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Novo aeroporto de Goiânia deve ser inaugurado com presença de Dilma

Iniciada em 2005, obra teve custo de R$ 467,4 milhões, diz Infraero.
Apesar da cerimônia nesta segunda, operação só começa no próximo dia 21

O novo terminal do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, deve ser inaugurado na tarde desta segunda-feira (7). A previsão é que a presidente Dilma Rousseff (PT) compareça à cerimônia, segundo informou a assessoria de imprensa da Presidência da República. No entanto, as operações aéreas só começam no próximo dia 21, de acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).

As obras, que tiveram início em 2005 e foram citadas na Operação Lava Jato por suspeita de recebimento de propina, custaram R$ 467,4 milhões, segundo a Infraero. O órgão destacou que o terminal já vai operar em toda a sua capacidade.

No total, o terminal tem dois andares, com 34,1 mil metros quadrados, quatro pontes de embarque, 23 balcões de check-in, 11 elevadores, quatro escadas rolantes, além de três esteiras de restituição de bagagem e sete canais de inspeção, com raio-x e detectores de metais.

As instalações também contam com redes externas de pista de taxiamento e do pátio de aeronaves, vias de serviço internas, acesso viário, estacionamento de automóveis com 971 vagas.

A Infraero destacou ao G1 que, com essa estrutura, o novo terminal tem capacidade para receber até 6,3 milhões de passageiros por ano, contra os 3,31 milhões de viajantes atendidos no Santa Genoveva, no ano passado.

A estatal ressaltou que, a partir do início das operações do novo terminal, os voos comerciais não serão mais recebidos no antigo. “Ainda estamos analisando o futuro das instalações atuais. Não haverá interligação entre os dois prédios e o acesso a eles poderá ser feito pelas vias urbanas regulares”, disse a Infraero.

Atrasos nas obras
Segundo a Infraero, a Odebrechet venceu a licitação e, em 2005, começou as obras de reforma e ampliação do Aeroporto Santa Genoveva. No entanto, elas foram paralisadas seis meses depois por falta de repasses de recursos federais.

Em 2006, o TCU apontou superfaturamento nos preços praticados. Em 2007, as empreiteiras responsáveis pelo consórcio suspenderam as atividades de reforma do Aeroporto Santa Genoveva. No ano seguinte, a Infraero rescindiu o contrato.

Enquanto a obra do novo terminal não avançava, a Infraero entregou uma nova sala de embarque no Santa Genoveva, em outubro de 2011. Chamada oficialmente de Módulo Operacional Provisório (MOP), a ala ganhou o apelido de “puxadinho”.

Em dezembro de 2011, a Infraero, o Governo de Goiás e os representantes do consórcio responsável pela obra do novo terminal assinaram um acordo para garantir a conclusão do novo terminal. Mas em junho de 2012, uma vistoria do TCU constatou que o projeto original ficou ultrapassado e precisou ser modificado.

A Infraero ressaltou que a obra do aeroporto foi retomada em setembro de 2013, após consulta realizada ao Tribunal de Contas da União (TCU). “A retomada dessa obra foi marcada pela transparência e pelo estrito cumprimento das leis”, garantiu o órgão.

Em fevereiro de 2014, no entanto, a obra voltou a ser paralisada, desta vez por uma greve dos operários. Eles reivindicaram melhores salários e condições de trabalho, como a alimentação fornecida no canteiro de obras e um melhor alojamento àqueles que vieram de outros estados. Após negociação, os trabalhos foram retomados.

Obras do novo terminal começaram em 2005 e tiveram várias interrupções  (Foto: Luísa Gomes/G1)
Obras do novo terminal começaram em 2005 e tiveram várias interrupções (Foto: Luísa Gomes/G1)

Depois, houve nova alteração no cronograma devido ao pedido do Tribunal de Contas da União para análise dos projetos relativos à parte de infraestrutura entre fevereiro e novembro de 2014.

Em março do ano passado, a presidente Dilma afirmou durante um evento, em Goiânia, que as obras do novo aeroporto seriam finalizadas até novembro de 2015. Na época, o diretor de Infraestrutura da Infraero, José Eduardo Bernati, reafirmou a previsão da presidente e disse que a inauguração deveria ocorrer mesmo que os trabalhos não estivessem 100% concluídos.

Essa previsão não se realizou e, em janeiro deste ano, a Infraero informou, em nota enviada ao G1, que  o terminal só devia começar a funcionar em abril de 2016, conforme estabelecido inicialmente no contrato.

Na ocasião, a Infraero explicou que “as obras de infraestrutura, que permitiriam que o novo terminal estivesse em pleno funcionamento em novembro de 2015, tiveram seu planejamento revisto em funções de alterações ocorridas no escopo original do projeto e a revisões que foram realizadas no orçamento de investimentos”.

Apesar de mais essa previsão, o início das operações só deve ocorrer no próximo dia 21.

