São 2 horas da madrugada e ainda não dormi.
Já que estou sem sono, decido que é necessário um cappuccino para deixar a madrugada mais quente e doce.
Saio de casa, pego um metrô e desço na primeira estação.
O bom de morar em uma megalópole é que a cidade não dorme e sempre há um restaurante, ou café à sua espera.
Meio absorto, entro no Café Expresso e peço ao garçom um cappuccino médio, que me traz o pedido com a agilidade e eficiência de poucos.
Com o propósito de estender o delicioso sabor dessa bebida na boca, fico brigando com a minha vontade absurda de virar o copo de uma vez.
Morar aqui é muito bom, mas confesso que ainda estou me habituando aos costumes do lugar.
Ô gente que gosta de comida crua!, mas até que tem um bom sabor.
Bem… ultimamente tenho me lembrado por bastantes vezes do Brasil.
Bate uma saudade!
Tomando o cappuccino, me vem à memória um episódio de quando eu ainda estava na terra de Gonçalves Dias.
Cena bizarra, diga-se de passagem!
Era uma manhã linda, dia tranquilo e eu estava tomando café, sentado na varanda da chácara, onde foi palco dos meus melhores verões…
De repente, a 500 metros de casa, as pessoas começaram o alarde… Parecia que algo de muito grave havia acontecido e eu ali observando de longe; a curiosidade demasiada não é meu forte.
Porém, a cada gole do café, mais gente se aglomerava…
Aquilo foi mexendo comigo, aguçando as expectativas do que poderia ser.
Não resisti!
Tinha que ver o que era, dar fim àquilo que servia de ânimo para os gritos e pulos do povo.
Coloquei a xícara sobre a mesa e fui, precisava descobrir o que causava tamanho tumulto.
Quando me aproximei do local e abri espaço entre as pessoas, o inesperado surgiu no meu campo de visão; contando ninguém acredita; aquela cena não sairá da minha cabeça e o pior é que ela fazia jus ao alvoroço:
Dois tatus brigando como se fosse a coisa mais normal!
É por isso e muito mais que sinto muitas saudades do Brasil, enquanto permaneço aqui no Japão…
– Garçom, a conta, por favor!
Washington Batista Cristã de Sousa