Assim como no Rio de Janeiro e São Paulo, presos beneficiados com liberdade monitorada não têm acesso aos equipamentos. Motivo é a falta de pagamento para empresa
Faltam tornozeleiras eletrônicas para atender a demanda de beneficiados com a liberdade monitorada em Goiás. Há dias em que nenhum equipamento está disponível para quem sai das audiências com a recomendação da fiscalização eletrônica. E não há prazo para que novos equipamentos sejam enviados para o Estado. A empresa que fornece as tornozeleiras não vai enviar novos dispositivos até que pelo menos parte da dívida, que ultrapassa R$ 3 milhões, seja quitada.
Quando não há equipamento disponível, o preso faz um cadastro e é liberado. Assim que outro cumpre sua pena, regride ou progride de pena e devolve a tornozeleira, a pessoa cadastrada é informada por telefone ou por intimação para que compareça na Secretaria de Administração Penitenciária para colocar o dispositivo. Caso ele não compareça na data e hora marcada, entra para a lista de foragidos da justiça.
Antes dessa crise, eram instalados cerca de dez novos equipamentos por dia. Hoje, há dias em que nenhum dispositivo é colocado. Em Goiás, 1,6 mil presos mantêm a tornozeleira presa a uma das pernas atualmente (veja quadro). E pelo menos o dobro disso poderia ter acesso à alternativa. Nessa lista, há presos provisórios, outros que aguardam no centro de triagem, assim como os que saem das audiências de custódia.
Outros problemas recorrentes são falhas nas tornozeleiras, conforme O POPULAR apurou junto a funcionários do sistema prisional. A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) nega a informação (veja reportagem abaixo). A idade das fitas, que estão prestes a completar três anos de uso, oferece vulnerabilidade. Um técnico ouvido pela reportagem informou que a vida útil desses equipamentos, sem apresentar falhas, é de até dois anos. Quando ocorrem problemas sérios, as tornozeleiras são enviadas para Curitiba, onde é a sede da empresa fornecedora, a Spacecom. Em alguns casos, o equipamento é trocado, e um novo é enviado para Goiás. Mas existem avarias que acabam sendo “consertadas” pelos próprios servidores da SSPAP. Isso ocorre quando o problema é simples e o motivo é evitar que mais um equipamento seja retirado.
Cachoeira
O caso da falta de tornozeleiras ganhou visibilidade depois que o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e outros presos em operação da Polícia Federal, conseguiram o benefício da liberdade monitorada e não puderam ir para casa por falta do equipamento.
O governo do Rio mantém contrato com a mesma empresa que fornece para Goiás. A falta de pagamento para a Spacecom fez com que o envio de novas tornozeleiras seja suspenso até a quitação da dívida para o Estado do Rio.(fonte:o popular)