Ele é suspeito de lavagem de dinheiro em obras na Ferrovia Norte-Sul. Prisão estão relacionada a operação feita há uma semana, quando o filho dele e um advogado foram presos.
O ex-presidente da estatal Valec, José Francisco das Neve, mais conhecido como Juquinha das Neves, foi preso preventivamente pela Polícia Federal em Goiânia nesta sexta-feira (2). O advogado de defesa diz que acompanha o caso, mas não tem informações do motivo da detenção.
O pedido de prisão foi feito pelo Ministério Público Federal e está relacionado à Operação De Volta aos Trilhos. No último dia 25, Juquinha das Neves chegou a ser conduzido coercitivamente à PF. Na mesma data, o filho dele, o empresário Jader Ferreira das Neves, e o advogado Leandro de Melo Ribeiro foram presos.
Segundo o MPF, Juquinha e Jader “continuaram a lavar dinheiro da propina” mesmo depois de condenados à prisão, “produzindo provas falsas no processo para ludibriar o juízo e assegurar impunidade, além de custearem parte de sua defesa técnica (advogados) com dinheiro de propina”.
Durante a última fase da operação o MPF chegou a pedir a prisão preventiva de Juquinha das Neves, mas a solicitação foi indeferida pela 11ª Vara Federal da Sessão Judiciária de Goiás, que considerou não haver provas suficientes de atualidade criminosa. Apesar disso, o Poder Judiciário determinou a condução coercitiva contra Juquinha.
A assessoria de imprensa do MPF informou nesta manhã que, após os depoimentos colhidos na última semana, teve mais elementos para solicitar um novo pedido de prisão preventiva, que foi aceito pela Justiça.
No último dia 25, após deixar a sede da PF, o ex-presidente da Valec, estatal responsável pela construção da Ferrovia Norte-Sul negou as acusações em entrevista à repórter Giovana Dourado, da TV Anhanguera. “Tudo correto. Tudo declarado. Não existe nada até agora. Tem seis anos de investigação e é isso aí”. Juquinha das Neves ressaltou ainda que não possui nenhum patrimônio em nome de “laranjas”. Questionado se ele está tranquilo, respondeu: “Tranquilíssimo”
Neste ano, pai e filho pegaram, respectivamente, 10 e 7 anos de reclusão, por formarem quadrilha e lavarem de dinheiro nas obras de construção da Ferrovia Norte-Sul, praticados por Juquinha quando presidiu a Valec.
Segundo o MPF, o advogado é suspeito de ser “laranja” de Jader e Juquinha, além de auxiliá-los na ocultação do patrimônio.
Operação De Volta aos Trilhos
A operação De Volta aos Trilhos é um desdobramento das investigações da Lava Jato e nova etapa das operações O Recebedor e Tabela Periódica. Conforme os procuradores da República, a ação baseia-se em acordos de colaboração premiada assinados com o MPF pelos executivos das construtoras Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez, que confessaram o pagamento de propina a Juquinha das Neves.
De acordo com o MPF, a ação também é embasada em investigações da Polícia Federal que levaram à identificação e à localização de parte do patrimônio ilícito mantido oculto em nome de terceiros (laranjas).
Assim, os procuradores destacam que um dos principais objetivos da operação é o sequestro e apreensão dos seguintes bens:
- Apartamento no edifício IT Flamboyant, no Jardim Goiás, em Goiânia
- Apartamento em construção no Edifício Residencial Applause-New Home, no Setor Coimbra, em Goiânia
- Cinco casas populares localizadas no Condomínio Residencial Pôr do Sol II, na cidade de Bela Vista, Goiás
- Aeronave King Air, prefixo PT-WFNAeronave Neiva Seneca III, prefixo PT-VOV
- Nota promissória emitida no valor de R$750 mil
Cotas do capital social de Noroeste Imóveis Ltda., bem como dos imóveis registrados em nome dela: loteamento Jardim Noroeste, com quase 300 lotes, em Água Boa (MT); duas glebas de terra nos municípios de Breu Branco e Goianésia do Pará.
A Valec, informou, em nota, que “as irregularidades que motivaram a operação referem-se a períodos em que a empresa era gerida por outra Diretoria. Quando foi deflagrada a operação “O Recebedor”, a atual diretoria da Valec instituiu internamente uma Comissão Especial de Acompanhamento e Apuração com a finalidade de acompanhar fatos investigados e mantém seu compromisso com a probidade, a ética e a transparência no exercício da atividade pública”.
G1/GO