Veja a lista de convocados para a partida contra o Equador, marcada para setembro
Rio de Janeiro — Com sete campeões olímpicos, o técnico Tite divulgou na manhã desta segunda-feira na sede da CBF, na Barra da Tijuca, a lista dos 23 convocados para as partidas contra o Equador, em 1º de setembro, em Quito, e contra a Colômbia, cinco dias depois, em Manaus, ambas pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia-2018. Os dois jogos vão marcar a estreia de Tite à frente da amarelinha. O treinador herdou o cargo de Dunga, demitido após a eliminação na fase de grupos da Copa América Centenário, nos Estados Unidos. O goleiro Weverton, os zagueiros Marquinhos e Rodrigo Caio, o meia Renato Augusto e os atacantes Neymar, Gabriel Jesus e Gabriel Barbosa, o Gabigol, são os heróis do ouro relacionados.
A convocação tem novidades. Homem de confiança de Tite nas conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes nos tempos de Corinthians, o volante Paulinho retorna à Seleção, assim como o lateral-esquerdo Marcel, que andava esquecido por Dunga. Outras novidades são as inclusões de Fágner, Rafael Carioca, Giuliano e Taison. As ausências de Thiago Silva e Douglas Costa foram justificadas pelo treinador por contusões e pouco tempo para recuperação.
“Todos os atletas machucados se autoexcluíram, ou em processo de recuperação que não poderiam jogar. Queria atletas para jogar as duas partida. E o Douglas está inserido nestes atletas machucados — e boto todos os outros nesse contexto”, afirmou o treinador.
Tite aceitou o pedido de Neymar para não ser mais o capitão da Seleção. Revelou que o jogador o comunicou da decisão ao ser abraçado por ele no vestiário do Maracanã depois da conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e citou nomes dos possíveis herdeiros da braçadeira. “Eu não vou dar uma resposta categórica em cima disso. A tendência é o Miranda, que já foi capitão, Daniel Alves, também foi. Nesses primeiros jogos, a tendência é estar em cima desses profissionais. Vamos dividir as responsabilidades”, disse o adepto do rodízio nos tempos do vitorioso trabalho à frente do Corinthians.
A Seleção vive um momento delicado nas Eliminatórias. Dunga deixou o time em sexto lugar, ou seja, fora da zona de classificação. Hoje, o único país que participou de todos os mundiais não participaria sequer da repescagem. O Uruguai divide a liderança com o Equador, ambos com 13 pontos. Argentina (11) e Chile (10) completam o G-4. A Colômbia (10) ocupa o quinto lugar, que dá direito a uma repescagem contra um representante da Oceania. Com nove pontos, o Brasil está à frente apenas de Paraguai, Peru, Bolívia e Venezuela.
Embora o país viva a euforia da conquista da medalha de ouro, Tite deixou claro que, agora, a missão é classificar o Brasil para a Copa da Rússia. Logo, beleza não é fundamental neste início de trabalho. “Eu não gosto de ser o cara que quer ser o pessimista, mas também não quero ser o otimista irresponsável, dizer que está tudo bem e ficar fascinado pelo posto que estou no momento. O real é que a gente precisa entrar na zona de classificação, ter resultado. Mas antes do resultado vem o desempenho, jogar bem. Que a equipe tenha ofensividade, criação e também consistência de marcação. Esses três fatores têm que andar juntos”, disse.
Como a partida contra o Equador é na altitude de 2.800m, o coordenador Edu Gaspar antecipou que o elenco vai se apresentar na casa do adversário para se adaptar ao local. Antes do anúncio da lista, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, fez um pronunciamento sobre a conquista da medalha de ouro. “Temos que falar neste momento da alegria da conquista da seleção olímpica. Queremos dizer que foi uma disputa espetacular. Nossos jogadores se comportaram como homens valentes, guerreiros e venceram. O projeto olímpico da CBF não começou ontem ou há 30 dias atrás. Teve início após a Copa do Mundo de 2014. Foram dois anos de intenso trabalho e observação, acompanhamento de dezenas de atletas em seus clubes”, disse o cartola.
