmara de Palmas disse que desconhece as acusações e que não autorizou que fossem feitos depósitos na conta dele e garante que é inocente.
A Prefeitura de Palmas informou que está à disposição da Justiça e da investigação para contribuir com qualquer esclarecimento. O vereador Rogério Freitas disse em entrevista à TV Anhanguera que até o momento não foi acusado de nada e é inocente.
O vereador Major Negreiros ainda não se posicionou sobre as acusações.
2ª fase da operação
Na sexta-feira (3), a Polícia Civil informou que os alvos dos mandados contra empresários, servidores públicos e políticos. As prisões e buscas foram realizadas em Palmas, Goiânia, Fortaleza do Tabocão e Aparecida do Rio Negro. Equipes também cumpriram mandados de busca na Câmara Municipal de Palmas.
A operação é feita pela Delegacia de Repressão a Crimes de Maior Potencial Contra a Administração Pública e conta com o apoio de 40 delegados e mais de 110 policiais civis.
Ao todo, foram 26 mandados de prisão cumpridos. Nesta quinta-feira (9), apenas o vereador Major Negreiros está preso. Ele deve prestar depoimento durante a tarde.
1ª fase da operação
A primeira fase da operação foi realizada em fevereiro deste ano contra uma organização criminosa suspeita de lavagem de dinheiro. O crime era praticado por meio de entidades sem fins lucrativos e empresas fantasmas, conforme as investigações. Ao todo, 10 federações e organizações não governamentais (ONG) podem estar envolvidas, além de quatro empresas.
Na época, os policiais cumpriram 24 mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão em Palmas e em mais quatro cidades do Tocantins: Paraíso do Tocantins, Nova Rosalândia, Paranã e Miracema.