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Após desbloqueios em distribuidoras, sindicato luta para abastecer postos de combustíveis em Goiás

Segundo representante, caminhões irão ser abastecidos e circularão em horário excepcional. Dos sete polos obstruídos por protesto contra alta nos preços, apenas um segue fechado.

Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto) deve realizar, a partir da madrugada de quinta-feira (16), uma espécie de força-tarefa para abastecer os postos de combustíveis de Goiás. De acordo com o órgão o intuito é tentar voltar a enviar o produto após bloqueios em distribuidoras durante protesto contra a alta nos preços. Dos sete polos em que havia impedimento, apenas um segue obstruído.

Conforme o representante do Sindiposto, Antônio Carlos de Lima, as distribuidoras vão operar em horário especial para poder normalizar a situação. No último balanço, divulgado na tarde desta quarta-feira (15), 60 cidades tinham falta de algum combustível, sendo que 15 não tinham nem etanol nem gasolina. O ato é organizado por motoristas, caminhoneiros, taxistas, mototaxistas e motoristas de aplicativos de transporte particular.

“Vamos fazer uma força-tarefa para tentar despachar 700 caminhões amanhã [quinta-feira] entre 3h e 19h. Isso é a capacidade máxima que temos em termos de logística no momento. Mesmo assim, ainda não vai suprir a necessidade de todo o estado”, disse Lima..

Lima prevê que, se os desbloqueios forem mantidos, a previsão é que todos os postos tenham combustíveis em quantidades satisfatórias na sexta-feira (17).

O ato começou na madrugada de segunda-feira (13). Em três dias de protesto e impedimento nas distribuidoras, a TV Anhanguera apurou que mais de 2 mil caminhões deixaram de ser rodar. Além disso, cerca de 46 milhões de litros de combustíveis deixaram de circular.

O Sindposto estima que o protesto causou um prejuízo de cerca de R$ 40 milhões ao setor.

 Liberação

Após liminares, os manifestantes deixaram nesta manhã três dos sete polos de distribuição de combustíveis, sendo dois em Senador Canedo e um em Goiânia. As outras foram desocupadas na parte da tarde por ação policial. Até às 20h desta quarta, os manifestantes bloqueavam a entrada de somente uma distribuidora, no Jardim Novo Mundo, na capital.

Apesar dos desbloqueios, segundo o Sindiposto, 90% das distribuidoras não tiveram expediente em virtude do feriado. O restante conseguiu carregar e liberar poucos caminhões carregados. Além de Goiás, as distribuidoras também fornecem o produto para os estados de Mato Grosso, Bahia e Tocantins.

Com o bloqueio, muitos postos de Goiânia e em cidades do interior ficaram sem gasolina e etanol. Motoristas enfrentaram longas filas para tentar abastecer. Além da espera, os clientes enfrentam altos preços no litro da gasolina, que pode chegar a R$ 4,99.

O advogado do movimento, Vinícius Pedro Giacomini Biazus, informou que deve entrar com recurso contra as três liminares. “Devemos recorrer ainda hoje, é questão de tempo”, disse.Ação contra os postosPostos de combustíveis ficaram sem etanol e gasolina em Goiânia (Foto: Guilherme Mendes/TV Anhanguera)

Por causa do preço do etanol, a Superintendência Estadual de Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon-GO) propôs uma ação contra 60 postos de combustíveis suspeitos de aumento abusivo no valor do combustível. Segundo o órgão, alguns estabelecimentos tiveram lucro de até 120% em Goiânia. O reajuste também influencia no valor da gasolina.“A elevação do etanol sem justa causa está mantendo o preço da gasolina do jeito que está, elevado desta forma por falta de opção do consumidor de buscar o outro combustível”, afirma a superintende do Procon-GO, Darlene Araújo.

A Polícia Civil está investigando a formação de cartel entre postos de combustíveis de Goiânia. Segundo a corporação, o processo está em andamento na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor. O Procon também acredita nessa prática. 

ICMS

Os manifestantes reclamam do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é de 30% para a gasolina e de 25% para o etanol. Eles também protestam contra a prática de cartel entre os postos, padronizando os preços. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), Goiânia tem o valor médio do litro da gasolina mais caro do país.

Em nota divulgada na segunda-feira, a Secretaria da Fazenda negou que o aumento dos preços ocorreu por causa do ICMS cobrado dos postos. “Embora a alíquota do ICMS de combustível seja aparentemente elevada, ela está em linha com a tributação que diversos estados brasileiros praticam. Grande parte deles cobra entre 25% e 31%”.

Ainda de acordo com a secretaria, a “última alteração da alíquota de gasolina fará dois anos em janeiro, que passou de 27% para 28%, mais os 2% de contribuição do Fundo Protege.

De lá para cá, no entanto, vários aumentos de preços foram repassados ao consumidor. Além disso, existem diversos benefícios fiscais que diminuem a carga tributária do etanol (25%), diesel (16%) e etanol anidro (que é misturado à gasolina). No caso do etanol, a maioria das usinas também tem o benefício somado do Produzir, resultando em carga tributária real entre 9% e 11%.” 

O representante do Sindiposto afirma que não existe essa prática criminosa no setor. “Para ter cartel, tem que ter combinação prévia, dolosa e com fim de manipular mercado. Até hoje nenhum dono de posto foi condenado por cartel no estado de Goiás. Na Justiça não se prova a combinação prévia, dolosa e com fim de manipular mercado”, justificou Lima.

G1/GO  

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