A apresentadora do SBT afirmou que o “pedido de impeachment (de Mourão) não tem respaldo político nem legal”
ÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP) respondeu a críticas da jornalista Rachel Sheherazade e defendeu nesta segunda-feira (22) o pedido que fez para afastar do cargo o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB).
A apresentadora do SBT afirmou, em entrevista à Folha de S.Paulo, que o “pedido de impeachment não tem respaldo político nem legal. Não passa de mais um factoide para agitar militância, criando uma falaciosa conspiração do vice”.
Sheherazade foi envolvida no caso porque o parlamentar usou como base para pedir o impeachment o fato de o vice ter curtido uma mensagem dela no Twitter com conteúdo elogioso a si próprio e crítico ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Na mensagem, do último dia 8, a jornalista deu parabéns a Mourão “pela lucidez” em uma palestra na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.”
Finalmente um representante do governo não nos causa vergonha alheia. Muito pelo contrário: o vice mostrou como ele e o presidente são diferentes: um é o vinho, o outro vinagre”, escreveu na rede social. No pedido de impeachment, Feliciano apresenta outras evidências a título de comprovar que o vice age com deslealdade perante o presidente, como “críticas e contraditas” feitas em público que colidem com posicionamentos do titular do Planalto.
A principal tese do parlamentar é que Mourão conspira contra Bolsonaro. Sheherazade disse que “o deputado parece desconhecer a Constituição e as leis do país”, já que o fato de Mourão dar like na postagem nem de longe seria suficiente para justificar o afastamento.
O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, também usou a manifestação de Mourão no post de Sheherazade para criticar as movimentações do vice. “Tirem suas conclusões: e tem muito mais…. não se atente tanto no que a pessoa diz, mas em quem curtiu!”, disse ele em rede social.
Em nota enviada à reportagem, Feliciano afirmou que não entrou com o pedido “baseado unicamente na chancela que o senhor Hamilton Mourão deu a comentários extremamente negativos ao presidente” publicados pela apresentadora.”
A denúncia tem 13 páginas descrevendo detalhadamente inúmeras condutas desleais do senhor Mourão para com o presidente Bolsonaro e para com a instituição Presidência da República”, continuou ele.
Segundo o deputado, “a principal dessas condutas desleais foi o fato de Mourão ter aceitado convite para palestrar em uma instituição estrangeira, na capital dos Estados Unidos, e no convite para tal palestra o mesmo ser louvado como o homem capaz de guiar o Brasil tanto na agenda doméstica como na externa, ou seja, colocando Mourão como alguém melhor para presidir o país”.
Em resposta aos comentários de Sheherazade, Feliciano escreveu: “Bem se percebe a falta de cultura jurídica da referida jornalista, que afirmou que a ‘curtida’ dada pelo vice-presidente na sua postagem seria um ‘nada jurídico’. Ora, qualquer aluno do primeiro ano do curso de direito bem sabe que o objeto da ciência jurídica é justamente a conduta humana, inclusive em redes sociais”.
Feliciano também contestou a afirmação da jornalista de que os cidadãos não pagam o salário do deputado para ele “ser vigia de redes sociais”. O político disse que estava, sim, fazendo jus ao seu salário, “visto ser missão constitucional dos parlamentares a fiscalização dos atos do Poder Executivo”.
“Gostaria de ressaltar que não pedi o impeachment do vice-presidente na defesa do cidadão Jair Bolsonaro, mas, sim, defendendo a estabilidade das instituições e as reformas estruturais”, afirmou Feliciano, que é vice-líder do governo no Congresso e presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano.
Ele acrescentou que “as contraditas públicas do vice-presidente em relação ao presidente da República, feitas de forma pública e quase que diariamente, estavam minando a autoridade presidencial e gerando instabilidade política, o que é ruim para o país e ruim para as reformas”.
Mourão tem reagido com tranquilidade ao pedido. Instado por repórteres na semana passada, buscou minimizar o caso. “Isso aí é bobagem. Se prosperar, eu volto para a praia”, disse o general.Feliciano, em entrevista à coluna Mônica Bergamo, sugeriu que a petição é mais para dar um susto no vice do que para efetivamente derrubá-lo. “Não é um tiro para matar. É um tiro para o alto”, comparou.
O escritor Olavo de Carvalho incentivou o deputado a apresentar o pedido, com o argumento de que seria preciso blindar o presidente Bolsonaro, que não estaria “conseguindo governar”.
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