Veículo estaria ligado ao descarte irregular de lixo de vários hospitais públicos do Tocantins. Empresa responsável pela coleta é de ex-juiz eleitoral, que teve prisão decretada.
Um caminhão que seria usado para transportar lixo hospitalar foi encontrado abandonado num posto de combustível em Araguaína, na noite desta segunda-feira (12). Segundo o delegado Romeu Fernandes, foram localizados documentos da empresa responsável pelo caminhão no escritório do advogado e ex-juiz eleitoral, João Olinto Garcia de Oliveira, que teve a prisão decretada e é considerado foragido, suspeito de crime ambiental e associação criminosa.
João Olinto é um dos sócios da empresa Sancil Sanantonio Construtora e Incorporadora LTDA, contratada sem licitação para coletar o lixo do Hospital Regional de Araguaína e que teria depositado toneladas de resíduos num galpão, que fica no Distrito Agroindustrial (Daiara), na cidade. A empresa recebe mais de R$ 500 mil, por mês, pelo serviço.
As outras duas sócias da empresa Sancil, Ludmila Andrade de Paula e Waldireny de Souza Martins, também tiveram as prisões decretadas.
O governo informou que suspendeu o contrato com a empresa. O termo de paralisação dos serviços foi publicado no Diário Oficial do Tocantins desta segunda-feira e afeta seis regiões do estado: Bico do Papagaio, Médio Norte Araguaia, Cerrado Tocantins Araguaia, Amor Perfeito, Ilha do Bananal e Sudeste.
O galpão pertenceria ao deputado estadual Olynto Neto e filho do ex-juiz eleitoral, segundo a Polícia Civil. No local deveria funcionar uma fábrica de farinha, mas a estrutura está oficialmente desativada há pelo menos dez anos.
O delegado informou que as quase 200 toneladas de lixo que estavam dentro do local podem ter saído de vários hospitais públicos do estado. Segundo a Polícia Civil, foram encontrados materiais ligados aos hospitais de Gurupi, Porto Nacional e Araguaína.
Lixo foi encontrado dentro de galpão em Araguaína — Foto: Felipe Maranhão/TV Anhanguera
“Nós fizemos apreensão de algumas coisas. Então, tem material de Gurupi, de Porto Nacional, até agora que eu vi, e de Araguaína”, explicou Bruno Boaventura, delegado regional da cidade.
Esse é o segundo caminhão encontrado pela Polícia Civil. Também na segunda-feira, um veículo foi localizado dentro do terreno do hotel de João Olinto. O veículo estava no nome da empresa Agromaster S/A, também registrada no nome do deputado estadual Olyntho.
A polêmica começou na semana passada quando, após denúncias, a polícia encontrou o lixo armazenado no galpão. Foram achadas seringas, ampolas de remédio e curativos, entre outros materiais. Fiscais do meio ambiente e a Defesa Civil municipal interditaram o depósito clandestino. “Há um potencial risco de contaminação pela quantidade de materiais diversos que se encontram nesse local”, explicou o engenheiro João Guilherme Almeida.
Outro lado
A Secretaria de Estado da Saúde informou que, de forma preventiva, suspendeu o contrato com a empresa Sancil Sanantonio Construtora e Incorporadora LTDA até a apuração dos fatos. O serviço de coleta de lixo do Hospital Regional de Araguaína (HRA) será de forma pontual recolhido pela prefeitura da cidade.
O governo informou ainda que está na reta final do processo licitatório para contratação definitiva do serviço de recolhimento de resíduos das unidades hospitalares. “A atual gestão identificou a necessidade de realizar uma contratação em caráter emergencial para continuidade dos serviços, assim que a licitação for finalizada o contrato emergencial será encerrado e a empresa vencedora dará seguimento aos serviços no hospital.”
A TV Anhanguera entrou em contato com a assessoria do deputado Olyntho Neto, mas não houve reposta. Foram feitas tentativas de contato com João Olinto e com as demais sócias da empresa Sancil Sanantonio Construtora e Incorporadora LTDA, Ludmila Andrade de Paula e Waldireny de Souza Martins, mas sem sucesso. O número que constata no cadastro da empresa é inexistente.
No hotel da família Olinto, os funcionários não souberam dar informações sobre o proprietário. A TV Anhanguera também tentou contato com o escritório de advocacia da família, mas as ligações não foram atendidas.
G1 Tocantins.