Defesa afirmou que não houve crime e que entrou com revogação da prisão.
Pároco foi afastado da igreja; testemunha depõe e relata ‘olhar indiscreto’.
A defesa do padre Fabiano Santos Gonzaga, de 28 anos, preso suspeito de estuprar um adolescente com deficiência mental, de 15, negou que ele tenha cometido o crime. O caso aconteceu na sauna de um clube, em Caldas Novas, região sul de Goiás. Segundo a advogada Lorena Paixão Nascimento, o sacerdote apenas conversou com o garoto.
“Meu cliente é inocente, sem sombra de dúvida. A polícia está fazendo as diligências e isso será comprovado no decorrer da investigação”, disse Lorena ao G1.
O padre foi preso no sábado (4). Segundo a polícia, ele estava na sauna de um clube quando encontrou o adolescente, que tem deficiência mental e teria sido impedido de sair até que o ato terminasse. Em seguida, ele contou sobre o fato a mãe, que acionou a Polícia Militar.
A polícia afirmou que encontrou material pornográfico no celular do pároco. No entanto, a advogada dele também nega a informação. Ela salienta que as imagens encontradas no aparelho são comuns em “qualquer grupo de Whatsapp”. Dentre elas, conforme explica, há fotos de homens de cueca e selfies do padre.
Lorena diz que seu cliente apenas conversou com o garoto, mas não fez nada contra ele. “Ele falou com ele como falaria com qualquer outra pessoa, mas não passou de 50 segundos. Dentro de uma sauna, um lugar público, é impossível acontecer esse tipo de ato e ninguém perceber”, avalia.
Ela revelou que já entrou na Justiça com um pedido de revogação da prisão.
Nova testemunha
Segundo a delegada Sabrina Leles, responsável pelo caso, um homem foi à delegacia espontaneamente nesta terça-feira (7) para prestar depoimento contra o padre. A testemunha afirmou que, minutos antes do ato, percebeu uma atitude estranha em relação a ele e aos filhos.
“Segundo ele, o padre passou e ficou olhando de forma erotizada para ele e para os filhos, que são crianças. O homem chegou a ficar bravo e tirar satisfação. Logo depois, percebeu que o padre estava envolvido em uma confusão e quando soube do que se tratava, veio falar com a gente”, disse.
De acordo com o homem, Fabiano passou por ele cerca de dez minutos antes de ser preso. A delegada afirmou que este depoimento foi incluído no inquérito porque corrobora a conduta que teria sido praticada pelo padre contra o garoto na sauna do clube.
Fabiano também foi levado do presídio para a delegacia nesta terça para prestar um novo depoimento, desta vez acompanhado de uma advogada. Quando questionado sobre o material pornográfico encontrado em seu celular, ele resolveu permanecer em silêncio.
Afastamento
O padre mora em Frutal (MG) e estava em Caldas Novas a passeio. De acordo com a Arquidiocese de Uberaba, responsável pela cidade, Fabiano será afastado, por tempo indeterminado, do exercício do ministério presbiteral ou qualquer outro encargo eclesiástico.
Por meio de nota, o padre Saulo Emílio Pinheiro Moraes, vigário geral, confirmou que o presbítero pertencente a clero de Uberaba e que aguarda as investigações. Ainda, pediu perdão pelo constrangimento ou dor causados pelo fato.
Confira a nota na íntegra:
“Diante do caso vinculado pelos meios de comunicação e que vem sendo apurado pelas autoridades legais, sobre o presbítero pertencente ao nosso clero, e o seu envolvimento em um caso de abuso sexual contra um adolescente, na cidade de Caldas Novas, no estado de Goiás, a Arquidiocese de Uberaba, vem a público para manifestar, que diante do exposto aguarda a apuração dos fatos, pelas autoridades competentes.
Como Igreja, repudiamos todo tipo de violência e abuso, nos mais diferentes níveis; e sentimos as dores daqueles que sofrem, principalmente quando envolve um dos nossos representantes. Informamos, também, que o referido padre foi privado do “uso de ordens”, pelo Senhor Arcebispo, Dom Paulo Mendes Peixoto, ou seja, não tem jurisprudência para presidir ou administrar qualquer sacramento. Sendo vedado o exercício do ministério presbiteral ou qualquer outro encargo eclesiástico, por tempo indeterminado para apuração dos fatos.
Pedimos perdão por qualquer constrangimento ou dor que pudemos causar com tal fato, e esperamos que tudo seja averiguado e resolvido o mais rápido possível, para que não haja maiores constrangimentos”.(fonte:g1/go)