O uso de crianças em atentados suicidas pelo grupo extremista muçulmano africano Boko Haram cresceu ao ponto de um em cada cinco ataques do gênero atualmente serem levados a cabo por perpetradores infantis.
O alerta é da Unicef, agência da ONU para a infância e a adolescência, que publicou nesta terça-feira um estudo sobre o tema.
Há preocupação especial com o uso de meninas: segundo um relatório do órgão, elas são drogadas e usadas em pelo menos três quartos dos ataques cometidos pelo Boko Haram em Camarões, Nigéria e Chade. Desde 2014, o número de ataques pulou de quatro para 44.
A mudança de tática pode ser um reflexo da perda de território do Boko Haram na Nigéria. Há sete anos, o grupo promove uma insurgência no nordeste do país e em países vizinhos que já deixou mais de 17 mil mortos.
Segundo a Unicef, cerca de 1,3 milhão de crianças foi forçada a deixar suas casas por causa do conflito.
O estudo foi divulgado para aproveitar a proximidade do segundo aniversário do rapto de mais de 200 meninas de uma escola na cidade de Chibok por militantes do Boko Haram. Um incidente que despertou comoção mundial e gerou até uma campanha. Mas até hoje nenhuma delas foi encontrada.
Agora, meninos estariam sendo recrutados pelos extremistas e obrigados a atacar suas famílias como forma de demonstrar lealdade.
Meninas são expostas a abusos sexuais e casamentos forçados com militantes. O relatório da Unicef diz que, em Camarões, meninas de oito anos de idade já foram usada em ataques suicidas.
A insurgência do Boko Haram frequentemente teve escolas como alvo, em linha com o significado de seu nome na língua local hausa – “A educação ocidental é proibida”, em tradução livre.
A falta de segurança fez com que mais de 670 mil crianças ficassem sem aulas por mais de um ano. Mas de 1800 escolas permanecem fechadas.
Fundado em 2002, o Boko Haram anunciou no ano passado uma fusão com o grupo extremista muçulmano conhecido como Estado Islâmico.
Fonte:bbc noticias