Ex-presidente articula com deputados e senadores próximos para abater processo contra Dilma
Brasília – Articulador informal do governo, o ex-presidente Lula conta com uma força-tarefa para tentar evitar o impeachment da presidente Dilma Rousseff e salvar o projeto do PT. Na Câmara e no Senado, parlamentares mais ligados ao ex-presidente, e que conversam com ele com frequência, se organizaram para atuar em várias frentes para abater o processo em curso na Câmara.
A atuação junto ao Palácio do Planalto para conter o impeachment é liderada pelos ministros Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), José Eduardo Cardozo (AGU) e agora também por Eugênio Aragão, novo ministro da Justiça. Os oito deputados titulares da Comissão do Impeachment se reúnem semanalmente com eles e também já se encontraram com Aragão, que assumiu a pasta há pouco menos de duas semanas.
A “tropa” de Lula é composta majoritariamente por parlamentares de São Paulo, berço político do PT, e do Rio Grande do Sul, onde os petistas ainda possuem considerável capital político.
Os deputados mais ligados ao ex-presidente – entre eles Paulo Teixeira (PT-SP), Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ), um dos escalados por Lula para defender o governo e que foi alçado à titular na Câmara por articulação do ex-presidente – montaram um grupo e dividiram a bancada em três frentes de atuação.
A jurídica, na qual trabalham Damous, ex-presidente da OAB do Rio, Teixeira e José Mentor (PT-SP); a de Orçamento, para destrinchar e tentar desmontar, na Comissão do Impeachment, os pontos mais ligados a denúncia das pedaladas fiscais, sob a tutela de Pepe Vargas (RS) e Henrique Fontana (RS); e a frente política, que mede os votos dos parlamentares da base, na qual atuam Arlindo Chinaglia (SP), Marco Maia (RS), Paulo Pimenta (RS) e Carlos Zarattini (SP).
As questões de ordem apresentadas nas reuniões do órgão e discursos contra o impeachment ficam mais a cargo dos partidos mais fiéis da base: PCdoB, PDT e Silvio Costa (PTdoB-PE), vice-líder do governo na Câmara. Mas Pimenta e Damous também costumam fazer discursos inflamados da tribuna, como na última segunda-feira, quando Damous chamou o QG da força-tarefa da Lava-Jato de “Guantánamo de Curitiba”. Ele também criticou a OAB, que se posicionou a favor do impeachment, e disse em 1964 a entidade também “embarcou na canoa do golpe”.
Partideco
“Diversos órgãos de imprensa estão denunciando mundo afora que há em curso neste país um golpe midiático, espetacularizado, com participação de determinados setores do sistema de Justiça brasileiro localizado na nossa Guantánamo chamada Curitiba. Isso não fica assim, não somos um partideco. Somos movimentos sociais e partidos políticos enraizados na população brasileira e não vamos aceitar o golpe”, bradou.
Lula costuma se reunir com os senadores e pedir mobilização contra o impeachment, orientando que procurem os integrantes da comissão na Câmara e tentem medir os votos. Nesta semana, em encontro em Brasília, Lula também pediu que já preparem o terreno no Senado, mas parlamentares admitiram que, caso o processo seja aprovado na Câmara, ele vai gerar um “efeito bola de neve” que não poderá ser contido no Senado. “Ele está energizado contra o impeachment”, contou um senador petista.
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