Área comercial
Em outubro do ano passado, foi anunciado que apenas uma empresa vai gerenciar a área comercial do aeroporto. Essa será a primeira vez que as lojas de um terminal gerido pela Infraero serão passadas à iniciativa privada em uma única licitação. Segundo o órgão, o objetivo é melhorar a qualidade dos serviços oferecidos.

A vencedora da licitação foi a empresa Socicam Administração, Projetos e Representações Ltda, que tem sede em Campinas (SP), e que terá a concessão pelo prazo de 11 anos. A empresa, que já atua em quatro aeroportos e mais de 40 terminais rodoviários no país, ofertou um valor mensal três vezes maior do que a única concorrente.

De acordo com o edital de homologação, publicado no dia 19 de janeiro, o preço fixo inicial da licitação foi de R$ 1 milhão. Além disso, a Socicam ofereceu o valor mínimo mensal de R$ 755 mil e 50% do faturamento bruto mensal.

Já a concorrente, a Terral Participações e Empreendimentos Ltda, ofertou R$ 250 mil, mais 50% do faturamento bruto mensal. O valor global estimado pela Infraero, pelos 11 anos de concessão, é de R$ 97,6 milhões.

Obra do novo terminal do aeroporto de Goiânia Goiás (Foto: Luísa Gomes/G1)
Infraero diz que terminal terá capacidade para receber 6,3 milhões de passageiros (Foto: Luísa Gomes/G1)

Lava Jato
Em março deste ano, as obras do aerporto foram citadas na Operação Lava Jato por suspeita de recebimento de propina. Segundo o Ministério Publico Federal (MPF), o policial militar Sérgio Rodrigues de Souza Vaz recebeu propina de Ricardo Ferraz, diretor do contrato da Odebrecht Infraestrutura, para a construção.

O policial militar era lotado no Batalhão Rodoviário, mas, conforme apuração do G1, estava a serviço da Agência Goiana de Transportes e Obras de Goiás (Agetop). O agente foi morto ao tentar impedir um assalto a uma pamonharia, no dia 31 de janeiro de 2016, em Anápolis, a 55 km de Goiânia.

A propina que teria sido recebida pelo PM consta em uma planilha encontrada com o diretor da Odebrecht, segundo despacho do juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato no Paraná. Sérgio Vaz foi citado na planilha como sendo a pessoa chamada pela construtora pelo codinome de “Padeiro”.

De acordo com as investigações, Vaz recebeu, no dia 22 de outubro de 2014, a quantia de R$ 1 milhão, em espécie. Essa entrega, feita a mando de Ricardo Ferraz, ocorreu em um apartamento de propriedade do presidente da Agetop, Jayme Rincón, que fica em São Paulo.

A planilha divulgada pelo MPF também apontou uma pessoa, ainda não identificada, de condinome “Comprido”, que teria recebido R$ 400 mil de propina relacionada às obras do Aeroporto Santa Genoveva.

Obra do novo terminal do aeroporto de Goiânia Goiás (Foto: Luísa Gomes/G1)
Interior do novo terminal do aeroporto durante vistoria em abril de 2015 (Foto: Luísa Gomes/G1)

Por conta disso, policiais federais cumpriram, no último dia 22 de março, durante a deflagração da 26ª fase da Lava Jato, um mandado de busca e apreensão no imóvel de Jayme Rincón, presidente da Agetop.

Na ocasião, a Infraero ressaltou que, em função das informações divulgadas pelo MPF, “adotará medidas no sentido de obter, junto à força-tarefa, os dados necessários à apuração de eventual responsabilidade de agentes públicos do quadro da empresa por ventura envolvidos nos fatos noticiados”.

Já a Agetop informou, na ocasião, que o presidente do órgão, Jayme Rincón, desconhecia “as ações das investigações em curso”. O órgão destacou, ainda, que “não tem nenhuma ligação com o Aeroporto de Goiânia” e que a “empresa Odebrecht não possui e nunca possuiu contrato com a Agetop em seus 16 anos de criação”.

No último sábado (7), o G1 tentou contato com Jayme Rincón, mas as ligações não foram atendidas.

A Polícia Militar de Goiás também foi procurada, na época da denúncia, e disse que ainda não tinha sido notificada sobre o caso. O órgão também não repassou informações sobre o tempo pelo qual Sérgio Vaz prestou serviços à Agetop.

Em nota, divulgada em março, a Odebrecht confirmou que a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão em escritórios e residências de integrantes em algumas cidades no Brasil. “A empresa tem prestado todo o auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos necessários”, destacou o texto.

Também questionada pelo G1 sobre a ligação de Ricardo Ferraz com a empresa e as denúncias envolvendo as obras do novo aeroporto de Goiânia, a Odebrecht disse, também em nota, que “a empresa não se manifestará sobre o tema”.(fonte:g1/go)

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