Segundo polícia, jovem alegou que, depois do programa, vítima não pagou e disse que teria lhe transmitido Aids. Mãe nega que filho era portador da doença: ‘É mentira’.
O crime aconteceu na noite de sexta-feira (18), na Avenida Perimetral e até então era tratado como um acidente de trânsito. Porém, a polícia recebeu uma denúncia anônima e começou a investigar a morte como homicídio.
Raul foi preso na segunda-feira (21), em casa. Ele contou à polícia que conheceu Walter pela internet há cerca de dois meses e que esse já era o terceiro programa que eles tinham combinado. Porém, ao final do encontro, os dois tiveram uma discussão.
“Eles discutiram, segundo o Raul Victor, pelo fato do Walter ter tirado o preservativo na hora da relação sexual. Na hora do pagamento, ele disse que não iria pagar e teria afirmado: ‘Eu vou te dar, na verdade, um presente. É o vírus [HIV] que está dentro de você'”, contou. Em sua apresentação à imprensa nesta terça-feira (22), o rapaz cobriu o rosto e ficou em silêncio.
Os dois saíram do motel ainda brigando e alguns metros depois, o estoquista desceu do carro. O garoto de programa alega que Walter pegou um tijolo para acertar o veículo e então resolveu atropelá-lo sem prestar socorro em seguida. Foram encontradas marcas de sangue da vítima cerca de 80 metros de distância do atropelamento. No entanto, ainda está sendo investigado se a vítima foi arrastada pelo carro do suspeito ou de outra pessoa.
O veícuolo usado no crime, um GM Corsa de cor branca, pertence ao irmão de Raul e foi apreendido na casa do pai dele já com o para-brisas – danificado no dia do assassinato – consertado.
O delegado disse que ainda não é possível confirmar se Walter era soropositivo e se Raul também teria sido contaminado pela doença.
O suspeito deve responder por homicídio. Se for condenado, pode pegar até 30 anos de prisão.
Mãe nega doença
A família de Walter esteve na delegacia. Muito abalada e chorando copiosamente, a mãe dele, a aposentada Jorcelina Pereira da Silva, de 72 anos, cobrava Justiça e negou que o filho tinha Aids.
“É mentira. Meu filho se cuidava muito”, afirmou.
Segundo a idosa, o estoquista já é divorciado e deixa um filho de 21 anos e uma neta, de 1. Ela disse que descobriu, pelo celular do filho, que o crime foi cometido por conta de R$ 70, valor cobrado pelo programa.
A vítima trabalhou durante oito anos em uma indústria farmacêutica em Catalão, no sudeste de Goiás. Porém, havia perdido o emprego e vivia há um ano com a mãe, em Goiânia.
“Você não imagina o que estou passando. Não como e não durmo. Minha vida é só chorar. Eu quero Justiça”, desabafou.