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Com crise, famílias buscam cursos de educação financeira

Segundo a a empresa de educação financeira DSOP, esse público aumentou 20% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015

Há quatro meses, a vendedora Carolina Fischer, de 28 anos, decidiu procurar ajuda profissional para planejar sua vida financeira. “Estava preocupada por que não conseguia guardar dinheiro, por falta de organização”, afirma.

Ela se matriculou em um curso de educação financeira e levou junto o marido, o também vendedor Celso Alves, de 33 anos. O curso foi realizado num sábado, em São Paulo, onde moram, durante o dia inteiro, com outras 30 pessoas.

Lá, receberam orientações de como gastar de forma consciente, e não fazer compras por impulso. Também aprenderam que é preciso ter metas para poupar.

“Foi importante para mudar a nossa mentalidade em relação ao dinheiro. Ficamos extremamente motivados e já estamos conseguindo poupar cerca de 20% da nossa renda”, diz a vendedora, cujo objetivo é comprar uma casa.

Como eles, outras famílias estão buscando orientação para lidar melhor com as finanças. Profissionais do setor têm notado um aumento deste segmento nos últimos anos, sobretudo com o agravamento da crise econômica. Segundo a a empresa de educação financeira DSOP, esse público aumentou 20% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015.

“Muitas dessas pessoas estão endividadas e sofreram queda na renda”, afirma Reinado Domingos, presidente da DSOP e da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros).

Para o planejador financeiro Fabiano Calil, em época de crise é comum que famílias busquem orientação por causa das incertezas em relação ao futuro. “Além disso, percebemos que gerações diferentes começam a buscar relações mais transparentes no que se refere às finanças”, diz Calil, que já atendeu grupos de até 30 pessoas, incluindo avós, pais, filhos e netos.

Segundo o educador financeiro Vinicius Azambuja, da empresa Novi, o planejamento financeiro dá mais resultado quando envolve toda a família. “Tem que ter sinergia e transparência para funcionar, porque não adianta um construir e o outro destruir.”

CORTE DE DESPESAS

Azambuja costuma atender muitos casais, como a dona de casa Sheila Centeno, 35, e o gerente de vendas Luciano Centeno, 31. Como moram em Londrina (PR) e Azambuja fica em São Paulo, o atendimento é feito via Skype. “Eu tive a ideia de buscar ajuda para organizar as finanças porque percebi que a situação estava ficando mais apertada com a inflação; temos duas filhas pequenas e apenas meu marido está trabalhando”, diz Sheila.

“Eu trabalho em uma multinacional, viajo muito, e não estava tendo tempo de cuidar das finanças”, diz o marido. Ele afirma que, com a ajuda do educador, o casal fez uma avaliação das despesas e já eliminou vários gastos supérfluos.

Eles reduziram a conta de energia elétrica e o pacote de TV paga e cortaram um seguro considerado desnecessário, por exemplo. As compras da casa são feitas por Sheila, que se organiza para ir onde é mais barato e aproveitar as promoções.

Com os cortes no orçamento familiar, foi possível reduzir as despesas mensais entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil, diz o gerente de vendas. “Nos demos conta de que gastávamos mais do que precisávamos e entrávamos no cheque especial sem a menor necessidade”, afirma.

O casal já tinha investimentos, mas o principal objetivo agora é formar uma reserva para possíveis emergências.

PREÇOS

Os preços para fazer um curso ou receber orientação de um planejador financeiro variam conforme o prazo, o número de pessoas envolvidas, o prestador de serviço e a complexidade de cada caso. Uma consulta com planejador pode custar a partir de R$ 300, enquanto um workshop de quatro horas sai a R$ 250 por pessoa e um curso de oito horas, cerca de R$ 450. Grupos familiares podem ter descontos.

A advogada Cinthia Castro, de 51 anos, resolveu matricular toda a família em um curso de educação financeira. Ela diz que sua filha, que tem 19 anos e está na faculdade, começou a fazer estágio e queria aprender a usar o dinheiro.

“Primeiro foram minha filha e meu marido fazer o curso. Eu ia fazer com o meu filho, de 17 anos, mas acabei mandando a namorada dele no meu lugar, pois achei que seria mais importante para ela”, afirma a advogada.

Segundo ela, a família aprendeu a anotar todas as despesas e a fazer planejamentos de curto, médio e longo prazos. Ela diz que gostou tanto da ideia que presenteou o filho de sua secretária com o mesmo curso, quando ele completou 18 anos.

OBJETIVOS

Os principais objetivos do público em relação à orientação financeira são o planejamento de aposentadoria e de investimentos e o gerenciamento de orçamento e dívidas, segundo uma pesquisa realizada em 2015 pelo FPSB (Financial Planning Standards Board), conselho que reúne e supervisiona entidades de planejamento financeiro em 26 países.

O levantamento, para o qual foram entrevistadas 19 mil pessoas, em 19 países, incluindo o Brasil, mostrou ainda que apenas 17% das pessoas afirmaram que têm muito conhecimento sobre questões financeiras. Cerca de 22% declararam estar confiantes de que vão atingir seus objetivos financeiros e 32% já possuíam um plano financeiro por escrito.

Entre os assuntos de interesse dos entrevistados destacaram-se estar livre de dívidas; estar preparado para uma emergência; comprar a casa própria; planejar a aposentadoria; gerenciar as próprias finanças; e ajudar outras pessoas financeiramente.

Os dados foram fornecidos pelo IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros), associado ao FPSB. Com informações da Folhapress.

Fonte:notícias ao minuto

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