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Mulheres vítimas de feminicídio no Tocantins são lembradas em manifestação na Capital

Várias vítimas de feminicídio no Tocantins foram lembradas durante manifestação pacífica ocorrida em frente ao TJ, em Palmas, nesta 3ª; famílias pediram por justiça.

Mulheres foram para a porta do Tribunal de Justiça do Tocantins na manhã desta terça-feira, 13, para chamar a atenção da sociedade e clamar por justiça às vítimas de feminicídio registrados nos últimos anos no Tocantins.

Motivados pela revolta em virtude da justiça ter concedido prisão domiciliar ao médico Àlvaro Ferreira, indiciado pelo assassinato da professora Danielle Christina Lustosa Grohs, familiares e amigos de várias vítimas se reuniram em frente ao Tribunal pedindo celeridade na punição dos responsáveis pelas mortes que permanecem sem solução, com os agressores ainda impunes.  

No ato, cartazes traziam as lembranças das mulheres mortas por seus próprios companheiros, relatando mais de 10 casos em que os agressores não foram julgados e estão soltos.

É o caso de Allan Moreira Borges, principal suspeito de assassinar a esposa, a professora Heidy Aires em dezembro de 2014. Ele permanece solto e ainda não foi julgado.

A mãe da vítima, Maria do Amparo, que mesmo cheia de pontos devido a uma cirurgia feita recentemente, compareceu à manifestação para clamar por justiça em memória da filha.

“Eu acho que a justiça faz pouco caso da gente porque a gente não tem condição e eles tem dinheiro e acham que o dinheiro pode tudo, mas eu tenho um Deus que vela por mim e eu sei que ele vai cobrar na hora certa. Eu acredito na justiça divina porque já se passaram 3 anos e até agora nada foi resolvido. Ele (Alan) entra com recurso sempre que está próximo de ir para a pauta de julgamento e fica enrolando. E nós da família ficamos de mãos atadas sem poder fazer nada. Além de tudo tive que entrar na justiça para garantir o direito de ver os meus netos. Tudo está a favor dele”, lamentou a mãe de Heidy.

Apoio e justiça

Na ocasião o delegado que representa a família de Danielle Christina, Edson Alecrim afirmou à imprensa que Álvaro Ferreira, posto em prisão domiciliar dia 7 de março, ameaçou várias pessoas ligadas a Daniele e que agora, fora da cadeia, pode continuar fazendo isso. “Ele é um homem perigoso. Pode muito bem continuar ameaçando e intimidando pessoas aqui fora, como já fez com pessoas que eram ligadas à Danielle”, afirmou. O advogado pontou ainda a “frieza” de Álvaro em ter arrombado e estar morando na casa em que Danielle foi assassinada.

A defensora pública do Núcleo da Mulher, Vanda Sueli Machado, presente na ocasião, ponderou sobre a importância de lutar pela efetividade da justiça.

“Nós apoiamos toda a luta no combate a violência contra a mulher e também buscamos que a justiça seja aplicada. Se a Lei fosse realmente efetivada, muitas dessas mulheres não estariam mortas hoje. A Lei Maria da Penha é maravilhosa, mas falta a implementação pelos Estados e sistemas de justiça. Falta a implementação de um juizado de combate à violência doméstica, com competência civil e criminal, que o Tocantins não implementou; a criação da Ronda Maria da Penha, do Botão do Pânico, que são mecanismos que vão fazer a efetividade do cumprimento da medida. Não é a vítima que tem que fiscalizar o cumprimento da medida, é o Estado e o Sistema de Justiça”, ponderou a defensora pública.

Também acompanhou o protesto e pediu justiça às vítimas a deputada estadual Luana Ribeiro, que relembrou alguns casos e disse que no Tocantins não pode mais haver espaço para esse tipo decrime.

“Estou prestando meu apoio e solidariedade às famílias das vítimas do feminicídio e clamando por justiça. O Tocantins é um estado de gente ordeira, esses crimes não tem lugar na nossa sociedade e a justiça tem que tomar providências para que outros crimes como esses não voltem a acontecer. Caso todos esses agressores permaneçam impunes, essa barbárie vai continuar, mas se a justiça agir de maneira eficiente esses crimes não serão recorrentes em nosso estado. Os números tem crescido assustadoramente e é uma realidade que nos machuca muito. Cada uma de nós sofre também quando uma mulher é agredida e assassinada”, declarou a parlamentar.

Luana Ribeiro pontuou ainda que um projeto de criação da Procuradoria da Mulher está tramitando na Assembleia Legislativa do Tocantins. “Nós poderemos acompanhar de perto os casos de violência e feminicídio e também atuar mais em defesa da mulher”, finalizou a deputada, que acredita que este ano o projeto seja aprovado e implementado.

Depoimentos

Casos como o de Ana Lúcia Feitosa, morta pelo companheiro na frente dos filhos; Silvia Cleide, morta após várias ameaças do companheiro; Edilene Oliveira, morta pelo marido, réu confesso e solto; Danielle Grohs, assassinada pelo ex-marido; Cinthia Naiane, brutalmente assassinada a machadadas pelo ex-marido; Juvênia Cunha, morta pelo ex-companheiro; Cirlene Pereira, também assassinada pelo ex-companheiro por não querer mais continuar com o relacionamento; Gilmara Barbosa, morta pelo ex-companheiro após uma série de ameaças; Heidy Aires, morta a facadas pelo marido enquanto dormia; Taísa Ribeira, encontrada morta, supostamente pelo vizinho “apaixonado”.

T1noticias

 

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