Pediatra explica os malefícios do problema que tem se tornado cada vez mais corriqueiro.
Nas grandes cidades tem sido cada vez mais comum encontrarmos adultos estressados e com uma rotina corrida. O problema é que os efeitos nocivos desse estilo de vida têm afetado também as crianças, acarretando muito mais problemas de saúde física e mental na turminha do que se imagina.
A médica pediatra Dra. Flavia Oliveira, da clínica Medprimus, da capital paulista, conta que o estresse tóxico aparece principalmente nas crianças com a agenda cheia de compromissos, que acabam sobrecarregadas de atividades e são cobradas pelo alto desempenho, além daquelas que passam por algum tipo de abuso ou violência, seja ela física ou verbal. Ou ainda crianças que fazem o uso exagerado de tablets e celulares.
“A criança estressada apresenta menor desenvolvimento cognitivo, dificuldade de aprendizado, distúrbios do sono e de comportamento. Futuramente, podem ser adultos com hipertensão, obesidade, depressão e doenças cardíacas”, conta Dra. Flavia.Um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostrou que o estresse infantil pode ser dividido em três tipos: positivo, tolerável e tóxico. A divisão é feita de acordo com as reações às situações estressoras. O estresse positivo é gerado por situações cotidianas da criança, como ir à escola, tomar vacinas, injeções. As crianças têm de passar por essas situações, que podem ser trabalhadas para que elas aprendam a lidar com frustrações.
O estresse tolerável ocorre quando a criança passa por uma situação com um nível acima do que ela conseguiria lidar. Porém, mesmo sendo um estresse elevado, o suporte familiar adequado pode ajudá-la a criar e trabalhar estratégias para suportar o momento. Exemplo disso é a morte de um parente ou mudança de alguém próximo à criança.
Já o estresse tóxico é resultado de situações graves o suficiente para superar a capacidade da criança de lidar com os desafios, mas ela não tem estratégias para lidar. “Isso eleva o nível de cortisol no sangue, ocorre uma descarga de adrenalina e pode levar à perda de sinapses e limitações posteriores no aprendizado”, diz Dra. Flavia Oliveira.
A pediatra lembra que o estresse é considerado tóxico quando é recorrente e vem associado a um estímulo negativo que libera reação em cadeia ruim para o organismo: o coração acelera, a criança fica ansiosa e essa descarga vira uma rotina, fazendo com que o organismo tenha uma reação exacerbada diante de qualquer dificuldade”.
As frustrações devem permear a infância da turminha, segundo a pediatra, para que possam aprender a lidar com os fatos negativos e a encarar que há solução para os problemas.
“A agenda de miniexecutivo e a pressão para ser o melhor podem influenciar muito negativamente o desenvolvimento infantil e cabe aos pais aprenderem a lidar com isso da melhor forma para ensinarem os pequenos de que nem sempre seremos os melhores em tudo e está tudo bem com isso”, conclui a médica.
Notícias ao Minuto.