Mesmo com autorização para fornecimento, Moradores da invasão na região Sul de Palmas estão sem água e Energia
Tomar banho, lavar roupa ou fazer comida são coisas cotidianas, mas para a garçonete Maria Rosilene Melquiades de Oliveira, 43 anos, só podem ser realizadas em horários específicos. Assim como a barman, outras 400 famílias que residem na invasão na Quadra T-33, no Jardim Taquari, conhecida como Capadócia, também precisam se programar, uma vez que a região é uma área irregular e os moradores dependem de gambiarras para ter acesso à água e energia elétrica.
“A água vem até umas 11 horas e depois só às 20 horas. Então a gente precisa organizar tudo antes de acabar”, relatou Maria Rosilene, que vive em um barracão improvisado com os quatro filhos, dois netos e a nora desde a invasão da área que aconteceu no dia 17 de abril de 2014.
Por ser uma área irregular, de propriedade particular, os moradores não têm fornecimentos de energia elétrica ou água, o que resultou em ligações irregulares, os chamados ‘gatos’, dos dois serviços. Com o desligamento de 473 ligações irregulares de energia por parte da concessionária Energisa, no último dia 8, o morador Francisco da Conceição, 54 anos, morreu após ser eletrocutado no momento em que tentava religar a energia irregularmente.
Após o incidente, moradores protestaram na porta da Prefeitura de Palmas, cobrando soluções para a situação. A moradora da ocupação Alessandra Silva Batista, 39 anos, contou que a gestão municipal, o Estado e o proprietário da área, fizeram uma conjuntura para fornecer os serviços. Eles autorizaram o fornecimento de água e energia elétrica por parte das concessionárias. Mas para que os serviços passes a vigorar na quadra, será necessário a regularização fundiária da área, que abarca diversas etapas burocráticas, indo desde o Município adquirir a área, até o loteamento. Somente após esse processo, a área poderia receber os serviços que faltam atualmente.
Ligação
A Terra Palmas Companhia Imobiliária do Tocantins informou que foi emitida a autorização às empresas Odebrecht Ambiental/Saneatins e Energisa para realizarem ligações de água, esgoto, energia elétrica e iluminação pública da área intitulada Capadócia.
A Energisa informou que aguarda da Prefeitura de Palmas a declaração de regularização fundiária para fins sociais, mapa urbanístico georreferenciado e o alinhamento das ruas para a implantação dos postes no setor para iniciar projeto e obra de extensão da rede elétrica.
A Odebrecht Ambiental /Saneatins informou que recebeu a documentação sobre o acordo para permitir aos moradores o acesso ao serviço de abastecimento de água, mas aguarda o micro parcelamento (loteamento) da área e a demarcação das ruas para atendimento aos moradores.
Em relação ao fornecimento de água, a Prefeitura informou que na semana que vem entregará a documentação necessária.
Capadócia
A área foi invadida no dia 17 de abril de 2014 por cerca de 400 famílias. O local é uma propriedade particular pertencente a José Wanderley Pereira de Lima.