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Bebê com doença cardíaca espera por cirurgia e mãe teme pela vida: ‘pode não aguentar’

No ano passado, 19 bebês morreram à espera de cirurgia ou porque não resistiram ao procedimento. No Tocantins não é realizado o procedimento.

A recém-nascida Laura Souza está na UTI desde o primeiro dia de vida. Ela nasceu com cardiopatia congênita e precisa ser operada com urgência. O problema é que no Tocantins não é feita a cirurgia. Por isso, os bebês são transferidos para outros hospitais.

No ano passado, pelo menos 19 bebês morreram. Segundo a Defensoria Pública, alguns não suportaram a espera pela cirurgia, outros não resistiram ao procedimento.

“A médica já falou que a gente pode até conseguir a cirurgia, mas ela pode não aguentar por causa da demora”, disse a mãe da Laura, a dona de casa Dalila Souza da Costa.

Emocionada, a mãe relatou que o estado de saúde da filha é grave. “O estado dela é muito grave, muito grave mesmo. Uma das partes do coração não se formou, que foi o ventrículo esquerdo. O que está mantendo ela viva é um buraquinho, todo bebê nasce com ele, mas depois de 48 horas, esse buraquinho se fecha. Ela está tomando os medicamentos para mantê-lo aberto até o dia da cirurgia”.

O empresário Thiago Lima passou pela mesma situação. A filha dele também nasceu com má formação no coração e depois de esperar pela cirurgia por 5 meses, não resistiu e morreu na UTI.

“A demora foi prejudicial, foi um dos principais fatores e a falta do serviço. Eu não fui o primeiro pai a perder um filho por conta de um problema assim, não sou o último também. Mas o que me deixa revoltado é saber que tem muita gente passando por isso”, argumentou.

A Defensoria Pública do Tocantins atende muitos casos como esses, ingressa na Justiça e consegue decisões favoráveis determinando que o governo providencie a cirurgia em outros estados. Mas, muitas vezes, os bebês não resistem.

“Nós contabilizamos aqui na Defensoria Pública, de pessoas que acessaram a justiça, tiveram a liminar e mesmo assim não tiveram sucesso na cirurgia, ou faleceram antes da intervenção ou depois. O número pode ser maior porque há pessoas que sequer buscaram a defensoria. No fim do ano, nós levantamos que na maternidade Dona Regina até novembro, teria tido 81 óbitos. Destes óbitos, alguns podem ser de cardiopatia”, explica o coordenador do Núcleo Especializado de Defesa da Saúde, Arthur de Pádua.

O defensor público disse ainda que o procedimento de cirurgia cardíaca pode ser implantado de duas formas no estado.

“Como a implantação do serviço demora e tem que fazer treinamento de pessoal, que o estado garanta o credenciamento com a iniciativa privada, seja em outro estado ou aqui mesmo. E num segundo momento, que o estado treine as equipes e estruturem esse serviço aqui, justamente a fim de que, quando tiver o diagnóstico, essa criança seja submetida diretamente a cirurgia”.

A Secretaria de Saúde do Tocantins informou que transfere os bebês para um hospital em Minas Gerais. Informou que a filha da Dalila está sob os cuidados de médicos no Hospital Dona Regina e está aguardando essa transferência, que, segundo a secretaria, já foi solicitada.

Sobre o caso da filha do Thiago, que morreu no ano passado, a secretaria afirmou que ela foi transferida para que fosse feito o procedimento.

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