Isabela do Amaral Vieira tinha 16 anos e estava internada desde o dia do acidente. Outras três garotas se feriram.
A adolescente Isabela do Amaral Vieira, de 16 anos, uma das quatro que foram arremessadas de um brinquedo em Ceres, região central de Goiás, teve morte cerebral na manhã desta segunda-feira (3). A informação foi confirmada ao site pela irmã da garota, a cabeleireira Gabriela Amaral Vieira. Outra ferida segue internada e duas já receberam alta. A Polícia Civil investiga o caso.
“Ela se foi. Não tem nem o que falar. Estamos sem chão. Era a caçulinha de sete irmãos”, disse Gabriela.
Após o acidente, Isabela recebeu o primeiro atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceres e depois foi transferida para o Hospital de Urgências de Anápolis (Huana), a 55 km de Goiânia, desde o dia do acidente. Por conta dos ferimentos, ela chegou a ter que retirar um rim.
Ao site, o Huana informou, por email, que ela estava com estado grave e que novas informações só seriam repassadas no boletim das 19h.
Cunhado de Isabela, o conferente João Paulo Oliveira Silva, 34, disse que toda família está muito abalada. “Todo mundo em choque, pedindo força para Deus porque é difícil. Uma jovem cheia de vida. Às vezes nós queremos uma coisa, mas o plano de Deus quer outra”, desabafa.
Acidente
O acidente aconteceu na madrugada de domingo (26). Além de Isabela, também ficaram feridas Thalia Aparecida Pires, Thatiely Carvalho Evangelista e Mariane Oliveira Dias, todas de 16 anos.
Thatiely foi a primeira a receber alta, um dia após o acidente. Ela prestou depoimento à Polícia Civil, na quarta-feira (29), e afirmou que antes de sofrer o acidente gritou por socorro, mas o som estava alto e o operador não a ouviu.
Já Thalia, que estava internada no Hospital Ortopédico de Ceres, foi liberada na sexta-feira (31). A adolescente, que sofreu ferimentos no braço, abdômen e perna, ainda precisa ficar de repouso.
Por outro lado, Mariane, que inicialmente foi levada para o Hospital Ortopédico de Ceres, foi transferida para o Intervida. O site não conseguiu contato com a unidade de saúde e com a família da garota nesta manhã.
Investigação
Responsável pelo parque, Juarez Alves da Costa já foi ouvido, mas pode ser interrogado novamente após a conclusão dos laudos. A polícia também colheu o depoimento do operador do brinquedo, Raimundo Genivaldo da Lima Costa.
O exame toxicológico do funcionário do parque ainda não ficou pronto, mas, durante depoimento, o profissional contou que não faz uso de entorpecentes e não havia ingerido bebida alcóolica no dia. O delegado Matheus Costa Melo disse que o operador relatou ter tentado salvar uma das vítimas.
“O operador disse que viu uma das meninas que caiu na plataforma e, quando viu, não lembra de ter desligado o brinquedo. Ele acredita que tenha mantido na posição de giro, o que faz com que o brinquedo pegue velocidade mesmo. A máquina teria diminuído a velocidade se ele freasse ou colocasse no neutro”, explicou.
A polícia precisa ouvir as estudantes feridas e novas testemunhas. Ele também deve analisar laudos periciais e a documentação requerida por ele ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), à Prefeitura de Ceres e ao Corpo de Bombeiros.
Documentos
O Ministério Público está analisando se a documentação apresentada pelo responsável pelo parque está dentro da normalidade. Segundo o promotor de Justiça Marcos Rios, os laudos assinados por um engenheiro mecânico foram emitidos dias antes dos brinquedos estarem montados.
“Os brinquedos foram montados no dia 22 de agosto. No entanto, as vistorias foram feitas no dia 17, ou seja, quando os brinquedos estavam ainda nos caminhões. Então estamos apurando para saber a legalidade das licenças apresentadas pela administração do parque à Prefeitura de Ceres e repassada a nós”, disse o promotor.
Gerente do parque, Anderson Amorim disse que as vistorias feitas pelo engenheiro mecânico foram feitas antes dos brinquedos serem montados, para viabilizar a vistoria do Corpo de Bombeiros, e também depois da montagem dos equipamentos.
“Os brinquedos são alocados, o engenheiro faz o rascunho e envia para os bombeiros. Os bombeiros fazem a vistoria e emitem outro laudo. A vistoria do engenheiro é mais visual, mas é suficiente para atestar que os brinquedos estão aptos a operar. Ele verifica toda a estrutura mecânica e elétrica”, defendeu.
G1 Tocantins.