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Polícia conclui investigações e indicia ex-juiz eleitoral e irmãos de deputado no escândalo do lixo

Investigação começou após fiscais da prefeitura de Araguaína encontrarem toneladas de lixo em galpão da família Olinto. Ao todo, seis pessoas e quatro empresas foram indiciadas por vários crimes.

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o escândalo do lixo hospitalar encontrado em um galpão do distrito agroindustrial de Araguaína e em uma fazenda ligada à família do deputado estadual Olyntho Neto (MDB). O relatório da operação Expurgo aponta detalhes da participação do ex-juiz eleitoral e advogado João Olinto Garcia, e do filho dele, Luiz Olinto. Ao todo, seis pessoas e quatro empresas foram indiciadas.
Segundo a polícia, os documentos apreendidos mostram que Luiz Olinto era peça-chave do esquema. Era ele o responsável pela gestão financeira da Sancil Sanantonio, contratada pelo estado para recolher o lixo de 13 hospitais, e outras empresas ligadas à família e ao suposto esquema.
O ex-juiz eleitoral João Olinto aparece como secretário nas assembleias da empresa Agromaster, dona do galpão onde foram encontradas toneladas de lixo armazenadas de maneira irregular.
“Enquanto o João Olinto exercia a parte de tomadas de decisões, o Luiz Olinto era responsável pelo núcleo financeiro, por assim dizer”, explicou o delegado Romeu Fernandes.
Em um vídeo feito por fiscais da prefeitura, o ex-juiz eleitoral aparece tentando impedir a fiscalização do galpão. Ele e o filho, Luiz Olinto, chegaram a ser presos, mas conseguiram sair da cadeia para responder ao processo em liberdade.

O relatório da polícia traz o nome de um novo suspeito: José Hamilton de Almeida. Ele seria eletricista no hotel da família Olinto, mas aparece como diretor da empresa Agromaster. Além dele, foram indiciadas Valdirene de Sousa Martins e Ludmila Andrade de Paula, que também seriam laranjas do esquema.
Outro indiciado foi Rodolfo Olinto Rotoli Garcia de Oliveira. Irmão de Luiz Olinto, ele vai responder por falsidade ideológica, devido ter cedido cotas de duas empresas para Valdirene de Sousa Martins e Ludmila Andrade de Paula. Segundo a polícia, essa operação ocorreu de forma fraudulenta.
A polícia deve abrir um novo inquérito para investigar se o deputado Olyntho Neto teve participação no escândalo do lixo. “Por ele possuir o foro por prerrogativa de função, deverá ser feita uma comunicação formal ao Tribunal de Justiça quanto a instauração desse inquérito em relação a ele”, explicou o delegado.

Os indiciados vão responder pelos seguintes crimes:

João Olinto Garcia de Oliveira: manipulação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte e destinação irregular de resíduos perigosos; prestar serviço potencialmente poluidor, contrariando as normas legais; associação criminosa e falsidade ideológica.
Luiz Olinto Rotoli Garcia de Oliveira: manipulação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte e destinação irregular de resíduos perigosos; prestar serviço potencialmente poluidor, contrariando as normas legais; Cortar madeira de lei de forma irregular; associação criminosa, falsidade ideológica e fraude processual.
Rodolfo Olinto Rotoli Garcia de Oliveira: falsidade ideológica.
Ludmila Andrade de Paula: manipulação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte e destinação irregular de resíduos perigosos; prestar serviço potencialmente poluidor, contrariando as normas legais; cortar madeira de lei de forma irregular; associação criminosa, falsidade ideológica e fraude processual.
Waldireny de Sousa Martins: falsidade ideológica.
José Hamilton de Almeida: falsidade ideológica.
Agromaster: manipulação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte e destinação irregular de resíduos perigosos; prestar serviço potencialmente poluidor, contrariando as normas legais.
Sancil Sanantônio: manipulação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte e destinação irregular de resíduos perigosos; prestar serviço potencialmente poluidor, contrariando as normas legais.
Teruak Bioenergia: manipulação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte e destinação irregular de resíduos perigosos.
Pronorte Empreendimentos Rurais: cortar madeira de lei de forma irregular; manipulação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte e destinação irregular de resíduos perigosos.

Outro lado

O advogado, Antônio Ianowich, responsável pela defesa de João Olinto, Luiz Olinto, Rodolfo Olinto, Ludmila Andrade e da empresa Sancil Sanantônio informou que a defesa ainda vai tomar ciência do inquérito e do relatório para se manifestar, em momento oportuno, nos altos do processo.
O site ainda tenta contato com os demais citados nesta reportagem.

Entenda

Em novembro de 2018, toneladas de lixo foram encontradas no galpão. Parte do material recolhido dos hospitais públicos também foi encontrada em uma fazenda da família Olinto.
Mesmo todos os suspeitos vivendo em Araguaína, o Instituto Natureza do Tocantins afirmou que ainda não conseguiu notificar os responsáveis pelas empresas sobre os crimes ambientais. O lixo do galpão foi recolhido e descartado de forma correta pela Prefeitura de Araguaína, mas os resíduos encontrados na fazenda continuam no local.
Em dezembro, a Prefeitura de Araguaína informou que vai multar duas empresas envolvidas no escândalo do lixo hospitalar em R$ 22 milhões. A Agromaster S/A, que é dona do galpão onde toneladas de lixo foram encontradas, vai receber multa de R$ 10 milhões e a Sancil Sanantônio, que responde pelo recolhimento do material, de R$ 12 milhões.
Depois do escândalo, o governo do estado cancelou o contrato para coleta de lixo hospitalar com a empresa Sancil.

G1 Tocantins.

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