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Seis vítimas de violência doméstica são mortas em uma semana em GO

Crimes ocorreram entre 3 e 9 de outubro em Goiânia, Anápolis e Vianópolis.
SSPAP recebeu mais de 11,3 mil queixas sobre agressões neste ano.

Casos de violência contra mulheres tem chocado a população de Goiás nos últimos dias. Em uma semana, cinco crimes, cujos suspeitos são companheiros ou parentes das vítimas, resultaram em seis mortes no estado. Do total, foram quatro homicídos em Goiânia, um em Anápolis e um em Vianópolis.

Neste ano, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), foram recebidas mais de 11.300 queixas de violência doméstica. Só em Goiânia, segundo a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), foram presos, desde janeiro, cerca de 400 agressores.

A delegada Ana Elisa Gomes, titular Deam, diz que, apesar de cada caso ter uma história, os relatos de violência contra a mulher são sempre semelhantes, pois envolvem ciúmes, ameaças ou casos de companheiros que não aceitam o fim do relacionamento. Segundo ela, dos presos neste ano na capital, em 60% dos casos a violência não chegou a ser física, mas sim psicológica ou moral.

“Já nos primeiros sinais de possessividade do companheiro, de muito ciúme, de fiscalização no celular, de redes sociais, exigência de determinados comportamentos e condutas, a vítima deve procurar socorro, procurar a delegacia para que realmente ela saiba se está sendo vítima ou não de crime de violência doméstica”, alertou.

Confira abaixo os casos em que seis vítimas de violência doméstica morreram em uma semana:

Caillane Marinho – Vianópolis

Fisioterapeuta Caillane Marinho é encontrada morta dentro de casa; namorado é suspeito em Goiás (Foto: Reprodução/Facebook)
Caillane Marinho foi encontrada morta dentro de casa, em Vianópolis (Foto: Reprodução/Facebook)

O caso mais recente que resultou em morte é o da fisioterapeuta Caillane Marinho, de 27 anos,que foi encontrada com uma marca de tiro na cabeça dentro de casa, em Vianópolis, na região sul de Goiás, no último domingo (9). Segundo as investigações, a jovem estava no quarto da residência, onde morava com o namorado, o engenheiro agrônomo Diego Henrique de Lima, de 30 anos, que é o principal suspeito do crime e ainda não foi encontrado pela polícia.

Parentes disseram que Caillane namorava com o suspeito há seis meses e  passou a morar com ele há dois. Os relatos apontam que o relacionamento dos dois era conturbado e uma tia da jovem afirma que ela apanhava do homem, que já tinha sido preso por porte ilegal de arma.

“Ele era muito ciumento, obsessivo, do tipo machão. Mulher [para ele] tinha que ser submissa, fazer o que ele mandasse. Não sei qual era a relação deles entre quatro paredes, agora, que ele batia na minha sobrinha, batia”, disse Mariana Bastos. A vítima deixou uma filha de 7 anos.

Beatriz Medrado e Lídian Reis – Goiânia

Técnico de informática David Medrado, 35, matou a filha, Beatriz Medrado, 7, em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/Facebook)
Técnico de informática David Medrado matou a filha, Beatriz, e a ex-cunhada (Foto: Reprodução/Facebook)

Outro crime contra mulheres ocorreu na última quinta-feira (6), em Goiânia. Na ocasião, o técnico em informática Deivid Medrado, de 35 anos, matou a filha, Beatriz Reis Medrado, de 7 anos, e cometeu suicídio, no Setor Crimeia Leste. Antes, ele baleou a ex-mulher, Lidiane Gomes Reis Medrado, de 32, a ex-cunhada, Lídian Gomes Reis, de 29, e a ex-sogra, Maria de Jesus Reis, de 59

Segundo a polícia, David aguardou o ex-sogro sair da residência para comprar pão e entrou na casa, ainda na madrugada de quinta-feira. Após pular o muro, ele abriu fogo contra as pessoas que estavam no interior da casa e atirou contra si próprio.

 Após três dias internada, a ex-cunhada do atirador, Lídian Reis, morreu no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Já a ex-mulher e a ex-sogra permanecem internadas. Segundo boletim médico, divulgado na noite de terça-feira (11), Lidiane permanece com quadro de saúde considerado grave. Ela está intubada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já Maria de Jesus tem quadro de saúde regular. Ela respira com auxílio de oxigênio, mas está consciente, orientada, em um leito na enfermaria do hospital.

Parentes relataram que David e Lidiane estavam separados há oito meses, mas o homem não aceitava o fim do relacionamento. Ele foi proibido de se aproximar da família, depois que a ex-mulher registrou uma ocorrência policial contra o ex-companheiro por injúria, ameaça e roubo.