A seguir, a lista de Tite, a agenda da Seleção e a entrevista na íntegra…
Goleiros
Alisson (Roma), Marcelo Grohe (Grêmio) e Weverton (Atlético-PR);
Zagueiros
Gil (Shandong Luneng), Marquinhos (PSG), Miranda (Inter de Milão) e Rodrigo Caio (São Paulo);
Laterais
Daniel Alves (Juventus), Fagner (Corinthians), Filipe Luís (Atlético de Madrid) e Marcelo (Real Madrid);
Volantes e meias
Casemiro (Real Madrid), Giuliano (Zenit), Lucas Lima (Santos), Paulinho (Guangzhou Evergrande), Philippe Coutinho (Liverpool), Rafael Carioca (Atlético-MG), Renato Augusto (Beijing Guoan) e Willian (Chelsea)
Atacantes
Gabigol (Santos), Gabriel Jesus (Palmeiras), Neymar (Barcelona) e Taison (Shakhtar Donetsk)
AGENDA DAS ELIMINATÓRIAS
Equador x Brasil
1/9 – Quito (Equador)
Brasil x Colômbia
6/9 – Manaus
A COLETIVA DE TITE
CONVOCADOS
“Alguns atletas europeus, por estarem retomando as atividades, ficam prejudicados nessa avaliação e retomada de ritmo. E alguns com lesão. Em relação à convocação, é para os próximos dois jogos. Não quero ser o otimista irresponsável ou pessimista que vê só o negativo. Neste momento não estamos classificados e queremos estar entre os classificados. E aí surge outro momento. Esses dois jogos, no melhor momento de cada atleta. Ser justo neste aspecto. Mas é inevitável, por ser humano”
LISTA
“Essa lista foi feita há sete dias e foi firmada já na Fifa, pois havia essa necessidade pelo regulamento. Tivemos um cuidado em termos de equipe para deixar a seleção olímpica focada. Eles estavam pré-convocada desde o jogo contra Honduras. O legado fica com um senso de equipe forte, no momento difícil que enfretamos, o carinho do torcedor que senti na arquibancada assistindo ao jogo. O carinho que o torcedor passou para a seleção brasileira no jogo final. Precisamos desse carinho e compreensão. Estou falando de sentir que o atleta sinta, saber a dimensão. Quando se olha para o lado e vê um carinho, um abraço. Eu me entendo como torcedor, sentindo toda essa emoção. Fica esse legado. E um pedido também”
AUSÊNCIAS
“Existe uma série de jogadores que poderiam estar convocados, um pequeno detalhe acaba determinando uma convocação. É assim com relação a Geromel, Fernandinho, do City, Elias em uma retomada, Luan que fez uma sequência do trabalho. O Arão do Flamengo, que está crescendo. Não estou dando bala Juquinha para ninguém. Mas é um acompanhamento de trabalho, em vídeo e nos jogos. Na conversa com seus técnicos. Tem toda essa conotação”
CAPITÃO
“Acabou o jogo e fomos cumprimentar os atletas e eu estava dando um abraço no Rodrigo Caio. Falei que foi legal lembrarem do Rodrigo Caio. Aí dei um abraço no Neymar, e ele disse “Não quero ser capitão”. Eu disse: “Curte com sua família e deixa isso para depois”. A liderança tem muitos aspectos técnicos. Ele é um líder técnico. Tem o aspecto de falar com o público. Muitos podem ser dentro dessas diversas facetas”
DOUGLAS COSTA
“Todos os atletas machucados se autoexcluíram, ou em processo de recuperação que não poderiam jogar o jogo. Queria atletas para jogar os dois jogos. E o Douglas está inserido nestes atletas machucados – e boto todos os outros nesse contexto. O Rafael Carioca vem fazendo um grande campeonato, foi eleito um dos melhores da posição no ano passado. É merecedor da convocação. Citei o Fernandinho que está jogando no 4-1-4-1 do City. Hoje conversamos com o Vieira e com o auxiliar do Guardiola. Existe o acompanhamento destes atletas. O Fagner fez um grande campeonato e vem fazendo. O Paulinho a carreira dele fala por si só. Ele é campeão da Copa das Confederações, participou do Mundial no final desse ano, foi acompanhado in loco. Mostra o desempenho atual”
GOLEIRO
“Todo o acompanhamento de jogos e treinamentos do Weverton, do técnico de goleiros da Seleção, junto com o Taffarel. E esse primeiro filtro é uma responsabilidade dada ao Taffarel, que busca atletas para que haja uma definição minha. O contato com todos os profissionais que trabalharam com o Weverton fecharam nas características de atleta e pessoa de qualidade. Acrescido da seleção olímpica, mas já vinha fazendo um grande campeonato. Já estava, sim, dentro do nosso projeto de acompanhamento”
