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Viúva diz que Cléber Santana não ficaria na Chape se estivesse vivo

A um mês de o acidente com o voo da LaMia completar um ano, Rosângela Loureiro conversou com exclusividade com o Esporte ao Minuto e falou sobre a vida da família Santana após a tragédia.

Mas como estão os filhos e a mulher de Cléber Santananesses quase 12 meses após a tragédia? A viúva do jogador, Rosângela Loureiro Santana, conversou com exclusividadecom o Esporte ao Minuto e falou sobre como está “seguindo a vida” com os dois meninos do casal: Aroldo, de 12 anos, e Clebinho, 15.

“Na verdade a gente está seguindo a vida, porque tem que seguir. O Aroldo e o Clebinho estão na escolinha do Sport, onde o pai começou (a carreira). O Clebinho até tem idade para ir para a base, mas como eles nunca tinham feito escolinha, achei melhor colocá-los”, contou Rosângela, que disse não ter sido procurada e nem ajudada pelo Leão da Ilha.

“Eu que procurei (o Sport). Não fui falar com ninguém de dentro do clube. Coloquei os meninos na escolinha como qualquer outra criança. Até porque o que eles tiverem que conquistar, terá que ser por eles, e não pelo pai”, acrescentou a mãe, garantindo que o herdeiro mais novo de Cléber Santana tem um futuro promissor no futebol. 

“O Aroldinho está jogando muito. Eu achava que não ia dar nada, sabe? O Cléber falava sempre que o craque era o Clebinho quando eu escutava eles conversando. Mas eu não entendo nada de bola. Mas sei que pessoas ficam doidas quando veem o Aroldinho jogando. E ele diz que vai ser o orgulho do pai dele. É um menino que tem muita força de vontade”, revelou Rosângela.

E como estão os meninos em relação a saudade do pai?

Estão bem. Mas no Dia das Crianças (12 de outubro) o Aroldinho chorou muito. Ficou vendo postagens dos pais (na internet)… Foi o maior chororô. O Aroldinho é mais sentimental do que o Clebinho. Geralmente as datas comemorativas são as piores. Eles sentem. Mas no dia a dia normal fica tudo bem, graças a Deus. Mas há dias que a crise vem, tanto neles quanto em mim.

Vocês passaram alguma dificuldade após a tragédia?

Graças a Deus não. O Cléber era muito centrado. Quando começamos (a namorar), desde menininhos, ele já pensava em guardar para o futuro. Aconteceu isso (a tragédia), mas ele deixou a gente bem estabilizado. Não precisei mudar a rotina dos meus filhos. Como ele já estava no final de carreira, ele deixou a minha e a família da mãe dele bem tranquilas. Mas não foi assim com os (jogadores) que estavam começando. Tem gente que está passando necessidade. Mas graças a Deus a gente está tranquilo.

E a Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo da Chapecoense?

A associação está ajudando com algumas coisas, como a pagar a escola das crianças. Eles pagam um valor de 600 reais por criança. Querendo ou não já ajuda.

Rosângela também falou sobre a atual gestão da Chapecoense, que é acusada por familiares das vítimas, como por exemplo o filho do treinador Caio Júnior, de não ter dado o suporte prometido – incluindo financeiro – aos que sofreram o luto da tragédia.

“Eu dispenso falar do clube porque o clube não acrescentou nada na minha vida. Não mudou nada para mim. Quando aconteceu a tragédia, prometeram coisas que não cumpriram, como já falei em outras entrevistas. Estou correndo atrás dos meus direitos, assim como as outras esposas. Inclusive eu ainda não entrei na Justiça (contra a Chapecoense).

Mas a senhora vai acionar o clube na Justiça, certo?

Com certeza absoluta. Impossível eu não entrar.

Algum jogador procurou vocês para oferecer algum tipo de ajuda após a tragédia?

Ninguém nos procurou. Mas teve uma pessoa que nos ajudou muito, o Fabiano Porto, um amigo meu e do Cléber, advogado de Chapecó. Ele ajudou a todo momento e não cobrou um real. Ajudou outras esposas também, sem custo nenhum. Eu o considero como um pai.

Sobre a personalidade do Cléber, o que você poderia dizer?

Honestidade acima de tudo. Ele tinha um caráter enorme. Se o Cléber estivesse aqui, ele jamais teria ficado no clube (Chapecoense), com tudo o que vi acontecer, com as coisas que as pessoas fizeram com a gente (familiares). Pela pessoa que eu conheci, ele não ia aceitar essa situação.

Então se o Cleber não tivesse sido vítima da tragédia, ele deixaria a Chapecoense?

Ele não ficaria. Ele não iria aguentar ver as coisas que aconteceram com as esposas.

O Cléber era um “homem família”?

Ele era um marido exemplar, um pai carinhoso, brincalhão. Era muito amigo dos filhos. Era o marido mais carinhoso do mundo. Tem horas que fico olhando o Instagram dele, fico vendo as postagens, todo dia ele dizia “te amo hoje, amanhã e sempre”. Parecia que adivinhava que um dia não estaria aqui.

Quanto tempo vocês estiveram juntos?

Iríamos fazer 18 anos juntos no dia 18 de maio deste ano. E no dia 20 de dezembro do ano passado, a gente faria 15 anos de casados. Eu comecei a namorar com o Cléber quando tinha 14 anos. Casei com 17, quando ele foi para o Vitória da Bahia. Ele queria me levar com ele, mas o meu pai só deixava eu sair de casa casada (risos). Aí pronto. Foi isso.

Muita saudade?

Estamos seguindo a vida, estou tranquila com os meus filhos, até porque temos que seguir a vida. Só fica a saudade, que faz parte. Mas fazer o que, né? Tem que aprender a viver com a saudade. E hoje eu digo que poucas coisas me abalam na vida depois disso. Parece que eu não tenho mais medo de nada. Tudo é besteira, coisas “graves” para mim são besteiras. Na verdade a única coisa que eu tenho medo hoje é de morrer para não deixar meus filhos sozinhos. Eles já não têm o pai.

ELEMBRE O ACIDENTE

O acidente com o voo LaMia 2933 aconteceu na noite do dia 28 de novembro de 2016. A aeronave transportava a delegação da Chapecoense para Medellín, onde a equipe brasileira disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. O avião, que saiu do Aeroporto Internacional Viru Viru de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, caiu na região montanhosa de Cerro Gordo, na região de Antioquia (Colômbia).

Das 77 pessoas que estavam a bordo, 71 morreram, entre elas o piloto e comandante e outros 6 tripulantes. As outras vítimas foram: 19 jogadores da Chapecoense; 14 integrantes da Comissão Técnica; 9 dirigentes; 20 jornalistas e mais duas pessoas que viajavam como convidadas do clube.

Seis pessoas sobreviveram à queda: o goleiro Jackson Follmann, que teve uma das pernas amputada, e zagueiro Neto, o lateral Alan Ruschel, o radialista Rafael Henzel e dois tripulantes.

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