Edivânia Pereira – Anápolis

Dona de casa Edivânia Mota Pereira, de 34 anos, foi morta a facadas na frente das filhas, em Anápolis, Goiás (Foto: Reprodução/Facebook)
Edivânia Mota Pereira foi morta a facadas na frente das filhas, em Anápolis (Foto: Reprodução/Facebook)

No dia 4, dona de casa Edivânia Mota Pereira, de 34 anos, foi morta a facadas na casa em que morava, em Anápolis, a 55 km de Goiânia. De acordo com o delegado Renato Sampaio Cavalheiro, titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) da cidade, o principal suspeito é o marido dela, o pensionista Jansen Ricardo Gazoli, de 40, que “matou a esposa na frente da filha do casal, de 4 anos, e da filha mais velha de Edivânia de outro relacionamento, que tem 10 anos”. O homem foi preso na cidade de Americana (SP), na última sexta-feira (7).

“A menina mais velha nos disse que, na noite anterior ao crime, Edivânia e o marido discutiram, mas não houve nenhuma agressão física entre eles. Aí, a mãe decidiu dormir no quarto com ela e a irmã. Durante a madrugada, quando chovia muito, as crianças acordaram com os gritos da mãe. A menina disse que viu o padrasto esfaqueando a mulher”, contou o delegado.

Segundo Cavalheiro, após o crime, Jansen fugiu deixando as meninas sozinhas com a mãe, que já agonizava e acabou morrendo no local. O suspeito seguiu para a cidade paulista, onde mora a mãe dele, e, ao ser preso, o homem confessou que matou a esposa. Agora, ele será transferido para Goiás e, de acordo com o delegado, será indiciado por feminicídio.

Parentes de Edivânia relataram ao delegado que o casal vivia junto há seis anos e, há dois, assinou uma declaração de união estável. “Os familiares disseram que eles discutiam muito, mas nada sem muita violência. Porém, no último dia 11 de setembro, a Edivânia tinha registrado uma ocorrência de violência doméstica contra o marido na delegacia de Anápolis. Apesar disso, ela continuou vivendo com ele e, infelizmente, tudo terminou dessa forma”, disse o delegado.

Saionara Rocha – Goiânia

Saionara Santiago, mora por namorado em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Saionara Rocha foi morta no apartamento em que morava, em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

No último dia 3, a jovem Saionara Santiago Rocha, de 24 anos, foi encontrada morta no apartamento em que morava com o namorado, o estudante de direto Pedro Frederico Andrade Salgado, de 23 anos, em Goiânia. O jovem foi preso dois dias depois, quando acionou a polícia dizendo que alguém tinha matado a mulher. No entanto, quando foi interpelado pelos policiais, acabou admitindo ser o autor.

Ao ser apresentado na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), o suspeito confessou o crime e disse que o fez porque ela teria feito “chacota” com ele. Segundo a Polícia Civil, o estudante deu duas facadas no peito da vítima e depois tentou degolá-la, mas quando percebeu que ela já havia morrido, acabou desistindo.

Os dois se conheceram há cerca de um mês, em um bar de Goiânia. A moça, que estava desempregada, havia acabado e chegar do Acre para morar na capital goiana. Há duas semanas, eles começaram a morar juntos. Nesse mesmo espaço de tempo, Saionara presenteou o namorado com a faca usada em sua própria morte.

O estudante já tem passagens por lesão corporal, embriaguez ao volante e dano ao patrimônio. Ele agora será indiciado por homicídio. Se condenado, pode pegar até 30 anos de prisão.

Dayely Fonseca – Goiânia

Rogério matou Dayely e se matou na sequencia em uma casa nos fundos de uma academia em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/Facebook)
Rogério matou Dayely e se matou em seguida, segundo a Polícia Civil (Foto: Reprodução/Facebook)

No último dia 3, a jovem Dayely Fonseca, de 22 anos, e o marido dela, Rogério Ferreira Alves, de 39, foram encontrados mortos em uma casa nos fundos de uma academia, no Setor Jardim Curitiba II, em Goiânia. De acordo com a Polícia Civil, o homem atirou três vezes contra a jovem  e se matou em seguida. A motivação ainda é apurada pela Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH).

Assim como em outros casos, testemunhas disseram que o relacionamento do casal era conturbado. “Eles viviam brigando. O Rogério era muito ciumento e eles discutiam muito, até mesmo na frente dos alunos. Eles moraram juntos, mas romperam várias vezes”, relatou u ex-aluno da academia, que era de propriedade de Rogério.

Na segunda-feira (10), a polícia começou a colher depoimentos sobre a morte do casal. De acordo com os relatos, Dayely e Rogério tinham se afastado, mas estava tentando uma reconciliação quando houve o crime.

O delegado Carlos Caetano Júnior, responsável pelo caso, disse que foram ouvidos conhecidos dos dois, além de um parente de Rogério. “Uma depoente disse que os dois já tinham outros relacionamentos e que isso era público, nenhum dos dois escondia. Porém, queriam reatar”, afirmou ao G1.

Ainda segundo a polícia, três dias antes de ser assassinada, Dayely procurou o 22º Distrito Policial de Goiânia e registrou uma ocorrência contra o marido por ameaça.(fonte:g1/go)

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