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Mulheres em tratamento contra o câncer encontram maneiras de resgate à autoestima

Elas falam sobre os desafios de manter a autoestima e a vaidade enquanto enfrentam as adversidades da doença

O susto, o medo e a revolta. Depois a recuperação. Se a condição humana não contasse com a capacidade de seguir em frente, talvez não florescessem histórias de quem, mesmo ante a difícil revelação de uma doença como o câncer, descobre ser possível tentar outra vez e até se reinventar em prol da vida.

Apenas em 2016, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que 57.960 brasileiras vivam ou já estejam vivendo esse turbilhão de sentimentos. Descobrirão que têm o tipo mais comum de câncer, que acomete 25% dos casos entres mulheres no País, o de mama. Como muitas, viverão incertezas. Mas como tantas, lutarão para vencê-las.

“Há um momento em que você realmente pensa que vai acabar. É o estigma da doença. No outro encara a chance de repensar muita coisa na vida. Eu escolhi não me deixar abater”, diz a cirurgiã-dentista Poliana Garcia, 44 anos, que descobriu um nódulo ao fazer um autoexame e em seguida teve confirmado o diagnóstico de câncer de mama.

Entre o difícil período da confirmação e a resolução de manter absolutamente a mesma rotina, descontado apenas o tempo do tratamento, Poliana temeu por um dos efeitos que mais afetam as mulheres na mesma condição: a vaidade. “Não queria perder o cabelo de jeito nenhum. Sempre fui vaidosa. Tive medo até de perder pacientes”, relata.

Para quem está de fora, a preocupação pode até parecer fútil, mas sem dúvida é a tênue linha entre a vontade de se tratar e a desistência. “Muitas querem desistir da quimioterapia por conta do cabelo”, exemplifica a psicóloga Kelly Seixas, que acompanha diagnosticadas em dois centros de tratamento em Goiânia.

O temor pelas alterações na aparência, e a consequente interferência na luta contra a doença, é tão significativo, que é preciso, explica a psicóloga, construir um verdadeiro trabalho de aceitação sobre o tratamento. “Devido ao impacto e a dificuldade em lidar com a doença, torna-se um trabalho de suporte emocional mesmo”, sublinha.

De acordo com Kelly, as reações à doença e ao tratamento são tão distintas quanto são as repostas do organismo aos medicamentos. Muitos fatores do estágio de vida da mulher também influenciam, explica a especialista, da idade, passando pela maternidade, a relacionamentos pessoais.

“É comum que as que trabalham fora de casa, por exemplo, se preocupem com a reação de colegas, com o trabalho. Será que vai voltar a trabalhar logo? Que impacto terá a queda de cabelo? E se houver retirada da mama, o que vão pensar?”, enumera.

Para a dentista Poliana, cuja história abre esta reportagem, o temor de perder pacientes teve a ver com o medo de aparentar fragilidade. “Pensei que meus pacientes poderiam ficar inseguros, por achar que não estaria apta a continuar o trabalho”, relembra.

No início da quimioterapia, concluída há pouco, ela chegou a experimentar, em São Paulo, um tratamento novo. “Preserva a queda do cabelo, mas foi tão dolorido, que optei mesmo pelo tratamento tradicional”, relata.

Como não foi possível deter a queda dos pelos, Poliana – casada há 15 anos e mãe de uma menina de 10 anos e um garoto de 7 – então optou por adotar a peruca até que os fios voltem a nascer. A dentista acaba de iniciar a radioterapia e os cuidados consigo mesma continuam a dar força.

Após retirar o tecido mamário, ela implantou próteses de silicone. Semanalmente, faz exercícios físicos para manter a forma e todos os dias, antes de trabalhar, como sempre fez, mantém o esmero com roupas, saltos altos que gosta de usar e a maquiagem. “É minha maneira de mostrar que continuo em frente.”(fonte:o popular)

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