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Quadrilha de tráfico internacional alvo da PF suspeitava que estava sendo monitorada

Informação aparece em relatório da Polícia Federal sobre o inquérito. Eles teriam mudado o sistema de comunicação e comprado telefones criptografados após as primeiras suspeitas.

A quadrilha internacional de tráfico de drogas alvo da operação Flak, da Polícia Federal, desconfiava que estava sendo monitorada. A informação aparece em relatórios que a PF produziu sobre o inquérito.

Os suspeitos chegaram a mudar o sistema de comunicação e comprar aparelhos de celular criptografados ao perceber que podem estar sendo ouvidos.

Em uma conversas de setembro de 2017 o suposto chefe da quadrilha, João Soares Rocha, e o brasileiro Raimundo Prado Silva conversaram sobre a apreensão de um avião na Guiana.

Segundo o relatório da PF, “ambos demonstraram preocupação com a apreensão, temendo que as investidas policiais pudessem atrapalhar a continuidade das suas operações de transporte”.

Ainda de acordo com o mesmo documento, Rocha estava ainda mais alarmado porque alguns dias antes, em agosto, a Polícia Civil do Tocantins havia realizado uma operação na pista usada pelo grupo em Porto Nacional.

O relatória destaca que os fatos ocorreram na mesma época por coincidência, mas que “equivocadamente JOÃO ROCHA relacionou as ações da Polícia Civil com as ações da polícia guianesa”.

 

Um mês após a primeira conversa, João Soares Rocha e Raimundo Prado Silva voltaram a se comunicar e discutiram formas de melhorar a segurança. Por mensagens, eles acertaram a compra de aparelhos de celular criptografados na Europa.

JOÃOMeu aparelho ta muito velho
JOÃOApaga e não liga
RAIMUNDOO senhor e meu pastor e nada me faltara
JOÃOVe Se consegue um bom ai pra mim
RAIMUNDOVou mandar um pra voce
JOÃODaqueles caros
JOÃOEsse aqui ja era
RAIMUNDOAqui tem uns criptografado
RAIMUNDOEh 1800 euro mais eh seguro
RAIMUNDOVou mandar um desse normal e fazer um pedido desses criptografado

Pelo câmbio atual, o aparelho custa mais de R$ 7,6 mil. Por algum tempo, o grupo seguiu se comunicando normalmente, mas no fim de 2018 eles voltaram a perceber indícios de que poderiam ser alvo de escutas.

Submarino foi apreendido no Suriname — Foto: Divulgação/PF

A inteligência da Polícia Federal acredita que Raimundo Prado teve acesso a informações sigilosas da operação. Em dezembro de 2018 os suspeitos pararam de utilizar o aplicativo BlackBerry Messenger, que era até então o principal meio de troca de mensagens dos envolvidos.

No relatório, a PF disse que Raimundo Prado obteve informações sobre atividades policiais em pelo menos dois países e “enviou diversas mensagens dando detalhes das diligências ocorridas, tanto no Suriname quanto no Brasil, algumas corretas outras baseadas em suposições.” A Polícia diz ainda que “após o ocorrido o grupo aumentou consideravelmente o nível de alerta e modificou os seus canais de comunicação”.

A operação

O grupo foi desarticulado na última quinta-feira (21). Segundo a investigação, a quadrilha transportou pelo menos 9 toneladas de cocaína entre 2017 e 2018, em 23 voos que carregavam 400 kg da droga, em média, cada um. A PF informou que o grupo tinha ligação com facções criminosas do Brasil e prestava serviços para traficantes daqui e do exterior.

Os agentes da Polícia Federal receberam as primeiras denúncias sobre o narcotráfico, com atuação no Tocantins, em junho de 2016. A polícia acredita que a quadrilha atua há pelo menos 20 anos.

Até um submarino foi utilizado nas atividades do grupo. Ele foi apreendido em fevereiro de 2018 no Suriname. Os aviões utilizados também foram adulterados e eram adaptados para abastecer enquanto voavam. O objetivo era aumentar a autonomia dos aparelhos.

As investigações indicam que a rota do transporte de drogas passava pelos países produtores (Colômbia, Bolívia), países intermediários (Venezuela, Honduras, Suriname e Guatemala) e países destinatários (Brasil, Estados Unidos e União Europeia).

PF realiza operação contra o tráfico internacional de drogas — Foto: Divulgação

O outro lado

A defesa de João Soares Rocha informou que só teve acesso ao inquérito na ultima sexta-feira e que está analisando a melhor estratégia para pedir a revogação da prisão dele. Ainda segundo o advogado, Rocha continua na Casa de Prisão Provisória de Palmas em uma cela comum.

Raimundo Prado ainda não foi localizado pela Polícia Federal. O nome dele foi colocado na lista de foragidos da Interpol pela Justiça Federal do Tocantins.

G1 Tocantins.

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