NORDESTINOS
“Eu busco dentro da minha qualificação profissional ser extremamente isento. Humanamente alguma influência vai acontecer. Se eu filtrar sem colocar região, se é europeu, qualquer que seja. Eu terei uma grande oportunidade. Eu estou vindo para o Rio de Janeiro e poderia convocar atletas do Rio para fazer média. Vou errar e acertar, mas quero procurar ser justo. Isso não está ligado a região ou local. Não tenho essa pretensão. A gente fica acompanhando essa evolução, independentemente do local”
EQUADOR
“Eu não posso trabalhar em cima do ideal, tenho que trabalhar em cima do fato real, que é o Equador. Se tiver altitude, é altitude. Monta-se estratégia, condições. Jogar bem ao longo desse tempo, ter uma evolução, e ter um bom resultado”
HIERARQUIA DOS CONVOCADOS
“Eu gostaria que tivesse uma conotação diferente de “parças”. Tem uma conotação de privilégio, e eu não busco. Talvez um outro adjetivo. Tu acompanha. Eu acompanhei o Taison in loco, ele joga numa posição que me dá a possibilidade de jogar com uma forma, com dois atacantes centralizados, com jogo apoiado e ter triangulações. É assim que ele tem jogado. E o Giuliano há duas temporadas tem jogado bem. O Paulinho fala por si só. Se eu tivesse assim, falando de “Parças”, eu traria o Elias. Não foi fácil deixar ele de fora, foi meu jogador até ontem. Mas falando de um ritmo e retomada de seu padrão normal. Tento, na medida do possível, ser justo e avaliar o momento”
SISTEMA TÁTICO
“Eu tenho ideias de futebol. Temos uma ideia brasileira, de que mais do que sistema, números de meio-campistas ou atacantes, a ideia principal está um pouco mais além, mais acima. Como a dinâmica da equipe responde. Uma ideia que está em compreensão além de que uma equipe ofensiva tem dois ou três defensores ou três ou quatro atacantes. Eu busco ser equilibrado, se for com três atacantes ou quatro meio-campistas… Uma ideia é clara: seis jogadores liberadores para o ataque. Se são os laterais, dois meias, isso é outro aspecto. “Eu vi uma entrevista do Antonio Conte. Ele disse que a seleção mais ofensiva da Europa é a Itália porque faz 64 ataques no jogo. Ele diz que libera cinco jogadores para o ataque. A maioria dos clubes brasileiros libera seis jogadores para atacar. Busco tudo isso para dizer que a seleção olímpica atacou com seis também. O campo e as qualidades de cada um vão falar”
EQUADOR E COLÔMBIA
“São duas equipes que estão acima da gente na classificação. Já estão montadas, tem nível de confiança, qualidade técnica. Com relação à Colômbia tem o James jogando parecido como joga no Real Madrid ou mais centralizado, jogando na frente. A partir daí está bom. Vamos pensar no Equador antes. É um grau de dificuldade muito alto. Eu gosto de olhar para a equipe em estágio inicial, e aí acaba olhando as virtudes do adversário”
POSIÇÃO DO NEYMAR
“Dois jogadores foram trabalhados para esse função de 9, o Jesus e o Gabigol. Há um legado dentro da Seleção com relação ao Dunga e ao trabalho realizado. O Gabigol de 9 teve um grande desempenho. Teve o jogo contra o Peru e uma parte que jogou contra Equador e Haiti. Buscamos todos esses aspectos. O Neymar pode trabalhar em uma ou outra, onde ele tenha uma rotina maior no lugar. Nos clubes onde esteve, onde se sente mais confortável é do lado esquerdo. Mas pode ser utilizado de forma central, dependendo do jogo. Mas sempre observado e deixando o atleta onde ele se sente mais confortável, pois ali ele produz mais”
GABRIEL JESUS
“Jogando de 9, ele permanece como goleador do campeonato. Ele pode jogar pelo lado, mas de 9 ele tem sido o goleador com o tamanho da dificuldade que é o Campeonato Brasileiro”
INFORMAÇÕES
