Lei estadual prevê apenas o traslado das cinzas, mas o país africano não possui crematório, o que deixaria o processo mais caro do que trazer o corpo.
Após pedido da família, o governo autorizou, na quinta-feira (2), a trazer para Goiás o corpo do professor de artes cênicas e ator Adélcio Cândido, de 41 anos, conhecido como Yaru, encontrado morto em Luanda, na Angola. Segundo o Gabinete de Assuntos Internacionais, a legislação goiana prevê o pagamento do traslado das cinzas, mas na Angola não há cremação e, por isto, entrou com o processo para autorizar a trazer o corpo.
“A lei de assistência fala em limite do auxílio no valor de cremação e do repatriamento, mas encontramos a peculiaridade de não haver crematório na Angola. A cremação e o repatriamento ficaria mais caro do que o preparo e repatriamento do corpo até Goiás. Fizemos o pedido à Procuradoria Geral do Estado, que analisou a interpretação da lei e aprovou o custeio”, explicou o titular da pasta, Armando Melo e Santos.
Yaru sumiu em 22 de julho, após ir a uma festa. Ele foi encontrado morto dois dias depois. A TV Anhanguera apurou que o goiano foi vítima de latrocínio e foi morto asfixiado dentro do apartamento em que morava.
“Ele foi localizado dois dias depois quando um dos criminosos foi preso com o carro dele. Aí ele levou as autoridades até o local em que o corpo estava, em um apartamento de uma amiga que estava viajando e morava no mesmo prédio que ele. Como não há retorno das autoridades de lá, não sabemos o que de fato ocorreu”, disse um amigo de Yaru, Vichelson Mandu.
Mobilização para trazer o corpo
Os familiares ficaram consternados ao saber da notícia e, desde então, iniciaram uma campanha para arrecadar dinheiro para trazer o corpo do ator ao Brasil. Segundo os parentes, o traslado ficaria em cerca de R$ 50 mil.
Após estudar o caso, o Gabinete de Assuntos Internacionais decidiu entrar com o processo para a liberação do custeio do traslado do corpo. Com a aprovação por parte da PGE, é preciso que as autoridades da Angola enviem ao Brasil uma declaração a respeito da inexistência de crematório para que o processo seja instruído adequadamente. A previsão é de que o documento chegue ao Brasil ainda nesta sexta-feira (3).
Sepultamento
De acordo com Armando, o corpo de Yaru deve chegar ao Brasil em até dez dias. “Será o tempo que vai se levar para a contratação da empresa. Não temos como informar precisamente, em média, com base em processos anteriores, deve levar até uma semana e meia”, afirmou.
Os parentes de Yaru receberam a notícia sobre o custeio do traslado do corpo nesta sexta-feira. Sobrinha do ator, a funcionária pública Nahara Juliane Cândida de Jesus, de 28 anos, afirmou que foi um alívio.
“Tirou um peso das costas. Estávamos nas angústia de não conseguir o dinheiro. Graças a Deus, a gente vai poder sepultar o corpo dele”, disse a sobrinha.
Nahara Juliane conta que a última vez que viu o tio foi em março deste ano, quando ele a levou para o altar. Ela trata o momento como uma maneira feliz que teve de se despedir dele.
“Eu falei que ia me casar e falei que queria muito que ele viesse participar. Ele falou brincando que só viria se fosse entrar com a noiva. Daí eu respondi: ‘Então está convidado, pode se organizar para vir’”, recordou em entrevista à TV Anhanguera.
G1 Tocantins.