“Buscar o maior número de informações possível. E ter o feeling de deixar os atletas mais confortáveis nas posições que exercem em seus clubes. E se puder ser porta-voz de um carinho externado a eles. A pressão é grande. Estamos falando de um Brasil que precisa e quer estar classificado para a Copa do Mundo. Mas antes da responsabilidade, fazer as coisas com orgulho. Transmitir a eles um pouco de confiança. Talvez essa coletiva passe a eles o objetivo”
OURO OLÍMPICO
“Eu não gosto de ser o cara que quer ser o pessimista, mas também não quero ser o otimista irresponsável, dizer que está tudo bem e ficar fascinado pelo posto que estou no momento. O real é que a gente precisa entrar na zona de classificação, ter resultado. Mas antes do resultado vem o desempenho, jogar bem. Que a equipe tenha ofensividade, criação e também consistência de marcação. Esses três fatores têm que andar juntos”
7 x 1
“Eu não gosto de ser o cara que quer ser o pessimista, mas também não quero ser o otimista irresponsável, dizer que está tudo bem e ficar fascinado pelo posto que estou no momento. O real é que a gente precisa entrar na zona de classificação, ter resultado. Mas antes do resultado vem o desempenho, jogar bem. Que a equipe tenha ofensividade, criação e também consistência de marcação. Esses três fatores têm que andar juntos. Agora é hora de dar um passo à frente com relação a isso. Para construirmos um futebol melhor. Estou tentando fazer isso. Meu legado, em não sei quantos anos de atividade. tento olhar para o processo. Isso pesa. Confesso que olhei lá para baixo no Maracanã e pensei: “É muita paixão e um misto de loucura”. Mas a paixão e a coragem é maior que um frio na barriga, como em todos os clubes que passei. E agora essa responsabilidade de desenvolver o trabalho e me aperfeiçoar
RODÍZIO DE CAPITÃES
“Eu não vou dar uma resposta categórica em cima disso. A tendência é o Miranda, que já foi capitão, Daniel Alves, também foi, e o Neymar, que foi na Olimpíada. Nesses primeiros jogos a tendência é estar em cima desses profissionais. Vamos dividir as responsabilidades”
AMOR À CAMISA
“De longe, e agora de dentro, sem jogar para o alto. Quem não gostaria de estar na seleção brasileira como atleta hoje em dia. Seja atletas por 30 segundos. Quem não gostaria de representar o país? Eu estou realizando um sonho meu, pessoal e profissional. Não é a grana que o cara tem. Porque se fosse grana, tem muitas pessoas que já estão prontos. Poderiam falar: “Não vou assumir a responsabilidade”. Poder ver as pessoas felizes com teu trabalho… Esse carinho, essa emoção, o quanto a gente se sente feliz. Quantas pessoas gostariam de estar no meu lugar. Quero deixar um legado, assim como deixou Dunga, Felipe, Parreira, Zagallo. Quero poder contribuir de alguma forma. O que mais realiza um profissional é estar na seleção brasileira. Às vezes a gente não tem dimensão do quanto é impressionante isso. Não é por falta de mobilização, de carinho. Não é porque a seleção olímpica foi campeã que deixou de ter mais carinho que a seleção feminina. Então a Marta tem mais amor ao Brasil que o Neymar? Não, gente… Cuidado para não misturar o lado profissional com o lado humano do cara”
CAMPEÕES MUNDIAIS NA SELEÇÃO
“Nesse primeiro momento quero estabelecer o treinamento, aquilo que é nosso objetivo, passa a ser prioridade. Mas na sequência do trabalho, que eu possa estar mais tranquilo, aí posso abrir espaço para que esses ícones e lendas possam passar essa experiência”
INTERCÂMBIO COM CLUBES
“Eu preciso saber, ver e entender para julgar e orientar. Busco com todos os atletas esse padrão, no dia a dia e agora. Com os profissionais do Brasil e fora, busquei canais de comunicação. Alguns que em algumas equipes não estão mais. Conversei com os 20 clubes da Série A e alguns outros. A maioria dos atletas de fora, eu assisti ou alguém da comissão assistiu. O Edu conversou com o Zidane, do Real. O Sylvinho conversou bastante com o auxiliar técnico do Liverpool, o acompanhamento dos jogos. Então, a gente discute sempre essa aproximação, de acompanhamento. Uns mais receptivos, outros nem tanto. Respeitando cada um”.(fonte:correio brasiliense)
EM CASA DA SELEÇÃO
“Não, só contra estrear”